Ondjiva – A barragem do Ndue, que está em construção no município do Cuvelai província do Cunene, encontra-se na fase da instalação de equipamentos hidromecânicos, parte eléctrica, condutas e válvulas que vão garantir a gestão desta infra-estrutura hídrica, segundo o secretário de Estado para as Águas, António da Costa.

Em declarações à imprensa, esta quainta-feira, à margem da sua visita de constatação à província do Cunene, o dirigente considerou satisfatório o ritmo das obras, realçando que os trabalhos decorrem dentro dos prazos estabelecidos, com a montagem de equipamentos que vão garantir o pleno funcionamento da barragem.

Por seu turno, o chefe de fiscalização do referido projecto, Miguel Costelha, disse que o estado de execução física da infra-estrutura encontra-se na ordem dos 86% e 83% financeira, prevendo a sua conclusão ainda no segundo semestre do ano em curso.

A fonte avançou que, até ao momento, foram concluídos o corpo da barragem, os descarregadores de cheias e as tomadas de água.

Fez saber que, actualmente, existem três milhões de metros cúbicos de água acumulado na cota 1 205 a montante da barragem, numa previsão de 170 hectómetros cúbicos a serem armazenados.

Acrescentou também que decorre o trabalho de construção de 15 chimpacas e um canal adutor associado à barragem de Ndue, num percurso de 75 quilómetros, com um grau de execução física na ordem dos 43 por cento.

Miguel Costelha esclareceu que o canal que figura o lote 6 engloba 15 chimpacas com capacidade de 50 mil metros, estando a decorrer o processo de escavação e betonagem.

Relativamente aos constrangimentos, apontou as condições climatéricas, como as intensas chuvas que caíram em Fevereiro e Março deste ano, que condicionaram os trabalhos.

Por seu turno, o administrador municipal do Cuvelai, Germano Nambalo, destacou a importância estratégica da infra-estrutura, realçando que o avanço dos trabalhos constitui a materialização de um sonho da população que durante décadas enfrentou dificuldades de escassez de água.

Afirmou ainda a barragem visa garantir o abastecimento regular de água às populações vítimas da seca cíclica, além de gerar  benefícios indirectos, como a criação de empregos, dinamização económica da região e facilitação da mobilidade.

Acrescentou que o respectivo projecto permitiu que o município ganhasse uma nova estrada terraplanada de 90 quilómetros da sede de Mukolongodjo até Ndue, garantido deste modo a mobilidade da população.

A par do trabalho de levantamento da população residente na zona da albufeira, o administrador sublinhou que decorre o projecto de loteamento de terra das populações e para os empresários que queiram desenvolver a agricultura mecanizada.

A visita do secretário de Estado para as Águas, que cumpre uma jornada de cinco dias no Cunene, permitiu também avaliar as obras de construção da barragem de Calucuve e manter encontro com a equipa técnica dos referidos projectos.

A jornada de António da Costa engloba igualmente visita aos projectos dos lotes 7, 8 e 9, ligados à construção da barragem da Cova do Leão, desassoreamento de nove represas e sistema de abastecimento de água da Cahama, Otchijau, Oncócua e Chitado, projectos em curso na margem direita do rio Cunene.

Barragem do Ndue

Enquadrado no Programa de Combate aos Efeitos da Seca no Sul de Angola (PCESSA), com um período de execução de 30 meses, o projecto hidrográfico está implantado numa área de 17,14 quilómetros quadrados e terá 23,51 metros de altura e um volume de armazenamento de 170 milhões de metros cúbicos de água.

A barragem integra uma rede de canais condutores de 75 quilómetros até ao município de Namacunde, passando pelos municípios do Chissuata e Cafima, bem como 15 chimpacas.

Com um investimento de 192 milhões de dólares, o projecto vai garantir o abastecimento de água a 55 mil habitantes, 60 mil cabeças de gado, irrigar uma  área de 9 200 hectares, permitiu a criação de 591 postos de trabalho directo.

Barragem do Calucuve

Com uma execução física e financeira de 73 por cento, a barragem do Calucuve terá 29,80 metros de altura e 2 270 de cumprimento, uma albufeira de 141 metros cúbicos, com um canal adutor com 40 chimpacas e uma área irrigada de 2 600 hectares.

Orçada em 177 milhões de dólares, com um prazo de execução de 20 meses, o projecto tem como finalidade o abastecimento de água para satisfazer as necessidades de mais de 80 mil  pessoas e aproximadamente 182 mil cabeças de gado.

O PCESSA permitiu igualmente a execução do Projecto de transferência de água na sessão do Cafu e no canal associado de 165 quilómetros, inaugurado em 2022, pelo Presidente da República, João Lourenço. FI/LHE/QCB