Harare (Do enviado especial) - O Presidente da República, João Lourenço, disse que durante o mandato de Angola na SADC, a região registou, no domínio do desenvolvimento das infra-estruturas de apoio à integração regional, consideráveis progressos nos sectores da energia e dos transportes.
Ao discursar na 44ª Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da SADC, decorrida em Harare, Zimbabwe, o Presidente cessante da organização, apontou os ganhos a nível dos recursos hídricos partilhados, das Tecnologias de Informação e Comunicação e da meteorologia.
Em face disso, destacou que a região da SADC tem actualmente 86% de cobertura de rede móvel, estando já muito próximo do alcance do objectivo dos 95% para 2030.
A penetração da Internet na zona está estimada em 54%, o que significa que mais de metade da população da SADC tem acesso a comunicação por esta via.
Tudo isto, fundamentou, se deve à dinâmica de colaboração entre os Estados-membros, que se organizaram solidamente para investir em infra-estruturas digitais, reduzir o custo dos serviços neste domínio e promover a literacia digital.
No que diz respeito aos recursos energéticos, considerou fundamental que estados consigam garantir na região um acesso a energia fiável e a preços acessíveis, para que, assim, possam impulsionar a industrialização, aumentar a produtividade e criar oportunidades de emprego na região da SADC.
Nesta perspectiva, mencionou que a população com acesso à electricidade, entre o ano de 2019 e 2023, manteve-se de uma maneira geral muito abaixo dos níveis projectados, o que seguramente vai comprometer o objectivo dos 85% preconizados para o ano de 2030.
“Em alguns Estados-membros, conseguiu-se atingir os 100% de acesso, embora existam também aqueles onde se ficou lamentavelmente abaixo dos 20%”, afirmou.
Sublinhou que a capacidade de produção de energia na maior parte dos Estados-membros da região não tem sido capaz de satisfazer a procura desde o ano de 2008, exceptuando-se os casos de Angola, Moçambique e da Tanzânia, onde, em Abril de 2024, se pôde constatar que se registaram excedentes de produção de energia face ao consumo interno actual desses países.
Porém, o Presidente realçou que o acesso à capacidade excedentária dos Estados-membros mencionados não tem sido possível devido à insuficiente expansão das redes de transportação e transmissão das centrais de produção para os centros de consumo e a falta de interconectores que liguem todos os Estados-membros da região.
“Tendo em conta o acesso limitado ao recurso referido, a nossa região deve continuar a investir em infra-estruturas energéticas para aumentar a produção, transportação e distribuição de electricidade, diversificar as fontes e adoptar práticas sustentáveis, cruciais para garantir um fornecimento fiável de energia, promover o desenvolvimento regional, o crescimento económico e a construção de uma região da SADC mais próspera”, apelou João Lourenço.
Formação de quadros
Fazendo alusão ao lema“Promover a Inovação para Criar Oportunidades de Crescimento Económico Sustentado e Desenvolvimento para uma SADC Industrializada”, disse estar confiante que a região aproveitará colectivamente a ciência, a tecnologia e a inovação para impulsionar a industrialização, como motor decisivo para a transformação socio-económica da zona austral do continente.
Reconheceu que os recursos humanos são primordiais para o desenvolvimento destas cadeias de valor e para uma industrialização sustentável.
Para o Presidente João Lourenço, a região deu também passos importantes neste último ano, para a operacionalização da Universidade de Transformação da SADC, com vista a criar e manter o capital humano com as competências necessárias para satisfazer as exigências do desenvolvimento técnico e tecnológico, necessários aos esforços de industrialização
A 44ª Cimeira de Chefe de Estados e de Governo da SADC foi marcada pela passagem da presidência deste órgão do Presidente João Lourenço ao seu homólogo do Zimbabwe, Emmerson Mnangagwa. IZ/ART