Luanda – Prestes a assinalar cinco décadas do fim do regime colonial, os jovens angolanos comemoraram o 14 de Abril, Dia Nacional da Juventude, e continuam a manifestar total disponibilidade para ajudar o crescimento sustentável do país.
Em homenagem à efeméride a ANGOP ouviu, durante a semana, na capital do país, vários jovens sobre a actual situação socioeconómica do país e das perspectivas dos mesmos em relação ao futuro.
Grande parte dos entrevistados foram unânimes em afirmar que a juventude em Angola esteve sempre à frente das principais conquistas do povo angolano, nomeadamente a Independência Nacional e da Paz.
Para Simão Augusto, de 25 anos de idade, apesar de algumas vicissitudes como a baixa oferta de emprego, a juventude continua comprometida com o futuro e mostra-se capaz de construir uma Nação próspera.
A população angolana é maioritariamente jovem, avançou, e a maioria é contra o vandalismo dos bens públicos, corrupção, nepotismo e outros males que infelizmente enfermam actualmente a sociedade.
Disse que nos últimos 50 os jovens têm se empenhado na construção para uma Angola melhor rumo ao desenvolvimento em várias esferas, com destaque para a estabilidade política e social, recuperação de infra-estruturas educativas, sanitárias, estradas, entre outros.
Já a doméstica Emília Cardoso, a juventude deve focar mais na formação para superação pessoal e a busca de empregos melhor renumerados.
Referiu que com o alcance da paz as oportunidades abriram-se ainda mais, permitindo, por exemplo, melhorar os sistemas nacionais de educação e de saúde e dar passos significativos, com a construção de várias infra-estruturas no país.
Destacou que nos sectores sociais como a educação e a saúde são os jovens que garantem o seu funcionamento.
"Nas escolas encontramos jovens professores, nos hospitais igualmente os enfermeiros e os médicos estão dentro, na sua maioria, desta faixa etária", exemplificou.
O activista social Manuel Bernardo, de 34 anos de idade, funcionário público, frisou a necessidade de se reconhecer que, em muitos casos, os jovens não têm sabido preservar grande parte das conquistas e realizações em tempo de paz.
O ainda jovem aponta, por exemplo, acções que colocam em causa os feitos alcançados, tais como a vandalização de bens públicos, chamando, por isso, a razão para a mudança de comportamento para o bem-estar de todos os angolanos.
“E todos os gestos praticados pelo Executivo, pelos seus parceiros e através de iniciativas de outros entes privados, em nome do crescimento e desenvolvimento de Angola, devem ser sempre valorizados", apelou.
Mais do que reivindicar sobre o que falta, disse, precisamos de aprender a valorizar o que se tem, o que se faz e se materializa para satisfazer as necessidades das populações.
Para Neusa Augusto, estudante de Direito, é notório o avanço de Angola com os ganhos dos 50 anos e a materialização de uma Constituição efectiva para Angola.
Já Mateus Ambrósio reconheceu que o passado foi doloroso, de muita angústia e sofrimento.
“Hoje, o compromisso colectivo de toda a Nação é o de tudo fazermos para evitar e impedir, em definitivo, o regresso daquela nuvem escura e tenebrosa que se abateu sobre Angola e se manteve por muito tempo”, disse.
De acordo com o jovem, há anos que o país beneficia dos ganhos da paz em todos os domínios da vida política, económica e social, referindo que se deu início à reconstrução das infra-estruturas destruídas pela guerra.
Foram feitos importantes investimentos, defendeu, nas vias de comunicação rodoviárias e ferroviárias, em portos e aeroportos, na construção de habitações, em estabelecimentos de ensino e unidades hospitalares de diferentes categorias.
Apontou igualmente que a juventude também está empenhada no combate à corrupção e na melhoria do ambiente de negócios, bem como na diversificação da economia.
CNJ
O Conselho Nacional de Juventude de Angola (CNJ), numa mensagem sobre a efeméride, apelou os mesmos a celebrar o dia não apenas com a energia e o potencial da geração, mas olhando ao marco histórico, dos 50 anos da independência sendo
um momento de reflexão, orgulho e compromisso renovado com o futuro de Angola.
Refere que ao longo das cinco décadas, a juventude angolana desempenhou um papel fundamental na construção da Nação, desde a luta pela libertação até a construção de uma sociedade moderna e próspera.
Aponta o espírito de luta, a resiliência e a dedicação da juventude têm sido pilares inabaláveis do progresso, construção de uma Angola verdadeiramente independente e desenvolvida, mas isto exige um esforço contínuo, uma visão partilhada e o engajamento de cada um.
"Hoje, olhamos para o passado com gratidão pelas conquistas alcançadas, mas também com a consciência dos desafios que ainda persistem", avança a nota.
Reitera o compromisso em trabalhar pela criação de um ambiente que permita aos jovens angolanos atingirem o seu pleno potencial, implicando a promoção de acesso à educação de qualidade, formação profissional, ao emprego digno e à participação ativa na vida política e social do país.
Apela aos jovens a engajarem-se activamente na construção de um futuro melhor no contexto dos 50 anos da independência.
"O nosso sucesso depende da nossa capacidade de trabalhar em conjunto, de superar as divisões e de abraçar a inovação como instrumento de transformação", sublinha.
O líder juvenil da Associação de Ajuda Juvenil, Makaia André, reconheceu os ganhos da independência nacional, porém alega que, apesar da liberdade alcançada, o arranjo institucional e o sistema político e de governação nos dias actuais ainda são aqueles que o colono deixou, daí esperar por mais.
“Antes do 11 de Novembro de 1975, nós não tínhamos o sentido de pertença em nós, o sentido de Estado. Hoje nós somos angolanos, somos um povo soberano com um território só nosso.
Um dos principais ganhos da Independência Nacional é este sentido de pertença e de Estado e nacionalidade que conseguimos alcançar, e é o único que está em pleno.
Manutenção da paz
Por outro lado, a bispa da Igreja Anglicana em Angola, Filomena Teta, pediu aos jovens angolanos para primarem por acções que consolidam a paz, as instituições democráticas e o desenvolvimento do país, para o bem-estar social e económico dos cidadãos.
A religiosa defendeu a necessidade de preservação da estabilidade política e social de Angola, para a materialização das principais aspirações dos angolanos.
Lembrou que a independência de Angola foi proclamada a 11 de Novembro de 1975. O país viveu em conflito armado até ao dia 4 de Abril de 2002, data da assinatura do memorando para a paz e reconciliação nacional, entre o Governo angolano e a UNITA.
Numa incursão aos 50 anos de paz, a religiosa enumerou os ganhos nos diversos sectores, dando ênfase para a realização regular de eleições fortalecimento das organizações desenvolvimento do papel das sociedade económico, significativo do Produto Interno Bruto.
Por outro lado, a pastora Madalena António clarificou que é necessário que a juventude preserve a paz alcançada, pois sem ela ninguém é feliz e a Nação não se desenvolve.
A religiosa apelou aos angolanos ao diálogo contínuo, indispensável para a manutenção da paz conquistada com muito sacrifício.
A religiosa frisou ser dever das instituições religiosas olhar para a preservação da paz, exortando a sociedade, em particular a juventude, a primar pela paz e reconciliação nacional, deixando as ondas de vandalismo. FMA/VIC