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Angola explora apenas 5% do seu potencial hídrico

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  • Luanda • Terça, 22 Março de 2022 | 14h51
País tem seis mil e 152 rios e 47 bacias hidrográficas
País tem seis mil e 152 rios e 47 bacias hidrográficas
kinda kyungu

Luanda – O potencial hídrico de Angola escoado ronda anualmente os 171 milímetros, correspondente a 250 quilómetros cúbicos de volume médio de água, mas estima-se que o país explore apenas 5% da totalidade para o desenvolvimento socio-económico.

Por:Paulo André

Essa quantidade de água, repartida por cada habitante durante o ano, corresponde a cerca de 10 mil metros cúbicos por indivíduo (aproximadamente 28 l/D). Porém, a ONU recomenda 110 litros de água por pessoa/dia.

Dados publicados por essa organização, em 2006, indicavam que em média, no período 1982-2002, um angolano usava 30 litros de água por dia, sendo considerado um dos mais baixos padrões de consumo da região Austral de África.

Já o Banco Mundial estimou, em 2013, que a taxa de captação de água era 708,8 milhões de metros cúbicos, sendo 45 por cento para uso doméstico, 20,8% para Agricultura e 33%,9 para a indústria.

Para o sector da Energia e Águas, o Orçamento Geral do Estado (OGE2022) prevê despesas avaliadas em 210,9 mil milhões de kwanzas para projectos de expansão do abastecimento de água nas áreas urbanas, sedes de municípios e áreas rurais.

Até 2014, segundo o Plano Nacional de Águas (PNA), as necessidades para abastecimento total do país era de 440,56 hectómetros cúbicos de água por ano, cerca de 440 560 mil milhões de litros por ano.

A população angolana naquele período, conforme dados do primeiro Censo Nacional, era de 24 milhões de habitantes, mas actualmente ronda os 32 milhões, indica o Instituto Nacional de Estatística (INE).

Programa Água para Todos

Para assegurar o abastecimento de água a 80% da população rural de Angola, estimada em 10.623. 398 habitantes, o Governo criou, em Julho de 2007, o Programa Água para Todos (PAT). Este programa assistiu, até 2018, 68% da população rural prevista, isto é, pelo menos 6.494.500.

Nesta altura, segundo o Plano de Acção do Programa Água para Todos, do Ministério da Energia e Águas (MINEA), da população estimada para atingir o objectivo mínimo do PAT, falta assistir, com infra-estruturas de abastecimento de água potável, 1.898.42 habitantes.

O Estado criou o PAT a fim de levar, particularmente, infra-estruturas e água às zonas rurais do país, não só pelo facto de ser indispensável para a saúde e bem-estar das populações, mas também pelas suas implicações em desenvolvimento económico e social.

Bacias Hidrográficas

Bacias Hidrográficas são o conjunto de rios e também a sua área de captação de água, dependentes de um rio principal, os seus afluentes e subafluentes.

Angola tem um total de seis mil e 152 rios que formam as 47 Bacias Hidrográficas do país. Especialistas acreditam que, num futuro não muito longínquo, esse potencial seja a commodity mais importante do país - superando o petróleo.

Dos seis mil 152 rios do país, cuja extensão total é de 154.35.44 km, destacam-se o Kwanza, o principal do país, que dá nome à moeda nacional, com 1.190.55 Km de comprimento, mas apenas 240 Km navegáveis.

Este rio nasce em Mumbué, província do Bié – centro sul de Angola, e se estende até Luanda - no litoral do país, tornando-se numa fonte importante de sobrevivência das populações das regiões atravessadas.

De igual modo, destacam-se o rio Cubango com 975 Km (nascente Serra do Moco, Huambo), o Cunene com 800 Km, nasce na província do Huambo, e por fim o rio Zaire com 150 Km de longitude, sendo todo ele navegável (nasce na RDCongo).

O país é nascente de grandes rios de África, como o Kwanza, Cubango e Zambeze, e detentor de cinco Bacias Hidrográficas (BH) internacionais ou transfronteiriças, nomeadamente Cunene, Cuvelai, Cubango/Okavango, Zaire/Congo e Zambeze, todas partilhadas com a República da Zâmbia, Zimbabwe, Namíbia e do Botswana.

Das seis principais Bacias Hidrográficas do país, em que se incluem as transfronteiriças, a do Kwanza é a única exclusivamente angolana, pois todas outras se comunicam com países da região Austral (Zâmbia, Zimbabwe, Namíbia e Botswana).

As Bacias Hidrográficas do Zaire (Congo), Cuanza e Zambeze, segundo o Instituto Nacional dos Recursos Hídricos (INRH), são as que apresentam maior número de rios, com um total de 1.394, 1.020 e 589 rios, respectivamente.

Regiões com mais recursos hídricos

As regiões Centro e Norte de Angola foram sempre as mais bem servidas em termos de abundância de água, segundo o director do INRH, Quintino Manuel, mas o sul e o litoral sempre foram deficitários em recursos hídricos.

Constitui o leque de províncias mais bem servidas em  recursos hídricos, o Bié, Huambo, Cuanza Norte e Cuanza Sul, Uíge, Luanda, Malanje, Moxico e Cuando Cubango.

A estratégia do Instituto Nacional de Recursos Hídricos é fazer transferência de água das zonas com abundância para as desfavorecidas.  

Seca no sul

O fenómeno da seca no sul de Angola afecta as províncias do Cunene e Huíla. E, a propósito, o Ministério da Energia e Águas está a implementar, através do Instituto Nacional de Recursos Hídricos (INRH), diferentes projectos estruturantes nas localidades de Cuvelai e de “Ndue” integrados nas acções para mitigação dos efeitos da estiagem.

Sobre este assunto, estão previstos dois projectos estruturantes para a mitigação da seca no Cunene avaliados em 630 milhões de dólares, que contempla a derivação de caudais.

O INRH aponta o Projecto 1 – Transferência de água do Rio Cunene através da secção do Cafu para as localidades de Ndombondola e Namacunde, e o Projecto de transferência de água a partir do Rio Cunene na secção do Cafu para as localidades ombalayomungo, Ndombondola e Namacunde.

 Até Setembro de 2021, a execução física do lote 1 rondava 61%, o lote 2, os 52%.

Está previsto para o próximo dia 4 de Abril a inauguração desses projectos, cujo fim é criar infra-estruturas que ofereçam segurança da água para que em caso de seca haja uma reserva para fazer face às necessidades de água para o gado, populações e actividade agrícola.

Nos últimos anos, o país tem sido assolado por uma seca severa, porque o nível de chuva é inferior à média histórica, que é calculada em 20 anos.

Por isso, tem havido menos recargas dos aquíferos e menos contribuição de água para os rios. Daí que, por as reservas de água subterrânea, o manto ou lençol freático, irem baixando, se tira água cada vez mais em limites mais profundos.



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