Benguela – A secretária-executiva adjunta para a Integração Regional da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), Angele Makombo Ntumba, reconhece os progressos na redinamização do Corredor do Lobito, mormente a construção da nova linha ferroviária Zâmbia-Lobito (ZLR).
Trata-se de um projecto ferroviário desenvolvido sob coordenação da Africa Finance Corporation (AFC), cujo custo total está estimado em 5, 6 milhões de dólares. A nova linha, de aproximadamente 800 quilómetros, vai ligar Luacano, em Angola, à Chingola, na Zâmbia, encurtando em quase 500 km a ligação ao Porto do Lobito.
Angele Makombo Ntumba intervinha nesta quarta-feira, na segunda reunião do Comité de Ministros dos três Estados-membros do Corredor do Lobito, nomeadamente Angola, República Democrática do Congo (RDC) e Zâmbia, no âmbito da implementação da Agência de Facilitação de Transporte de Trânsito desta infra-estrutura ferroviária (AFTTCL).
“Portanto, o Corredor do Lobito tem vivido progressos e grandes conquistas”, referiu a responsável, assinalando o projecto ferroviário Zâmbia-Lobito como o primeiro ganho do Corredor do Lobito, porque vai conectar a linha férrea zambiana à do Caminho-de-Ferro de Benguela (CFB).
A ANGOP apurou que na parte angolana será construído o troço Luacano/posto fronteiriço do Jimbe, cerca de 291 quilómetros, enquanto a parte zambiana o troço Jimbe/Solwesi/Chingola, com aproximadamente 509 quilómetros.
Daí ter a secretária-executiva adjunta da SADC se congratulado com os três Estados-membros do Corredor do Lobito, em função dos ganhos já alcançados rumo à transformação deste megaprojecto ferroviário em um centro de desenvolvimento regional.
Conforme disse, o segundo grande ganho prende-se com uma parceria público-privada, assinada aquando da Assembleia das Nações Unidas, que, no fundo, como reforça a fonte, se traduz em um acordo de concessão entre Angola e Zâmbia, para construir e transferir a linha férrea do projecto entre ambos os países.
“O terceiro ganho, como testemunhamos, é o movimento de bens pela linha férrea atlântica do Kolwesi, via fronteira do Dilolo, entre a RDC e Angola, para o Porto do Lobito”, relatou.
Igualmente destacou como outro ganho o facto de a República de Angola ter recebido apoio financeiro acima de 300 milhões de USD do Banco Mundial, para desenvolver uma cadeia de valores ao longo do Corredor do Lobito.
Por último, elencou o quinto ganho como parte da Iniciativa Global, ou seja, a União Europeia identificou o Corredor do Lobito como um dos corredores estratégicos que vai receber apoio de várias instituições financeiras.
Outro motivo de regozijo de Angele Makombo Ntumba é o facto de os três Estados-membros do Corredor do Lobito terem assinado um acordo multilateral com os EUA, a União Europeia, o Banco de Desenvolvimento Africano (BDA) e a Africa Finance Corporation (AFC), para apoiar a aceleração do desenvolvimento do projecto em referência.
É que, segundo ela, os chefes de Estado de Angola, João Lourenço, da República Democrática do Congo, Félix Tshisekedi, e da Zâmbia, Hakainde Hichilema, têm repetidamente se comprometido em acelerar o desenvolvimento do Corredor do Lobito nessa mesma cidade.
Prova disso, asseverou, foi a Cimeira Multilateral entre os chefes de Estado de Angola, RDC, Zâmbia, o ex-Presidente dos EUA, Joe Biden, incluindo o vice-presidente da Tanzânia, Philip Mpango, realizada em Dezembro de 2024, na província de Benguela, à margem da visita do antigo estadista norte-americano.
Na sua apreciação, esta reunião demonstrou o mais alto nível de compromisso governamental para forjar parcerias que vão assegurar o desenvolvimento do Corredor do Lobito.
Operacionalização do Corredor do Lobito
Quanto à reunião do Comité de Ministros da AFTTCL, Angele Makombo Ntumba encara como outro marco que demonstra o compromisso dos Estados-membros em aprovar documentos importantes que vão apoiar a operacionalização do Corredor do Lobito.
A seu ver, a criação do secretariado da AFTTCL, com a inauguração da sua sede no Lobito, vai permitir supervisionar a coordenação diária de todas as actividades de desenvolvimento ao longo do Corredor do Lobito.
Até porque, notou, essas estruturas são importantes para coordenar as estratégias de desenvolvimento para infra-estruturas de transporte, comércio, tecnologia, agricultura, mineração e energia, bem como harmonização de leis e facilitar as trocas comerciais.
Dessa forma, Angele Makombo Ntumba acredita que a AFTTCL vai promover cadeias de desenvolvimento, que são os objectivos e as ambições dos Estados-membros do Corredor do Lobito.
Por outro lado, diz ser importante que o Corredor do Lobito esteja em linha com os vários protocolos da SADC, entre eles a estratégia regional de desenvolvimento de 2020, o plano de desenvolvimento de infra-estruturas 2013-2030 e a estratégia de desenvolvimento 2015-2063.
Assinalando ainda a política sobre a agricultura e o plano de desenvolvimento, Angele Makombo Ntumba também reitera o compromisso da organização regional em relação ao alcance dos objectivos comuns regionais, como o acesso aos mercados rumo ao desenvolvimento dos países membros.
É nesse contexto que a responsável lançou aos Estados-membros do Corredor do Lobito o desafio de aproveitar esta oportunidade de colaborar, inovar e forjar parcerias que vão forjar o futuro da região da SADC.
“Juntos podemos concretizar as aspirações da estratégia de desenvolvimento da SADC, para trazer crescimento económico e no final do dia melhorar as condições de vida das nossas populações na região”, finalizou.
Sobre a SADC
Criada em 1992, em Windhoek, Namíbia, após a transformação da SADCC (Southern African Development Coordination Conference) em uma Comunidade de Desenvolvimento, a SADC é uma organização intergovernamental que visa promover o desenvolvimento económico e social dos países membros.
Os principais objetivos da SADC, cuja sede está em Gaborone, Botswana, são promover o crescimento económico sustentável e equitativo, reduzir a pobreza, melhorar a qualidade de vida das populações, apoiar as camadas sociais desfavorecidas, promover a paz e a segurança.
Os países membros da SADC são Angola, Botswana, Comores, República Democrática do Congo, eSwatini, Lesoto, Madagáscar, Malawi, Maurícias e Moçambique. JH/CRB