Luena – O sector do turismo na província do Moxico, localizada no leste de Angola, continua a “andar em marcha lenta”, apesar da descoberta, nos últimos anos, de cada vez mais recursos turísticos e do aumento das infra-estruturas hoteleiras.
Por Teotónio Tchilambavo
Actualmente, de acordo com dados oficiais, a província conta com 65 recursos turísticos identificados e uma grande diversidade de fauna e flora, mas ainda produz receitas insuficientes para alavancar a economia e o desenvolvimento local.
Em termos concretos, o sector controla, igualmente, mais de 48 infra-estruturas hoteleiras e similares, que perfazem um total de 542 quartos e 772 camas.
Apesar das potencialidades e das terras “virgens” que caracterizam a província do Moxico, no ramo da hotelaria e turismo o sector é pouco explorado, devido a vários factores, entre os quais a dificuldade para a obtenção de créditos bancários.
De acordo com especialistas, o péssimo estado das estradas que ligam a cidade do Luena aos restantes municípios, a inexistência de infra-estruturas e a falta de quadros formados na área são outros factores que desincentivam a aposta dos empresários.
Conforme um levantamento recente da ANGOP, feito no quadro do Dia Mundial do Turismo (27 de Setembro), grande parte das infra-estruturas turísticas do Moxico carecem de investimentos de fundo, por formas a atraírem turistas para essa região.
Trata-se de locais que podem, com investimento forte, tornar-se em verdadeiros cartões postais da província, que já se tem afirmado na exploração de diamantes.
É o caso, por exemplo, da Lagoa do Mulondola, situada no município do Moxico (sede provincial), mais precisamente na comuna do Lucusse, 141 quilómetros a sul do Luena, numa extensão territorial de dois mil e 800 metros quadrados.
Em Mulondola, o turista pode encontrar potencialidades agrícolas, agropecuárias, hídricas e paisagísticas, assim como uma gigantesca zona de lazer e outros atractivos.
Além desse local, a província conta com o Parque Nacional da Cameia, cerca de 125 quilómetros do Luena, no município da Cameia, estabelecido, primeiramente, em 1935, como Reserva de Caça, e elevado a Parque Nacional em 1957.
Com uma rede hidrográfica densa, constituída pelos rios Luena, Luangueje e as lagoas Cauamba, Calundo e Chaluvanda, alberga diversas espécies de animais, como leão, hiena malhada, leopardo, chita, hipopótamo, potamochero, palanca vermelha e songue, assim como nunce, cacu, oribi, sitatunga e tchikolokossi.
Já o Lago Dilolo, com uma altitude de 1098 metros acima do mar (é o maior de Angola e o terceiro do continente africano), localiza-se no município do Luacano, a 62 quilómetros da sede municipal e 279 da sede capital da província do Moxico.
O lago encontra-se subaproveitado, por não possuir infra-estruturas, embora seja um potencial turístico de Angola, com vasto mosaico cultural.
Outras referências, neste domínio, são as Quedas do Tchafinda, o Rio Zambeze, bacia hidrográfica de quase 1.400.000 km2 que atravessa a Namíbia, Botswana e Zimbabwe, além das conhecidas lagoas Azul e do Luxia.
De acordo com o empresário Benjamin Afonso, um dos mais antigos investidores da província, é preciso a melhoria de vários aspectos para se alavancar o turismo local.
Aponta como exemplo a melhoria das vias de acesso, a construção de infra-estruturas e a redução do preço dos quartos de hotéis, para atrair mais visitantes.
Lamenta o facto de os empresários terem dificuldades para obter crédito bancário, apontando o fraco investimento como factores que atrasam a expansão do turismo.
O empreendedor defende a formação do empresariado local, através da criação de incubadoras, tendo em vista potenciar o investidor angolano e formar quadros locais.
De acordo com o economista Simão Barros, o turismo é uma das áreas que menos contribui na balança de pagamento, em comparação com os outros sectores, mas pode evoluir exponencialmente se houver maior aposta do Estado e dos empresários.
Diz haver interesse de muitos cidadãos estrangeiros em conhecer as paisagens de Angola, sublinhando que, por causa da localização geográfica (situa-se mais a leste do país), o Moxico tem um enorme potencial turístico para ser explorado.
Simão Barros aponta a capacitação dos recursos humanos como via para responder às exigências do sector, que se fundamenta na prestação de serviços de qualidade.
A província do Moxico, com nove municípios, está localizada no extremo leste de Angola, com quase um milhão de habitantes. É uma província limítrofe que faz fronteira com a República Democrática do Congo e a República da Zâmbia.