Benguela - A ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, trabalhou este sábado em Benguela, devido ao aumento da propagação da cólera na província, que já registava um cumulativo de dois mil e cinquenta casos e cinquenta e oito óbitos, até 18 do corrente, soube a ANGOP.
A governante liderou uma equipa multissectorial composta por membros do Ministério da Saúde, Governo Provincial de Benguela, Organização Mundial da Saúde (OMS), do Fundo das Nações Unidas para Educação, Infância e Cultura (UNICEF) e do Instituto de Emergências Médicas de Portugal.
Em declarações à imprensa, no final da jornada de trabalho que os levou a alguns pontos de Benguela, Sílvia Lutucuta informou que foi feita uma avaliação in loco para saber o que existe em termos de abastecimento de água, no âmbito da comissão multissectorial.
"Estão cá os secretários de Estado da Energia e Águas e do Ambiente para trabalharem na estratégia do reforço do abastecimento de água e implementação de latrinas nas comunidades, com os materiais locais, porque as áreas mais críticas têm defecação ao ar livre", explicou.
Sílvia Lutucuta disse que a província tem estado a implementar o reforço da vigilância epidemiológica e laboratorial, a fazer o manejo de casos e tem estado paulatinamente a abrir os centros de tratamento e de hidratação devido ao aumento de casos.
Lamentou a questão dos acessos a algumas zonas, o que, na sua opinião, dificulta a chegada atempada dos serviços de saúde.
"Esta é uma província com muita mobilidade, por isso deve haver transporte seguro, em termos de saneamento, para as pessoas que viajam nos autocarros e nos comboios", aconselhou.
A ministra assegurou que ficou o compromisso de se trabalhar em bloco, tanto nos órgãos centrais, provinciais e municipais, no sentido de conter o surto de cólera na província de Benguela.
Aproveitou para apelar as pessoas com mais informações sobre a prevenção e tratamento da doença, a partilhá-las nas comunidades.
A governante defendeu também ser importante informar em línguas nacionais, para que as pessoas saibam que esta doença mata.
"Estamos a ter óbitos domiciliares e hospitalares porque uma das razões é a chegada tardia aos centros de tratamento", alertou.
A comitiva visitou alguns pontos para constatar in loco o evoluir da epidemia.
Assim, Silvia Lutucuta, ladeada pelo governador Manuel Nunes Júnior, receberam informações pontuais da população da Baía Farta sobre a origem e abrangência da doença.
No Hospital Geral da Baía Farta, por exemplo, 38 pacientes estavam internados até sexta, dos quais dez deles já tiveram alta.
No entanto, ainda este sábado, a instituição recebeu mais sete pacientes, segundo fontes hospitalares.
Já na povoação do Chamume, a dezasseis quilómetros da Baía Farta, visitou-se o centro médico de tratamento da cólera, onde estão 22 doentes internados.
O fármaco ministrado tem sido a Dioxiciclina, mais rápido em estancar a diarreia, segundo os técnicos de saúde.
A província de Benguela tem uma extensão geográfica de 39.827 quilómetros quadrados e uma população estimada em pouco mais de dois milhões de habitantes.
Desde a implementação da nova Divisão Política Administrativa, a província conta com com 23 municípios, 17 dos quais registam casos de cólera. TC/CRB