Lubango – O acesso público às primeiras edificações do Lubango, província da Huíla, que se encontram dentro de uma propriedade da Omatapalo, desde 2015, vai ser mais facilitado, fruto de um acordo entre o Governo, Associação de Guias de Turismo e Servidores Artísticos de Angola (AGTSA) e o privado.
Os Barracões é a zona onde se instalaram os madeirenses que fundaram a colónia de Sá da Bandeira (actual Lubango) em 1885. Situado no bairro Camumuila, à margem direita do rio Caculuvar, perto de oito quilómetros a Este da cidade do Lubango, foi classificado como sítio histórico e cultural pelo Despacho Presidencial 62, de 11 de Novembro de 1995.
Do referido património histórico-cultural classificado fazem parte os armazéns que deram o nome de barracões à zona, que foram as primeiras residências dos madeirenses, o cemitério onde os mesmos foram sepultados, o Marco Zero e a capela onde se rezou a 1ª missa.
O local que supostamente tinha uma fazenda foi adquirido pela empresa Omatapalo em 2009, que reabilitou e recuperou os barracões e em 2015 colocou um muro nas primeiras habitações do Lubango por estarem dentro da sua propriedade e deixou-se de ter o acesso livre.
Em declarações à ANGOP, ao falar do assunto, o presidente da AGTSA, Carlos Bumba, afirmou que para se fazer visita era preciso emitir uma carta para a direcção da Omatapalo e nem sempre respondia positivamente, impedindo assim as visitas de turistas ao local.
Declarou que fruto do encontro mantido na semana passada entre o Governo, através do Gabinete da Cultura, Turismo, Juventude e Desporto da Huíla, Omatapalo e AGTSA ficou acordado que o acesso passa a ser livre para todos, desde que estejam acompanhados de guia, por causa do enquadramento geo-histórico do local.
“As visitas guiadas sim, mas outras sem recurso a um guia, penso que não vai ser possível. A empresa pede ainda uma solicitação antecipada por via de um documento ou ligação. A associação está a pensar em instalar no local um posto de informação turística para que o turista tenha informação privilegiada e possa visitar o local”, continuou.
Segundo Carlos Bumba, o património arquitectónico que faz parte da herança cultural da cidade, é um bem contemplado nas cartas de Roma e a de Atenas, em que Angola é subscritora, documentos que falam do património cultural que deve ser preservado.
Conta ainda que de acordo com a Lei do Património Cultural, 14/05, de 14 de Maio de 2005, que resguarda a preservação do património material e tangível, o bem deve ser respeitado e o anel à sua volta deve ser livre, uma zona de inviolabilidade, só depois de 200 metros é que devem ser edificadas outras infra-estruturas, o que não acontece na zona dos barracões.
Sobre o mesmo assunto, o director do Gabinete provincial da Cultura, Turismo, Juventude e Desporto da Huíla, Osvaldo Lunda, disse que o encontro serviu para perceber e debelar algumas incompreensões que existiam no acesso aos edifícios dos Barracões que encontram-se dentro de uma propriedade privada.
“O que existia no quesito Barracões era uma falta de comunicação. Conseguimos perceber que, sendo um espaço privado, é normal que o seu acesso passe por normas, o que às vezes acontecia é que os turistas queriam ter acesso ao local sem uma prévia autorização, o que não é possível ", disse.
Avançou que ficou acordado que por parte da empresa não existe qualquer inconveniência de acesso ao espaço, desde que previamente comunicados do dia e horário que os turistas ou qualquer outra instituição queira fazer.
Sobre a questão das ruínas estarem ou não em património privado, o Gabinete solicitou a confirmação junto da administração do Lubango, para poderem ter a informação concreta, mas a primeira que têm é que todo aquele espaço é privado.
Lembrou que em parte do monumento, o acesso é público, nomeadamente a igreja, obelisco e o cemitério, todavia, apenas as ruínas estão dentro do espaço privado. EM/MS