Benguela – Oito turistas brasileiros estão de visita à província de Benguela até ao dia 21 de Julho, com foco no reforço do intercâmbio cultural entre Angola e Brasil, soube a ANGOP, nesta terça-feira.
Este é o quarto grupo de turistas brasileiros a visitar Benguela desde 2019, graças a um projecto independente do escritor e actor angolano Isidro Sanene, actual director do centro cultural da Casa de Angola em São Paulo.
Falando à ANGOP, Isidro Sanene adianta que, em cinco anos, o projecto conseguiu trazer a Angola 90 turistas oriundos do Brasil, no intuito de fortalecer os mais estreitos laços culturais entre as duas nações.
Segundo ele, este intercâmbio cultural é de tal modo importante, que permitiu a formação de mais de 800 jovens angolanos em palestras, cursos e oficinas de arte gratuitas.
Inversamente, também salientou a ida ao Brasil de 17 artistas angolanos, nomeadamente das províncias de Luanda e Benguela, com suporte do mesmo projeto junto da Casa de Angola em São Paulo.
Parceria
Relativamente ao presente grupo de turistas, disse ser composto de oito turistas, entre professoras e pesquisadoras de diversas áreas, que procuram parcerias culturais entre o Brasil e Angola.
Aliás, fez saber que uma delas vai orientar um workshop em Benguela para ensinar os jovens artistas sobre a arte da reciclagem.
Dá ainda conta de uma oficina de economia criativa, agendada de modo a incentivar as autoridades locais a olharem para arte e cultura como fonte de receitas.
“A cultura e identidade são muito importantes e esse resgate também poderá dinamizar a economia do país”, sugeriu, notando que o turismo cultural ainda é tímido em Angola.
Diante desse cenário, ele relatou o interesse dos artistas brasileiros em reforçar o intercâmbio cultural com Angola, que tem potencial para se tornar um destino turístico em um futuro próximo.
Reino do Bailundo
Precisou ainda que, nesse momento, o grupo está no município do Bailundo, na província do Huambo, a convite do rei do Mbailundo Tchongolola Tchongoga Ekuikui VI, que visitou o Brasil, em Novembro de 2023.
Isidro Sanene, que é também artista plástico e produtor cultural, encara a visita ao reino do Bailundo como um marco, para dar a conhecer aos visitantes a memória ancestral que une o Brasil e Angola.
Na sua óptica, esse projecto é importante para os dois países e Angola pode tirar muitas vantagens, porque a movimentação dos turistas dinamiza a economia local.
“Em Janeiro, já estive aqui com mais de 34 brasileiras entre Luanda e Benguela”, lembrou.
E deu a conhecer que os 34 viajantes gastaram em torno de 46 milhões de kwanzas com alojamento, alimentação, transporte e compras no mercado informal.
Na altura, recordou, os turistas visitaram o mercado informal 4 de Abril, o maior a céu aberto em Benguela, onde compraram tecidos africanos, sobretudo samakaka, despertando a curiosidade dos feirantes.
Pontos turísticos
Desde a chegada a Benguela, os turistas do país do samba já visitaram as praias da Restinga e da Baía Azul, o primeiro presídio da era colonial, a antiga praça da escravatura e o forte de São Pedro na Catumbela, hoje em ruínas.
Igualmente se deslocaram à comuna do Dombe Grande, no município da Baía Farta, onde acompanharam os rituais de iniciação feminina, conhecida como Efiko, numa comunidade.
A expectativa, apontou Isidro Sanene, é mostrar as potencialidades de Angola, ou seja, o que o país tem de melhor na arte e cultura para atrair cada vez mais turistas.
Natural de Benguela, porém radicado há anos no Brasil, Isidro Sanene é autor de dez livros, entre eles “Maria Madalena – O Mito Africano”, “Amigo Louvre do planeta Orny”, “Utopia das Marés”, “Pedaços da Alma”, “Esclavitud en Tiempo de la libertad” e “Um conto de Halava”.
Além disso, também criou a Editora Alupolo, através da qual tem ajudado muitos jovens angolanos a tornarem realidade o sonho de publicar livros. JH/CRB