Lobito – Trabalhadores do Caminho de Ferro de Benguela iniciaram esta quinta-feira uma greve de seis dias, por desentendimento com a direcção da empresa relativo ao aumento salarial em 50 por cento e ao fornecimento de cesta básica mensal.
De acordo com o secretário-geral do Sindicato dos Transportes e Telecomunicações, Bernardo Henrique, a oferta da empresa em aumentar seis por cento para aqueles que auferem salários mais altos e 12 para os mais baixos não influencia no poder de compra dos trabalhadores.
“O fornecimento da cesta básica de dois em dois meses também não ajuda, uma vez que o salário é muito baixo. Há quem ganha 39 mil kwanzas", disse.
Disse, por outro lado, que para garantia dos serviços mínimos estavam previstos dois comboios na frequência Lobito/Benguela, sendo um às 6h25 e outro às 15h00, assim como os serviços de limpeza nas instalações da empresa e a segurança do património em geral.
Denunciou que a direcção está a solicitar a prestação de trabalhadores já reformados para preencherem a escala dos outros comboios, afirmando que “hoje, saiu um comboio de carga para o Luena, província do Moxico, transportando cimento”.
Bernardo Henrique confirmou, no entanto, ter recebido uma notificação da empresa para uma reunião, esta sexta-feira, com o Conselho de Administração, que contará com a participação do ministro dos Transportes, Ricardo D’Aberu.
“Vamos escutar o que o ministro tem para nos dizer e nós também vamos apresentar as nossas propostas, porque o importante é chegarmos a um entendimento e fazer a empresa funcionar como dever ser”, afirmou.
Lembrou que as reclamações dos trabalhadores tiverem início em Dezembro do ano passado e já houve reuniões ao mais alto nível, nomeadamente com o secretário de Estado para os Transportes e Telecomunicações, António Custódio, por vídeo-conferência, e mais recentemente com o governador da província, Luís Nunes, para se dirimir o diferendo que opõe as duas partes.
Entretanto, o porta-voz do Conselho de Administração do CFB, António Hungulo, contactado pela imprensa, afirmou que é normal que existam diferenças entre a entidade patronal e os trabalhadores, mas deve prevalecer o bom senso para o bem da empresa.
O responsável informou que a greve não teve uma adesão massiva e que o Conselho de Administração continua aberto ao diálogo.
Para ele, todo aquele trabalhador que se sentir lesado, dentro das suas funções, deve procurar a direcção dos Recursos Humanos para se informar sobre os seus direitos e evitar especulações.
O CFB é a maior companhia ferroviária de Angola, atravessando o país desde a cidade costeira do Lobito, na província de Benguela, até ao Luau (Moxico), com 67 estações e mil e 866 quilómetros de extensão de linha férrea.