Benguela – O novo impulso das relações Angola-Estados Unidos da América (EUA), com a visita do Presidente Joe Biden, de 2 a 4 de Dezembro, é uma oportunidade única para alavancar a agricultura ao longo do Corredor do Lobito.
A opinião é do docente universitário e coordenador do curso de Engenharia Agro-pecuária no Instituto Superior Politécnico de Benguela (ISPB), Fernando Assis, prevendo que a visita do Presidente Joe Biden possa catapultar investimentos americanos no sector agrícola.
Olhando essa visita como mais-valia, o também engenheiro zootécnico espera que Angola aproveite ao máximo as vantagens desta parceria, sobretudo para o fomento da agricultura, o garante da segurança alimentar da população.
Para Fernando Assis, o Corredor do Lobito não é só transporte de minérios da República Democrática do Congo, isto porque há um enorme potencial agrícola ao longo do Caminho-de-Ferro de Benguela (CFB).
O engenheiro enaltece, nesse sentido, o interesse dos EUA em apoiar a revitalização do potencial do Corredor do Lobito, incluindo o desenvolvimento da agricultura, nomeadamente nas províncias de Benguela, Huambo, Bié e Moxico.
“O percurso de Benguela até ao Luau é uma mais-valia. Começamos com o histórico da banana, dos cereais (o trigo) e da batata”, notou, destacando ainda a aposta dos empresários e do Governo na cultura do abacate, mormente do Huambo ao Moxico.
A seu ver, o abacate é uma cultura que se dá muito bem nesta zona e os produtores aproveitam para extrair muitos óleos que estão a ser comercializados tanto para cosmética como para produtos alimentares.
Além disso, o engenheiro zootecnista e antigo director do Gabinete Provincial da Agricultura dm Benguela ainda salienta outro potencial que agrega valor ao Corredor do Lobito, como o mel do Moxico.
“Éramos os maiores exportadores de cera no mundo”, recordou.
Por outro lado, referiu ainda a cultura do trigo na Chicuma e do arroz de terras altas, que está a ser ensaiado na comuna do Dombe Grande, em parceria com a Universidade Federal de Lavras, no Brasil, e os jardins Yoba.
Tecnologias
Por isso, antevê que a parceria Angola-EUA traga ganhos para os pequenos agricultores ao longo do Corredor do Lobito em termos de formação e adopção de novas tecnologias, de maneira que transitem para uma agricultura de precisão.
A título de exemplo, Fernando Assis aponta novos sistemas de rega gota-a-gota, micro-aspersão e pivôs aplicados na agricultura de precisão.
E frisa que estas novas tecnologias têm que ser adaptadas para alavancar o potencial de outrora, isto porque o Corredor do Lobito tem boas condições edafoclimáticas, que favorecem várias culturas, com destaque para frutas.
De igual modo, também pede que se olhe para algumas zonas da Huíla, nomeadamente Caluquembe e Caconda, enfatizando ser “o nosso copperbelt”.
Café
Fernando Assis elenca o potencial da cafeicultura na província de Benguela, que, em Junho de 2015, motivara uma visita de prospecção da antiga embaixadora dos EUA em Angola, Helen La Lime, à Fazenda Utalala, no Cubal.
Na altura, disse, a diplomata norte-americana trouxe especialistas americanos em cafeicultura, que ficaram impressionados pelo café arábica e robusta que são as melhores misturas existentes a nível do mundo.
Por essa razão, ele sugere que Angola aproveite as vantagens da nova era das relações com os EUA para o reforço da fileira do café, no âmbito desta parceria estratégica, visando atrair mais investimentos, gerar mais empregos e desenvolvimento. JH/CRB