Luanda – O Presidente da República, João Lourenço, agradeceu, esta quarta-feira, ao seu homólogo norte-americano, Joe Biden, pela seriedade no cumprimento da promessa feita na Cimeira EUA/África de 2022, em Washington DC, relacionada com a construção do Corredor do Lobito.
"De facto, começa a concretizar-se”, disse o Presidente durante a Cimeira Multilateral sobre o Corredor do Lobito, realizada na província de Benguela, no quadro da visita de Estado a Angola do Presidente Joe Biden.
Segundo João Lourenço, este “grande projecto é uma infra-estrutura que nós, os estadistas africanos, vimos reclamando, para que possa garantir o desenvolvimento do nosso continente".
Afirmou que sem conectividade, sem energia, não se pode garantir a segurança alimentar.
Para além do Presidente João Lourenço, a Cimeira Multilateral sobre o Corredor do Lobito contou com as presenças dos chefes de Estado Joe Biden (EUA), Félix Tshisekedi (RDC), Hakainde Hichilema (Zâmbia) e do Vice-Presidente da Tanzânia, Philip Mpango.
Corredor do Lobito
Com gestão privada por um período de 30 anos, através do Consórcio ‘Lobito Atlantic Railway’, formado pelas empresas Vecturis, Trafigura e Mota Engil, o Corredor do Lobito integra o Porto, o Terminal Mineiro, o Aeroporto Internacional da Catumbela e o Caminho-de-Ferro de Benguela (CFB), cuja linha se estende por mil 344 quilómetros de extensão até ao Luau, no Moxico.
Dado o papel estratégico para o desenvolvimento económico regional, foram investidos mais de dois mil milhões de dólares na reabilitação e modernização das infra-estruturas e meios circulantes do Corredor, com vista a dinamizar o transporte de mercadorias diversas, beneficiando os três países fronteiriços.
O Executivo angolano já projecta a construção da linha de 259 quilómetros de extensão, que vai ligar o país à Zâmbia, partindo do município de Luacano (Moxico) até à região fronteiriça zambiana de Jimbe.
A recuperação das vias-férreas da Zâmbia e da RDC é fundamental para permitir a sua interligação ao CFB, na zona do Luau, na fronteira de Angola, e, com isso, revitalizar o transporte de minério para o Lobito.
As duas principais infra-estruturas do Corredor, designadamente o Porto do Lobito e o CFB, preparam-se para enfrentar o desafio que se avizinha, por via dos novos investimentos, assim como do interesse norte-americano e da União Europeia (UE) em aumentar o movimento de carga na região.
Com as infra-estruturas do Corredor do Lobito (Porto, Terminal Mineiro, CFB e Aeroporto) e o seu potencial agrícola, pesqueiro e salineiro, a província de Benguela e o país, de forma geral, vão registar, num futuro próximo, um grande crescimento económico, rumo ao seu desenvolvimento.
O acordo de criação da Agência de Facilitação de Transporte de Carga do Corredor do Lobito vai acelerar o crescimento do comércio doméstico e transfronteiriço, através da implementação de instrumentos harmonizados de facilitação do comércio, promovendo a participação efectiva de pequenas e médias empresas em cadeias de valor.
O Corredor do Lobito apresenta uma rota estratégica alternativa para os mercados de exportação da RDC e da Zâmbia e oferece a rota mais curta que liga as principais regiões mineiras dos dois países encravados ao mar.
Em Angola, o Corredor liga 40% da população do país, e estão a decorrer vários investimentos de grande envergadura na agricultura e no comércio nas províncias de Benguela, Huambo, Bié e Moxico, regiões atravessadas pelo CFB.
A assinatura do instrumento jurídico cria um quadro para os três países-membros da SADC desenvolverem conjuntamente leis, políticas, regulamentos e sistemas de corredores ‘harmonizados’, incluindo o desenvolvimento de infra-estruturas de forma coordenada e coerente.
A perspectiva é obter o alinhamento com o tratado da organização regional, protocolos e quadros de desenvolvimento, tais como o Plano Indicativo de Desenvolvimento Estratégico Regional 2020-2030.
Impacto regional
O Corredor do Lobito tem uma importância estratégica para a região, uma vez que vai contribuir para a segurança alimentar e energética de Angola, da RDC e da Zâmbia, assim como para a criação de empregos nos três países.
Considera-se que o desenvolvimento do Corredor do Lobito é de capital importância para todos os integrantes desse projecto de grande envergadura e impacto interno e externo.
Vai impulsionar o agronegócio, a indústria alimentar, o processamento de matérias-primas, designadamente de minerais críticos para a manutenção e o incremento da indústria automóvel, que vão circular e transpor fronteiras até aos mercados internacionais.
O Corredor do Lobito apresenta-se, também, como uma plataforma de dinamização das economias provinciais e nacionais, permitindo a criação de postos de trabalho directos e indirectos. Contribuirá, igualmente, de forma decisiva, para a coesão do crescimento económico do interior do país, fortalecendo as trocas comerciais entre os Estados que o integram, para além de permitir o acesso logístico de escoamento e importação de bens.ART