Luanda – Fundado há 47 anos (1977), o Conselho das Igrejas Cristãs em Angola (CICA) tem sido, ao longo dos tempos, uma organização virada para a promoção de uma cultura da paz e da consolidação da reconciliação nacional.
.Por António Neto e Mateus Sorte, Jornalistas da ANGOP
A plataforma, que congrega, actualmente, cerca de 20 denominações religiosas e instituições de carácter social, ressalta os esforços do Governo na preservação das conquistas alcançadas, até agora.
Entre tais conquistas, destaque vai para a paz, a liberdade religiosa e todas as reformas em curso que constituem, na óptica do CICA, “a esperança para os angolanos”.
Em entrevista à ANGOP, em alusão ao 04 de Abril, Dia da Paz, a secretária-geral do CICA, Deolinda Dorcas Teca, sublinhou que a sua organização “sempre trabalhou pela paz”.
Segundo a líder religiosa, esta foi a razão que levou à criação, em 1988, do Departamento de Evangelismo, Reconciliação e Paz em Angola.
Eis a entrevista na íntegra:
ANGOP - Dez anos de consulado e também as comemorações do 04 de Abril, Dia da Paz. O que importa reflectir nessa data tão importante para os angolanos?
Deolinda Teca (DT) – São 10 anos de consulado nesta instituição ecuménica, uma instituição que muito trabalhou pela paz em Angola. Já desde a sua criação, aliás, surgimos por isso, foi praticamente, em 1977, quando as igrejas se reuniram para pensar na unidade como resposta aos desafios que, naquela altura, já se apresentavam. Para nós, a paz foi sempre fundamental e devia ser vivida por todos os angolanos.
São 22 anos de paz e do calar das armas, precisamos agora trabalhar para a paz social. Com esta tranquilidade comparativamente aos outros países, como a República Democrática do Congo, o Sudão, a Ucrânia e tantos outros, podemos afirmar que estamos em paz com o silêncio das armas.
Agora, é necessário trabalhar fortemente para a paz social, uma acção que deve envolver a todos, não apenas uma instituição.
Os momentos de terror obrigaram à saída do país de muitos homens, mulheres e crianças à procura de zonas de maior segurança. Precisamos de trabalhar para manter este bem precioso alcançado com grande sacrifício.
ANGOP – Como o CICA actuou durante esse tempo em Angola?
DT – Durante esse período, o Conselho das Igrejas Cristãs em Angola lançou mensagens pastorais com ênfase no perdão, na reconciliação e na unidade nacional. Criou-se até grupos corais que tinham nas suas canções a mensagem da paz e da unidade nacional, tudo isso graças à dedicação e ao empenho da liderança religiosa do CICA, que também trabalhou em estreita colaboração com a CEAST (Conferência Episcopal de Angola e São Tomé e Príncipe).
Esta colaboração culminou com a criação do Comité Intereclesial para Paz (COIEPA), que foi liderado pelo reverendo Ntoni Nzinga. Tivemos um programa de paz e reconciliação nacional, patrocinado pela Cristandade, pela ajuda da igreja norueguesa e pela comunidade Menonita, no qual produzimos manuais sobre a resolução de conflitos, demos vários seminários, em várias províncias e aldeias, onde o assunto sempre foi paz, perdão e reconciliação nacional.
ANGOP - Tendo em conta essa caminhada, o que dizer então sobre o patriotismo?
DT – A pátria é nossa, o país é nosso, deve ser realmente visualizado e desenvolvido por nós como angolanos. Quando vou para os Estados Unidos da América, vejo sempre a bandeira deles erguida quase que em todas as casas, símbolo de respeito e amor à pátria. Essa prática é essencial para mantermos o respeito e dar o devido tributo à nação.
É necessário que os angolanos olhem para o país como nosso espaço, onde cada um deve fazer o possível para contribuir com a colocação de um tijolo, um bloco para que se desenvolva. Temos recursos humanos, recursos naturais e recursos financeiros, capazes de levar o país ao desenvolvimento, mas é preciso a união entre as pessoas.
O importante é reconhecer as capacidades que cada um de nós tem, o talento e o dom, seja de que organização, instituição, partido ou igreja for, o importante é olharmos para Angola como nosso património indiscutível.
ANGOP - Temos as famílias e as igrejas. Que papel cada um desses órgãos deve desempenhar para a preservação da paz e da reconciliação?
DT – Para nós, enquanto igreja, ainda precisamos de continuar a pregar a paz, porque, quando olhamos em Mateus, capítulo 05, versículo 09, está muito bem dito aí: “Bem-aventurados aqueles que promovem a paz, porque herdarão o reino de Deus”.
Então, a promoção da paz deve partir da família, é necessário que esta franja da sociedade desenvolva a cultura do diálogo, a planificação conjunta enquanto membros de uma só família, de um só lar, é importante que as igrejas revisitem a sua verdadeira missão, virada para a pregação do evangelho, o evangelho da paz.
Esse evangelho traz consigo ingredientes multifacéticos, mas é importante que cada um de nós olhe para o que nos une e não para aquilo que nos divide, mesmo dentro de cada denominação religiosa.
Para nós, a paz deve começar com a família, cada igreja deve ter um programa sobre educação para a paz dentro da família.
ANGOP - Nesse contexto, ainda sobre a paz, quais são os ganhos que aqui podem ser apontados?
DT – Os ganhos são vários, o calar das armas já é um ganho. Segundo, vemos hoje um programa muito bom e que cada um devia abraçar, o projecto “Abraçar e Perdoar”, pois (estar) divididos e confusos não nos leva ao desenvolvimento.
Terceiro, gostaria de olhar para as grandes infra-estruturas que o país tem ganhado, como a inauguração recentemente do grande aeroporto, em Luanda, instituições do Estado prestadoras de serviços públicos, como escolas e hospitais, bem como a construção de estradas e pontes.
Nós, enquanto igreja, temos a possibilidade de desempenharmos o nosso papel evangelístico na busca de almas para Cristo, como também contribuir na promoção dos valores éticos e morais da sociedade. Temos ainda muito que fazer, além da construção dessas estruturas. Precisamos agora olhar com muita seriedade para a questão dos recursos humanos, pessoas que realmente terão a responsabilidade de trabalhar e olhar para o próximo como a si mesmo, olhando para a questões ligadas também à deontologia profissional, aspectos que realmente nos faltam.
ANGOP – Quanto às questões sociais, reverenda, como é que podemos ver esses ganhos?
DT – Nós, na verdade, estamos com problemas económicos e o nível de carência alimentar está, praticamente, à vista por causa do aumento do preço da cesta básica, mas, ainda assim, é preciso reconhecer que há todo um esforço que está a ser feito no sentido de reverter essa situação.
Como poderemos reverter essa situação?
DT – Se apostarmos realmente na agricultura familiar, ligada à indústria e criarmos fábricas transformadoras dos produtos saídos do campo, mediante a partilha de conhecimento com países já industrializados, em cinco ou 10 anos poderemos ter uma nação diferente.
É importante compreendermos a situação e olharmos para os verdadeiros parceiros que nos ajudarão a desenvolver o país, olharmos também para a juventude que, neste momento, há um número elevado sem emprego, continuarmos a trabalhar na educação e formação do jovem e da mulher.
Neste caso, quero encorajar o Governo angolano a estreitar cada vez mais a parceria com os países com um certo nível de instrução, bem como um quadro educacional forte e especializado.
ANGOP - A reverenda falou da criação do Conselho das Igrejas Cristãs com o objectivo de disseminar informações sobre a preservação da paz. Onde é que a reverenda se encontrava nesta altura?
DT – Em 1977, quando o CICA foi criado, na altura estava na província do Uíge. Em 1982, parti para o seminário Emanuel, no Huambo, para a formação pastoral, mas antes de ter partido para o Huambo, ainda muito nova, já fazia parte de alguns encontros ligados à Comissão Ecuménica de Cooperação do Uíge, porque muito cedo o CICA criou as Comissões Ecuménicas de Cooperação.
Todo o programa desenhado a nível nacional era implementado também a nível de todas as províncias, eu com os meus 16 ou 17 anos, já fazia parte deste movimento.
ANGOP – Lembra-se mais ou menos daquilo que era abordado a nível das comunidades?
DT – Um dos primeiros aspectos era a questão da unidade. Então, o primeiro objectivo do CICA era promover a unidade da igreja em Angola e, em segundo, servir de ligação entre as igrejas e o Estado angolano. É nessa questão que os problemas sociais eram apresentados às instituições do Estado, através do diálogo com as organizações religiosas, bem como ao contrário através das mensagens pastorais.
Nós servimos e continuamos a servir de elemento de ligação entre povo e o Estado.
ANGOP - Faz parte dessa nata já desde o princípio. Hoje nas vestes de líder do CICA, como é que vê o trabalho desenvolvido?
DT – Considero como positivo, pois os meus antecessores muito já fizeram em prol da preservação da cultura da paz, do diálogo e da reconciliação, a exemplo do reverendo Ntoni Nzinga, o primeiro secretário-geral do CICA. Seguiu-se o reverendo José Chipenda, em memória; o reverendo Augusto Chipesse, que organizou o Encontro dos Líderes Religiosos, falando sobre os assuntos da paz, da reconciliação nacional e do trabalho da igreja, enquanto voz profética neste país.
Depois dele veio o bispo Gaspar João Domingos, que apenas ficou cerca de um ano, mas que foi director do Departamento de Evangelismo, Reconciliação e Cooperação. Eu substituí-o neste departamento, em 1999, quando entro depois de ter terminado a minha formação em teologia, na República Democrática do Congo (RDC).
O CICA sempre esteve preocupado com a questão de gestão e resolução de conflitos. Por isso, enviaram-me para o Instituto Pan-africano na Zâmbia, onde frequentei uma formação durante um ano, tendo regressado a Angola para dar continuidade ao trabalho de paz e reconciliação nacional.
Foi assim que depois elaboramos um manual de paz e reconciliação nacional com a ajuda da DW e também da comunidade Menonita dos Estados Unidos da América.
ANGOP - Nesse manual, quais são os pontos fundamentais?
DT – Foi um trabalho muito gratificante, o primeiro foi olharmos para as causas do conflito, a raiz de qualquer conflito, não apenas o conflito armado, mas até mesmo o conflito no lar, conflito interpessoal.
Olharmos para as ramificações, pois existem situações que olhamos como causas e na verdade não são.
Há sempre algo mais abaixo, por de trás, nós ajudamos as pessoas a compreenderem os métodos de resolução dos conflitos que é a auscultação, a mediação, a arbitragem e tantos outros aspectos.
ANGOP – Como vê a capacidade de Angola no domínio da resolução de conflitos?
DT – A nível interno precisamos de trabalhar um pouco mais com as comunidades, pois a cultura de fazer a justiça por mãos próprias ainda é muito usual, facto que não dignifica o país.
Precisamos de trabalhar para criação de maior confiança naqueles que nos vêem ajudar, que andem livremente, sem receio ou medo de sofrer alguma coisa.
Em termos de resolução de conflitos, propriamente em África, Angola está a ser praticamente um modelo, se virmos o trabalho desenvolvido pelo Presidente da República, João Manuel Gonçalves Lourenço, sendo o embaixador da resolução dos conflitos na região dos Grandes Lagos, isto é bom, é um ganho e nós gostaríamos realmente que isto acontecesse, aliás é uma vitória para o país que deve ser muito bem preservada e conservada.
ANGOP – Nesta data o que gostaria de dizer ao povo angolano?
DT – A paz é um dom de Deus, a paz é um benefício para o homem, devemos continuar a preservar e promover esse bem imensurável. É necessário que todos nós cultivemos o espírito de diálogo para que olhemos no que se deve fazer em termos de desenvolvimento sustentável do país.
ANGOP – Sobre o mês da mulher (Março), qual é o resumo que se pode aqui fazer sobre a mulher cristã?
DT – A mulher cristã é praticamente uma mulher semelhante às outras, mas a particularidade reside em crer em Jesus Cristo, ter temor e confiança em Deus. É aquela em que todas as confissões religiosas não deixam de ser um dos pilares do desenvolvimento e crescimento da própria igreja, actuando simultaneamente para a ética e a moral da sociedade.
ANGOP – No núcleo religioso, já há alguma abertura às mulheres na ocupação de lugares cimeiros?
DT – Claro que sim, a posição da mulher na igreja é visível e até dispensa, praticamente, comentários. São elas que representam o maior número dentro da igreja.
Elas movimentam-se em vários sentidos, fazem diversos trabalhos dentro da organização, mas também gostaria aqui de realçar que a título de liderança, têm assumido responsabilidades de relevo, isto já é visível dentro de muitas igrejas cristãs.
Hoje a sociedade já vê um bom número de pastoras, evangelistas, diaconisas, algumas denominações definem como servas de Deus, líderes, enfim. Temos ainda, e como dizia, pastoras superintendentes, quer dizer, responsáveis de uma determinada área eclesial que congrega um bom número de paróquias. Temos superintendentes e uma bispa da igreja anglicana, a reverenda Filomena Teta.
Realmente é um grande progresso e, ao vermos mulheres a ocupar lugares de destaque dentro da igreja cristã, notamos ainda, que muitas são secretárias de paróquias, tesoureiras, responsáveis de protocolo, grupos corais, enfim, podemos bem dizer que a liderança feminina já é uma realidade dentro da igreja cristã em Angola.
ANGOP - Podemos avançar que a igreja tem dado um exemplo positivo de paridade de género?
DT – Evidente que sim. Ela existe dentro da própria igreja, pelo facto de algumas igrejas considerarem os talentos, os dons, as habilidades das mulheres e serem elas colocadas de acordo com este parecer, isto já é considerado. A igreja tem a sua base, Deus criou o homem e a mulher, segundo a sua imagem e semelhança, então para Deus não há homem ou mulher, não há escravo, nem livres, quer dizer que todos gozam os mesmos direitos, gozam o mesmo lugar dentro do esquema do projecto criativo de Deus.
ANGOP - Como é que a sociedade deve adoptar esse exemplo?
DT – É necessário começarmos a incutir essa realidade, a partir das nossas próprias casas, precisamos de considerar o rapaz e a menina no mesmo pé de igualdade.
Antigamente, aos rapazes era dada a oportunidade de ir à escola e as meninas ficavam em casa a cuidar dos deveres domésticos. Essa acção prejudicou fortemente o desenvolvimento da própria mulher, bem como o desenvolvimento das raparigas.
Em casa deve haver essa equidade, essa paridade. Quando a menina está a lavar a loiça, o rapaz pode limpar o chão, é necessário que os rapazes saibam cozinhar. Se o rapaz sair da casa de seus pais preparado com uma boa base, acreditamos nós que ele terá também esta capacidade de ensinar a sua própria companheira.
Então, é necessário que a equidade parta do lar, e as igrejas devem continuar a fazê-lo através dos grupos juvenis, dos media e programas sociais virados para as comunidades religiosas, como o curso para casais antes do casamento, para que possam adquirir conhecimento.
ANGOP - Reverenda, hoje a sociedade tem vivido vários problemas por questões sociais e económicas. Como é que a mulher religiosa deve actuar, nessas situações.
DT – Nós falamos sempre que, enquanto estivermos aqui na terra, precisamos de olhar para vários aspectos, como a formação. A mulher deve estudar a questão da educação económica, educação financeira, deve fazer parte do programa da igreja.
Por isso é que as igrejas hoje não impedem que as jovens participem em sessões de empoderamento, porque, uma vez que a mulher seja educada financeiramente, isso vai ajudar bastante no desenvolvimento económico da família, começando por ela própria, sua família e outros ao seu redor.
Acreditamos nós que isto vai contribuir também para o desenvolvimento e crescimento até da própria igreja, da comunidade e da localidade.
Quer dizer que hoje não precisamos de olhar apenas para o Governo, que nos deve dar emprego, mas é necessário que haja este intercâmbio com as diferentes instituições que estão amplamente capacitadas.
É importante empoderar a mulher nessa perspectiva económica para que tenhamos uma vida condigna.
ANGOP - Existem duas situações sociais: a gravidez precoce e o analfabetismo. Como é que a igreja vê essa situação e que soluções têm criado no sentido de minimizar esse problema?
DT – Nós, a nível do Conselho das Igrejas Cristãs em Angola, temos desenvolvido programas ligados ao combate ao analfabetismo, patrocinados, na altura, por uma organização americana, a “Teacher World Service”.
Trabalhamos também em cooperação com o Ministério da Educação, mas, infelizmente, esse programa perdeu o financiamento, e, ainda assim, existem igrejas que têm estado a organizar-se internamente, tendo ainda em funcionamento algumas turmas de alfabetização e convidam sempre um irmão como facilitador.
Geralmente não se trata apenas de mulheres, mas também homens que infelizmente não tiveram a oportunidade de se sentar numa carteira para aprender a ler e escrever. Então, algumas igrejas continuam a desenvolver este projecto internamente.
Gostaria, na verdade, de incentivar que as igrejas procurem um espaço de aprendizado e darmos oportunidade a homens, mulheres e raparigas de conseguirem ler e escrever. Não darmos essa oportunidade, estaremos a delegar essas pessoas à escravidão e até a serem praticamente descriminadas por determinadas pessoas.
ANGOP – E quanto à questão da gravidez precoce?
DT – Há todo um trabalho que precisamos de fazer, a questão da gravidez precoce existe em vários países de África, onde as meninas, desde muito cedo, se deparam com essa realidade.
ANGOP – Que projecto o CICA ou as igrejas têm para colmatar essa situação?
DT – Evidente, nós temos estado a trabalhar nisso, o departamento da mulher e o departamento da juventude do CICA, que é a JUCICA, temos estado a trabalhar através de palestras, conferências e estudos bíblicos sobre a questão ligada à saúde sexual reprodutiva e nisto entra a gravidez precoce, porque temos uma parceria com as Nações Unidas.
ANGOP - Reverenda, como é que vê a aplicação daquilo que são as políticas da paridade e igualdade de género? Sente-se satisfeita com a execução dos projectos aprovados pelo Governo?
DT – Há realmente avanços dentro daquilo que o Governo tem estado a desenvolver, o que falta é a aplicabilidade, a disseminação. O que falta talvez são programas que vão até à base, pois somos influenciados pelos aspectos culturais, a cultura ainda invade o nosso ser, invade a mente.
Existem aspectos culturais que são realmente negativos e isto não nos leva a lado nenhum. Por isso, é necessário que haja um trabalho, se possível sairmos dos gabinetes e irmos até às aldeias, explicarmos como é que as coisas são e funcionam.
Temos estado a partilhar muitas vezes com o Ministério da Família e Promoção da Mulher a realização de projectos como os “ondjangos de diálogo”, para a auscultação dos problemas que realmente afectam o género. ANM/CPM/ART/IZ