Luanda – A gestão do espaço aéreo nacional é efectuada ainda por um sistema de controlo analógico, mas que garante a integridade do tráfego de aeronaves no ar e em terra, afirmou, terça-feira, a chefe da Torre de Controlo de Luanda, Heraclides dos Santos.
Em declarações à ANGOP, em alusão ao Dia Internacional do Controlador de Tráfego Aéreo, que se assinala hoje (dia 20 de Outubro), a gestora fez uma avaliação positiva do controlo de tráfego aéreo em Angola, apesar dos condicionalismos que o sector enfrenta.
Segundo a responsável, o controlo de tráfego aéreo em Angola é convencional, isto é, sem um radar, mas de forma coordenada, segura e expedita das aeronaves. “É dos sistemas mais antigos em uso. O país nunca operou a migração para o sistema digital por causa de um radar” - lamentou.
Para a controladora de tráfego aéreo, o trabalho é desempenhado com normalidade e segurança, mas existem vários constrangimentos no dia-dia, sobretudo, na qualidade e velocidade da informação entre a torre e os pilotos.
Ainda assim, disse a fonte, conseguimos cumprir com os objectivos da nossa missão, que passa por, fundamentalmente, evitar as colisões entre aeronaves e fazer a gestão do tráfego de forma coordenada, segura e expedita.
Relativamente ao sistema de vigilância pelo radar, a chefe da torre disse que transmite mais segurança, pois permite projecções em 3D sobre tela, que nos dias de hoje se afigura como primordial para o exercício no sector.
“O Radar é um controlo evoluído que permite monitorar melhor o fluxo de aeronave dentro da frequência e com mais informações espaciais”, explicou, realçando ainda que a maioria dos países já usa o radar, em participar os da África Austral, onde já não se utiliza a componente convencional.
Em relação a horizonte para a aplicação de um radar, a interlocutora disse não existir para breve.
Em Angola, referiu, o serviço de controlo de tráfego aéreo, através de uma torre de controlo é efectuado apenas em três províncias, Luanda, Benguela (Catumbela), Huíla (Lubango) e em Cabinda. As demais reportam as informações dos voos e recebem autorização a partir de Luanda - capital do país.
A Empresa Nacional de Navegação Áerea (ENNA), a nível nacional, tem sob controo 94 controladores de Tráfego Aéreo, dos quais 76 em Luanda, dentre estes 22 são mulheres.
De acordo com a especialista, o programa de actividade para saudar a data, iniciou segunda-feira, com palestras, dentre outros, reserva um almoço de confraternização entre os membros da classe.
Angola iniciou, desde 2013, o Programa de Gestão e Controlo do Espaço Aéreo Civil (PGCEAC), que tem como objectivo a modernização, segurança operacional na navegação aérea bem como uma melhor qualidade dos serviços de controlo de tráfego aéreo na região.
O Dia Internacional do Controlador de Tráfego Aéreo foi instituído em 1960 para homenagear o profissional responsável pela gestão, organização e monitorização do tráfego de aeronaves no espaço aéreo, a fim de prevenir colisões.
Nesse evento, na Grécia, houve a criação da Federação Internacional de Controladores do Tráfego Aéreo (IFATCA, em inglês, International Federation of Air Traffic Controllers Associations).
Regulamentação e complexidade do serviço
Aos países signatários da Convenção de Chicago (também conhecida como Convenção sobre Aviação Civil Internacional), a actuação do controlador de tráfego aéreo é reconhecida como profissão.
Esta actividade torna-se cada vez mais complexa, devido ao crescente número de aeronaves que cruzam o espaço aéreo e ao surgimento de aeronaves cada vez mais modernas e rápidas, as quais voam conjuntamente com outras mais antigas e lentas.
Os controladores de tráfego aéreo necessitam de diversas habilidades para exercer, de maneira eficiente, o seu trabalho.
Os controladores de tráfego aéreo são aqueles que permanecem em torres de controlo, existentes em todos os aeroportos. Eles são responsáveis pela emissão de autorização de descolagens e aterragens das aeronaves, por isso, entram em contacto com os pilotos.
Assim, o controlador de tráfego aéreo é a pessoa que organiza e monitora o tráfego de aeronaves no espaço aéreo pertinente, para que não haja choques entre aeronaves. É também sua responsabilidade dar suporte aos pilotos em caso de problemas no voo.
O profissional deve possuir alguns requisitos para actuar como controlador de tráfego aéreo como concentração, responsabilidade, controle emocional, raciocínio rápido, bem como capacidade de actuar em variados turnos e rápida capacidade de adaptação de mudanças operacionais.
Para se tornar controlador de tráfego aéreo é necessário adquirir conhecimento, dentre outras, nas seguintes áreas: Meteorologia, navegação aérea, geografia (relevo e acidentes geográficos da região), língua inglesa, reconhecimento e desempenho de aeronaves, normas de tráfego aéreo.
Responsabilidade e áreas de actuação
O controlador de tráfego aéreo possui enorme grau de responsabilidade. Uma falha pode significar a perda simultânea de centenas de vidas. Dentre os serviços prestados por estes às aeronaves, o de Vetoração Radar é o que confere ao controlador o maior nível de responsabilidade.
No acto da prestação deste serviço, o controlador literalmente assume a navegação da aeronave transmitindo instruções de velocidade, proa e altitudes a serem executadas pelo piloto.
Além da segurança dos passageiros e tripulantes, a actuação do controlador, seja adequada ou inadequada, pode significar, respectivamente, economia ou prejuízo para as companhias aéreas e para a aviação geral.
Sabe-se hoje que as crises do sector aéreo podem afectar a vida política, comercial e social de um país. Pois, o avião deixou de ser um transporte somente de pessoas a passeio e transformou-se no mais importante meio de transporte.
Diferentemente de outros profissionais, o controlador de tráfego aéreo não pode ser facilmente deslocado de uma área de trabalho para outra. Para isso, são necessários meses de treinamento e adaptação a fim de obter o nível adequado de operacionalidade na nova localidade.
A actividade é tão complexa que é dividida em cinco áreas: Centro de Controle de Área, Controle de Aproximação, Torre de Controlo, Busca e Salvamento, e Defesa Aérea.
Mesmo após formado, o controlador que for transferido de uma aérea para outra ou de uma localidade para outra dentro da mesma área de actuação precisa passar por meses de estágio operacional a fim de tornar-se capaz de realizar o serviço.