Benguela – Após anos de subaproveitamento das suas potencialidades, o Parque Natural Regional da Chimalavera, na província de Benguela, vai finalmente entrar em obras de reabilitação, a partir de 2025.
Por José Honório, jornalista da ANGOP
Uma obra ansiada há muitos anos pela população, principalmente os amantes da natureza, o projecto de reabilitação do Parque Regional da Chimalavera, hoje às moscas, é uma iniciativa do Ministério do Ambiente e do Governo Provincial de Benguela.
O objectivo é proporcionar aos habitantes e turistas, em Benguela, uma nova imagem daquele tesouro ambiental para protecção de espécies vegetais e animais, com predominância para Cabra de Leque.
Segundo o chefe de Departamento do Turismo, em Benguela, João Calete, a obra arranca no próximo ano e, após a sua conclusão, a gestão passará para o Ministério do Turismo, tendo em vista a promoção do espaço.
Dá conta de que o projecto consiste no restauro de algumas infra-estruturas em estado de degradação, incluindo a vedação, anteriormente em estacas de betão e arame, e hoje inexistente.
Para ele, as condições actuais do parque não são boas, o que coloca em risco a segurança dos animais, daí a pretensão das autoridades de melhorar a vedação e os equipamentos de alojamento e restauração, para acomodar os turistas.
Aponta como outra vertente do projecto a biodiversidade no parque, ou seja, o repovoamento animal, sob a égide do Ministério do Ambiente.
“Neste momento, temos lá poucos animais, desde a Cabra de Leque a algumas aves. Precisamos de ter mais animais para atrair mais gente para o parque”, assevera.
Em face disso, referiu, o parque está a funcionar a meio gás, estando praticamente “às moscas”, sem o enorme fluxo de turistas dos últimos anos.
Caça furtiva ameaça fauna
João Calete pensa que o reforço da fiscalização, com os guardas florestais, também faz parte do projecto de reabilitação do Parque Regional da Chimalavera.
E aproveitou para denunciar que os poucos animais existentes no Parque Natural Regional da Chimalavera estão a ser alvo de caça furtiva, à semelhança do que também sucede no parque privado ambiental do Kapembawe.
Apesar do investimento avultado no parque do Kapembawe, ele avisa que os caçadores já estão a pular a cerca para caçar os animais, provenientes do Botswana e Tanzânia.
A situação levou ao encerramento temporário desse parque privado, para obras de reabilitação e construção da vedação, como adiantou.
“Porque existia um lugar que é próximo do rio, que não estava vedado. Os animais saiam do parque, iam para o rio e já não voltavam”, explicou, reconhecendo que o Kapembawe vai reabrir as portas.
Por dentro do Parque da Chimalavera
Localizado a cerca de 30 quilómetros da cidade de Benguela, a Chimalavera tem uma área de 150 quilómetros quadrados.
Foi estabelecida como reserva especial pelo Diploma Legislativo nº 4124 de 05.06.1971 e elevada à condição de Parque Natural Regional pela portaria nº 352 de 15.04.1974.
Constituída por uma planície elevada rodeada por montanhas mais ou menos escarpadas e com altitudes variando entre os 50 m e os 265 m, o parque, em razão da inexistência de rios ou lagoas, depende o abeberamento dos animais a um furo e uma rede de bombagem e de tanques de distribuição, há muito inoperante.
Actualmente, é efectuada por autotanque que, de forma irregular e insuficiente, vai fornecendo água nos dois bebedouros existentes.
A cobertura vegetal é escassa e constituída por vegetação herbácea rasteira (capim) e espinheiras (acácias).
Apesar disso, consegue manter pequenos núcleos de Cabra de Leque, além de pequenos bandos de macacos - o Macaco Cão - sobretudo quando há água.
Outrora existiam outras espécies no parque como Zebras, Cabra das Pedras, Chacais, entre outras. JH/CRB