Luanda duplica produção agrícola

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  • Luanda • Sexta, 31 Maio de 2024 | 09h01
Campo agrícola(Foto ilustração)
Campo agrícola(Foto ilustração)
Kynda Kyungu

Luanda - O sector agrícola na província de Luanda produziu 74 mil toneladas de produtos diversos, no primeiro trimestre deste ano, um aumento considerável em relação as 34 mil toneladas do período análogo de 2023.

Em entrevista à ANGOP, o director provincial da Agricultura, Pecuária e Pescas, João Pedro, indicou ter sido já colhidas mais de 30 mil toneladas, que, entre outros destinos, abastecem alguns dos principais centros de venda da capital como os mercados do 30, no município de Viana, Catinton (Luanda), Sabadão, em Cacuaco, além da Quiçama e Icolo e Bengo.

Dos produtos, cultivados numa área total de mais de 500 mil hectares, disse destacarem-se tubérculos, hortícolas e milho, bem como a produção de fruta, nomeadamente a manga.

Apontou, entre outros, o tomate, pepino, pimenta, cenoura, couve, beterraba, mandioca, batata doce e rena, feijão macunde e banana, prevendo-se um aumento da produção nos trimestres subsequentes.

De acordo com o director, a safra podia ter sido mais alta, mas as chuvas registadas na capital dificultaram, em grande medida, o cultivo. Na presente campanha a província beneficiou de cerca de 20 toneladas de fertilizantes, número aquém das 200 toneladas necessárias.

Referiu que o gabinete provincial tem estado a incentivar a produção do arroz, visto que Luanda apresenta condições climáticas para tal, assim como tem apoiado os agricultores e cooperativas com projectos, entre os quais o de distribuição de sementes, fertilizantes e assistência técnica.

Incentivo aos jovens

Fez saber que está em curso o levantamento de terras aráveis existentes na província, com o objectivo de distribuir lotes para o cultivo aos jovens interessados a apostar na agricultura.

Avançou ainda a implementação do projecto de formação para “aspirantes” a agricultor e capacitação de cooperativas, a ser desenvolvido em parceria com a Academia do Empreendedor, bem como o trabalho junto do Fundo de Garantia de Crédito para adesão de jovens camponeses.

Actualmente estão a ser capacitados em matéria de transformação de produtos 50 jovens, prevendo-se para o mês de Junho a formação de outros 54, no município da Quiçama.

Apelou para maior organização no seio da classe, uma vez que, na sua opinião, existem muitas famílias camponesas na província que não estejam registadas por não saberem qual a função do cooperativismo ou porque não se revêem no tipo de organização.

Por outro lado, lamentou o facto de a província ter estado a perder, a cada ano, espaços, nos quais são erguidas habitações, fazendo com que algumas zonas consideradas agricultáveis deixem de ter esse cariz, como é o caso da localidade do Kikuxi, no município de Viana.

Em Luanda, o gabinete provincial controla 52 fazendas e 175 cooperativas, tendo essas acima de 50 famílias camponesas.

Pecuária

Quanto a esta actividade, que diz requerer mais espaço para o seu desenvolvimento a nível da capital, o director informou que a província de Luanda produziu, em 2023, mais de 100 toneladas/mês de carne diversa, resultante dos cerca de 150 mil animais que controla, na sua maioria gado bovino.

Falou igualmente da campanha de vacinação em curso desde o dia 15 de Maio, a qual estima-se que abranja 65 mil cabeças de gado, mais 15 mil em relação ao ano passado.

Fomento da Avicultura

O sector tem apostado na avicultura com a atribuição de pintos, estando previsto, ainda para este ano, a distribuição de 25 mil pintos a nível dos municípios, cujos beneficiários serão famílias vulneráveis, já identificadas, que participarão de uma formação de capacitação de três dias para a criação dos mesmos, promovida pelo sector.

O objectivo é potenciar os cidadãos sobre os cuidados a ter com as crias no que concerne a alimentação, como detectar doenças e a criação de capoeira.

O projecto vai atribuir 25 pintos por pessoa, com o município da Quiçama a receber o maior número para distribuição (cinco mil), sem que haja reembolso, uma vez que o objectivo é empoderar as famílias de modo a agregar valor e contribuir para o combate à fome e à pobreza.

Conforme o director, é feito um levantamento das famílias com base nas cooperativas cadastradas que apresentam as mais vulneráveis.

A ideia, disse, é formar uma cadeia, fazendo com que, dentro das cooperativas, haja troca na venda de produtos, ou seja, o produtor de milho vende ao criador de galinha e vice-versa.

No ano transacto, a província distribuiu cerca de 15 mil pintos a mais de 500 pessoas.

Pescas

O sector capturou, no primeiro trimestre deste ano, 260 mil 837 toneladas de peixe, registando um acréscimo de cerca de sete por cento em relação a igual período do ano transacto.

Os principais peixes capturados foram sardinha, carapau, marionga, espada, maleço e merma, de acordo com o responsável, que se mostrou preocupado com a prática da actividade em condições inadequadas, como a pesca com geradores e luzes, que afecta a reprodução das espécies.

Para inverter o quadro, informou, está-se a trabalhar com a fiscalização e a capitania de Luanda no sentido de desincentivar tais práticas, com campanhas de moralização sobre os riscos e as consequências destas acções.

“A utilização de luzes e geradores na actividade pesqueira provoca a redução da biomassa, a luz faz com que de noite o peixe vem para cima e os pescadores não têm cuidado de analisar o peixe miúdo para devolver ao mar”, salientou.

Em consequência, mais de 50 embarcações foram apreendidas, de Janeiro a presente data, tendo maior parte das transgressões na actividade pesqueira sido detectada nas zonas marítimas da Quiçama, Luanda e Cacuaco.

A província controla 3.502 embarcações, das quais 19 médias. As restantes são de pequeno porte que praticam a pesca artesanal, estando o maior número nos municípios de Luanda, Cacuaco, Belas, Quiçama e Icolo e Bengo. ASS/VC

 



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