Memorial potencia crescimento do turismo no Cuito Cuanavale

     Turismo           
  • Cuando Cubango     Segunda, 25 Março De 2024    09h09  
Memorial do Cuito Cuanavale
Memorial do Cuito Cuanavale
Júlio Vilinga-ANGOP

Menongue - O Cuito Cuanavale promete transformar-se num dos maiores pontos de atracção turística do país pelas potencialidades do memorial nele erguido em homenagem aos combatentes tombados na histórica batalha travada na região.

Por Maurício Mangala, jornalista da ANGOP

Mesmo ainda sem infra-estruturas de apoio, o Memorial dedicado aos heróis da Batalha do Cuito Cuanavale (BCC) já regista um movimento considerável de visitantes de vários países, atraídos por curiosidades sobre a história da batalha que libertou toda uma região, a África Austral.

São maioritariamente cidadãos dessa região e de Cuba aos quais se espera que venham juntar-se visitantes de outros quadrantes, a julgar pelo crescente reconhecimento  internacional do impacto da Batalha do Cuito Cuanavale, decorrida de 15 de Novembro de 1987 a 23 Março de 1988.  

Segundo o director do Memorial da BCC,  tenente-coronel António Tchilulo Caluçhua, a estrutura recebe, em média, sete mil turistas de diversas nacionalidades, anualmente, com tendência para um aumento significativo, nos próximos anos.

Em declarações à ANGOP, por ocasião do 36.º aniversário do fim da Batalha do Cuito Cuanavale e Dia da Libertação da África Austral, assinalados em 23 de Março, o oficial precisou que,  em 2023, foram contabilizados sete mil 657 visitantes.

De Janeiro de 2024 até à primeira quinzena de Março, prosseguiu, o Memorial registou 696 visitantes de vários países, com destaque para Cuba, Namíbia, África do Sul, Botswana e Zâmbia, sem falar dos turistas nacionais.

Indicou que o maior interesse dos turistas consiste em perceber melhor os contornos da história da Batalha do Cuito Cuanavale e todo o seu acervo existente, desde antigos materiais de guerra até peças de cultura do povo Ovanganguela, bem como a beleza natural da confluência dos rios Cuito e Cuanavale.

Sobre as infra-estruturas de apoio e acolhimento de turistas, reconheceu haver “muitas debilidades”, pois que não existem, na vila, unidades de suporte como bares, restaurantes, hotéis e similares.

Assegurou, contudo, sem detalhar, que estão a ser criadas as condições para que, nos próximos anos, os turistas possam encontrar melhores opções de acolhimento e acomodação.

A este propósito, sabe-se, por exemplo, que foi já adjudicada a segunda fase de construção do Memorial, cuja conclusão vai permitir que os turistas encontrem espaços de lazer e acomodação, entre outros atractivos turísticos.

O trabalho engloba a construção de habitações modernas para a população local e casas protocolares bem como a criação de serviços e equipamentos que vão proporcionar o bem-estar da população local, como energia elétrica e água potável.

Elevação a Património da Humanidade

O valor turístico do Memorial vai reforçar-se mais ainda quando se concretizar a sua elevação a Património da Humanidade, tal como projectado pelo Governo angolano que está a trabalhar no processo.

Segundo as autoridades angolanas, já foram dados “grandes passos” com vista à efectivação do projecto.

Para além das questões de infra-estruturas, o processo abarca também elementos técnicos e administrativos que estão a ser tratados com peritos da Organização das Nações Unidas para a Ciência, Educação e Cultura (UNESCO).

Os peritos da UNESCO já trabalharam, no Cuito Cuanavale, na criação de condições para o efeito, e um dos pressupostos exigidos reside na reconstituição do cenário na região, tendo em atenção como era o município antes do período da BCC.

No início deste ano, o Governo da província do Cuando Cubango realizou o primeiro Fórum dos Investidores da Região Angolana do Okavango, para propiciar condições de atracção turística, tendo em conta o potencial da região.

A região dispõe da maior bacia hidrográfica do Projecto Transfronteiriço Okavango-Zambeze, através dos rios Cuando e Cubango.

Contornos do Memorial 

Quanto ao conteúdo da informação que o Memorial oferece, o director esclareceu que o visitante toma contacto com a história da BCC, a começar pelos primeiros recuos e avanços das forças governamentais, antes da sua progressão para o epicentro da guerra e a sua desenvoltura até ao dia 23 Março, dia da batalha final e da declaração da vitória.

Na óptica de António Caluçhua, a passagem do 23 de Março de data de celebração nacional para feriado regional,  como Dia Libertação da África Austral, representa “uma visão e um ganho muito grande” que desperta curiosidade internacional.

Do conjunto escultórico estacionado na praça do Memorial da BCC, erguido numa área de 3,5 hectares, destaca-se o Monumento aos Soldados, uma escultura em bronze com 21,5 metros de altura e 110 toneladas peso.

Está ilustrada com dois soldados, sendo um angolano e outro cubano, a segurarem o mapa de Angola como símbolo da defesa da integridade territorial do país e em representação da solidariedade e amizade, entre os dois povos.

Outra peça é o Monumento da Bandeira Nacional, com 55 metros de altura e mil metros quadrados de área útil, revestido de pedras graníticas e elementos de bronze.

O monumento retrata uma arma envolvida pela bandeira nacional, com um miradouro no seu “Ponto de Mira” cujo acesso principal é feito por elevador.

Do Miradouro é possível vislumbrar a plenitude da vila heróica, bem como a confluência dos rios Cuito e Cuanavale que dão nome ao município, assim como o Triângulo do Tumpo, o epicentro das operações militares.

O Memorial conta ainda com um Museu a céu aberto, a expor todo o material bélico usado durante os combates, incluindo peças de artilharia e equipamentos de aviação.

Impacto Internacional da Batalha

Entre outras consequências, a derrota do Exército sul-africano precipitou a implementação da Resolução 435 das Nações Unidas sobre a Independência da Namíbia, até então ocupada pela África do Sul, que aceitou negociar a assinatura dos Acordos de Paz de Nova Iorque, em 22 de Dezembro de 1988.

A Independência da Namíbia viria finalmente a consumar-se, a 21 de Março de 1990, como corolário dos Acordos de Nova Iorque assinados pelos governos de Angola, África do Sul e Cuba.

Durante os confrontos, as tropas cubanas combateram ao lado dos efectivos das Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (FAPLA). 

O fim do regime do apartheid, na África do Sul, e a consequente libertação de Nelson Mandela depois de 27 anos de prisão figuram igualmente no centro dos ganhos da BCC.

Por seu turno, Angola e Cuba, numa verdadeira saída vitoriosa do confronto militar com um dos mais poderosos exércitos do mundo, decidiram aceitar o regresso a Havana das tropas internacionalistas cubanas, cuja intervenção foi determinante no desfecho da batalha que ditou a libertação da África Austral.

“O Cuito Cuanavale foi a viragem da luta de libertação do meu continente e do meu povo”, reconheceu Nelson Mandela depois de se tornar no primeiro Presidente negro da África do Sul. MSM/FF/IZ

 





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