Luanda - O Conselho de Segurança da ONU enalteceu, segunda-feira, os esforços diplomáticos do Presidente da República, João Lourenço, na mediação da crise diplomática entre a RDC e o Rwanda.
De acordo com uma nota de imprensa a que a ANGOP teve acesso, esta terça-feira, os participantes no debate aberto deste órgão que analisou o relatório sobre a situação na RDC, elogiaram o papel construtivo do Presidente angolano como mediador regional e apelaram às autoridades da RDC e do Rwanda a respeitarem o Processo de Luanda.
O relatório apresentado pela representante especial e Chefe da missão de estabilização da Organização das Nações Unidas na República Democrática do Congo (MONUSCO), Bintou Keita, abrange os desenvolvimentos registados no país, no período de 20 de Junho a 19 de Setembro do ano em curso.
O documento ressalta os esforços diplomáticos desenvolvidos para a promoção da paz e da estabilidade na RDC, a redução da tensão política na região e o restabelecimento de um clima de confiança entre a RDC e o Rwanda, tendo como base os processos de Luanda e de Nairobi.
Nota também o empenho de João Lourenço, enquanto Campeão da União Africana para a Paz e Reconciliação em África e mediador mandatado pela União Africana na resolução da crise política entre a RDC e o Rwanda e no alcance da paz e da estabilidade no leste da RDC.
Convidado a participar do debate aberto do Conselho de Segurança, o representante permanente de Angola junto das Nações Unidas, Francisco Da Cruz , expressou preocupação pela persistente instabilidade no domínio da segurança, decorrente da contínua ocupação territorial por parte do M23, os seus sistemáticos ataques, assim como das demais forças negativas.
Estas acções, lamentou, têm resultado num alarmante número de perdas de vidas humanas e da deslocação forçada de pessoas, sobretudo no Kivu Norte e Ituri.
O diplomata angolano aproveitou a ocasião para informar os membros do Conselho de Segurança sobre os encontros que o Chefe de Estado angolano manteve recentemente com os seus homólogos do Rwanda, Paul Kagame, em Kigali, a 11 de Agosto, e da RDC, Félix Thisekedi, em Kinshasa, a 12 de Agosto, para apresentar a proposta de um acordo de paz, cujos termos foram discutidos pelas partes a nível ministerial em Agosto e Setembro.
Avançou que a próxima Reunião Ministerial está prevista para as próximas semanas, com o objectivo de se a alcançar um entendimento conducente à realização de uma Cimeira de Chefes de Estado que possa selar uma paz definitiva e a normalização das relações diplomáticas entre os dois países.
O Chefe da Missão Permanente de Angola na ONU apontou algumas acções para a consolidação dos progressos registados no processo, nomeadamente a preservação do cessar-fogo alcançado no dia 4 de Agosto, a cessação imediata e incondicional do apoio aos grupos armados por parte de todos actores relevantes, bem como a operacionalização efectiva e ininterrupta do mecanismo conjunto de verificação ad-hoc estabelecido no quadro do Processo de Luanda.
Das acções propostas consta o aprofundamento do diálogo político a nível técnico e ministerial com vista a dirimir eventuais divergências que ainda possam persistir na proposta de Acordo apresentada pela mediação, para permitir a realização de uma nova Reunião Ministerial, nas próximas semanas, em Luanda, Angola.
Francisco da Cruz apelou igualmente à consolidação da confiança mútua visando a criação de um ambiente político conducente à realização da Cimeira de Chefes de Estado para assinatura do Acordo de Paz entre a RDC e o Rwanda.
O debate aberto do Conselho de Segurança sobre a situação na República Democrática do Congo (RDC) marca o fim da presidência do mês de Setembro, a cargo da República da Eslovênia. FMA/ART