Lubango – A agência de turismo angolana, Tac Tour, vai trazer mais turistas estrangeiros à “Trilha Mumuila”, na zona da Tundavala, no Lubango, com a finalidade de a internacionalizar, valorizar e ajudar a preservar os hábitos e os costumes dos Muila, tribo predominante na região.
O povo Muila pertence a etnia Nyaneka que habita no planalto da Humpata e ao longo das “cabeceiras” do rio Caculuvar, no Sudoeste de Angola, na Huíla. Na província ainda há uma expressão marcante da cultura, como é o caso da Mumuila, que tem a parte da cintura para cima de seu corpo exposto.
Em declarações à ANGOP, no Lubango, o responsável da Tac Tour, Carlos Bumba, afirmou que a internacionalização visa marcar o lugar, para ser um geo-sítio e que este evolua para um geo-parque ecológico, de protecção da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).
Trata-se de uma trilha de quatro quilómetros, que vai fazer parte do Mapa Turístico da Huíla, feita desde 2015, cuja época alta é de Maio a Agosto, período de cacimbo que é menos cansativo fazer as caminhadas.
A perspectiva de ensaio de internacionalização da trilha, segundo a fonte, teve a primeira experiência em 2022 com a embaixada da Itália, ao passo que a segunda foi em Novembro de 2023, com turistas portugueses, brasileiros e nacionais.
Acrescentou que pretendem com a trilha valorizar mais a cultura local, através do empoderamento das comunidades locais, com a comercialização de produtos, desde a alimentação, acessórios, vestuários, peças de artesanato locais a outros.
“O pedestrianismo na natureza dá paz de espírito, diminui a carga dos psicólogos, rejuvenesce o físico e a mente, desperta o Governo a tomar medidas para criar planos paisagísticos de forma a preservar o ecosistema”, destacou.
Outra vantagem da trilha, segundo a fonte, é a circulação económica, com a movimentação das farmácias, lojas, restauração e bebidas, bem como dos transportes, firmando a cidade do Lubango no panorama do ecoturismo em Angola.
Referiu que a oficialização da internacionalização da trilha está dependente de um instrumento ético, que salvaguarde a questão da vulnerabilidade das mumuilas, para não pôr em risco a mulher Muila que outrora têm sido alvo de “exploração” em locais turísticos.
“A ideia é ter um mecanismo de defesa e protecção da mumuila e já estamos a trabalhar com o Governo neste sentido, e só depois internacionalizar de forma oficial. Queremos que estas mulheres em vez de ficar nas zonas turísticas, permaneçam em casa e o turista é que vai até o seu local para comprar os seus adereços”, relatou.
Reforçou que o turista tem de sentir que contribui directamente para o crescimento da comunidade, através de um contacto directo e interacção com a população local.
Rota Vicentina influencia internacionalização da trilha
O também presidente da Associação de Guias de Turismo e Servidores Artísticos de Angola detalhou que a internacionalização da trilha vai ainda ser feita por influência da Rota Vicentina (entre o Setúbal e Algarve, Portugal), financiada pela UNESCO e existe há cerca de nove anos, criada por uma senhora nascida no Lubango, mas residente em Portugal.
Ressaltou que senhora e seu marido fizeram a trilha local e decidiram que os grupos de turistas que passarem pela Rota Vicentina passarão a faze, igualmente, a Munuila, no Lubango.
“Temos aqui nesta trilha por via do cicloturismo, clientes de petrolíferas angolanas, que fazem o bike tour da Tundavala até a Serra da Leba. Enquanto os homens vêm para pedalar, as suas esposas e filhos fazem a trilha”, adiantou.
Fez saber que de 28 de Fevereiro a 03 de Março vão levar a trilha na Bolsa de Turismo de Lisboa, que vai estar em sintonia com a trilha Vicentina feita para além de portugueses, por alemães, italianos, noruegueses, polacos, dinamarqueses, finlandeses, entre outros turistas.
Manifestou que a adesão da trilha Mumuila ainda é baixa, pois estão com três passeios/ano, numa periodicidade quadrimestral, onde os grupos dificilmente chegam a 20 cada, mas o impacto tem sido forte, pelo que existe a perspectiva de no ano em curso terem 10 caminhadas no local e em 2025 tentar duplicar.
Agência trabalha na melhoria da trilha
Carlos Bumba admitiu que a trilha ainda precisa ser cuidada, pelo que, no âmbito do Mapa Turístico da Huíla, vai ter a sinalética turística, que consiste em marcos que vão direccionar as pessoas.
Vão ainda nivelar algumas zonas, porque o terreno está acidentado e depois têm ainda as correntes fluviais subterrâneas, que na fase das chuvas, vêm à superfície e cria as pequenas ravinas que precisam ser revistas.
Ao fazer a trilha, recomendou aos turistas que contactem uma agência de turismo ou guias de turismo por terem planos de contingência, para dar respostas às situações de saúde que possam ocorrer no momento.
Para além da trilha Mumuila, no Lubango existem mais quatro já identificadas, nomeadamente a da Barragem das Neves a Tundavala, a da Mundinde (nome da aldeia do Cristo Rei), que é de escalaminhada (escalar e caminhar), da zona da SOS e da Missão Católica da Huíla. EM/MS
