Benguela – A Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC) garante estarem criadas as condições para a certificação ICAO7 do Aeroporto Internacional da Catumbela, na província de Benguela, afirmou, nesta sexta-feira, o administrador executivo da instituição, Manuel Chagas Gonçalves.
Com capacidade projectada para 2.2 milhões de passageiros por ano, a certificação ICAO7 (International Civil Aviation Organization, na sigla inglesa) do Aeroporto da Catumbela permitirá, na prática, a operação de aeronaves com comprimento fora-a-fora entre 39 e 49 metros (exclusive) e largura máxima da fuselagem de cinco metros.
Falando em Benguela, numa conferência de imprensa sobre o ponto de situação do referido processo, com cinco fases, Manuel Chagas Gonçalves assegura que a ANAC está em condições de fornecer o certificado de aeroporto internacional ao também conhecido como Aeroporto Paulo Teixeira Jorge, embora o processo ainda não esteja, de todo, concluído.
“Estamos neste momento a culminar este processo de certificação do Aeroporto da Catumbela”, referiu, salientando ter sido um processo bastante árduo, cumprindo-se já com as fases 1, 2, 3 e 4, faltando ainda a quinta e última: a publicação das informações do certificado de Aeródromo no AIP (Aeronautical Information Publication).
Segundo o responsável, este processo, que está já na sua quarta e penúltima fase, teve o seu início no dia 9 de Março de 2023 e a ANAC acompanhou, de perto, a solicitação feita pela Sociedade Gestora de Aeroportos (SGA).
Só que, notou, naquele período e devido à própria complexidade do processo, houve uma suspensão, por não estarem reunidas todas as condições que “permitissem que saíssemos da primeira fase de certificação”.
“Recuperadas as não conformidades, houve então um reinício do processo a 31 de Maio de 2024”, esclareceu, garantindo que este processo está encerrando a quarta fase, que é a tomada de decisão ou concessão ou não do certificado de aeródromo.
“Da avaliação feita pelos nossos técnicos, nós podemos dizer que a ANAC está em condições de fornecer o Certificado de Aeroporto Internacional ao Aeroporto Paulo Teixeira Jorge”, reforçou.
Mesmo assim, deixou claro que o processo não está finalizado completamente, isto porque ainda faltará a quinta e última fase, de tal maneira que venha a ser atribuído o certificado internacional propriamente dito ao Aeroporto da Catumbela, sem avançar a data.
Por isso, tranquilizou a população e os empresários da província de Benguela, referindo que as questões que podem ser sanadas não têm nada a ver com o âmbito da segurança operacional do aeroporto, um aspecto que está devidamente acautelado face aos investimentos adicionais feitos na infra-estrutura.
Para Manuel Chagas Gonçalves , das avaliações do processo de certificação, aferiu-se “que não está a 100 por cento”, o que, a seu ver, é muito normal acontecer na aviação.
“Então vamos partir para a fase de certificação final com algumas questões não de segurança operacional, mas que podem ser sanadas durante o período de inspecções e demonstrações aquando da atribuição do certificado”, frisou.
Benefícios
Já a presidente do Conselho de Administração da Empresa Nacional de Navegação Aérea (ENNA), Bernarda de Paiva Henriques, focalizou os grandes benefícios que o processo de certificação internacional do Aeroporto da Catumbela trará para a província de Benguela.
Daí ter adiantado que, com a certificação do Aeroporto da Catumbela, a ENNA também tem que criar condições no sentido de agregar valor àquilo que são os serviços prestados, que passarão da vertente doméstica para internacional.
Para isto, destacou que a ENNA está a trabalhar em coordenação constante com os demais parceiros, para garantir que a operação das aeronaves, quer nas rotas domésticas, quer internacionais, se faça em condições de segurança dentro dos padrões exigidos.
“Também tivemos que nos adequar no sentido de fazer com que essa certificação seja uma realidade dentro de todos aqueles padrões e requisitos da ANAC, bem como da Organização Internacional da Aviação Civil (ICAO, em inglês)”, pontuou, acreditando que brevemente o tráfego internacional será uma realidade no Aeroporto da Catumbela.
Sobre o Aeroporto da Catumbela
Projectado para operar como um aeroporto internacional, o Aeroporto da Catumbela foi inaugurado em Agosto de 2012. É considerado como uma alternativa viável ao Novo Aeroporto Internacional Dr. António Agostinho Neto (AIAAN), em Luanda.
Trata-se de uma moderna infra-estrutura aeroportuária, com uma pista de três mil e 700 metros de comprimento e 45 de largura, capaz de receber, em simultâneo, três aviões de grande porte como o Boeing 777-300 em horas de pico (mas não permitido com categoria ICAO7).
Na prática, esta categoria ICAO7 destina-se a aeronaves como Boeing 737-900, uma versão alongada do popular 737, com capacidade para transportar mais passageiros em rotas de médio alcance; o Airbus A321, uma aeronave de corredor único que é amplamente utilizada em voos domésticos e internacionais de curta e média distância.
Ainda inclui o Boeing 757-200. Conhecido por sua eficiência em rotas transcontinentais, este modelo é frequentemente utilizado por companhias aéreas para voos de médio alcance.
Por isto, a certificação ICAO7 é um passo crucial para a expansão das capacidades do aeroporto, não só aumentando a sua capacidade operacional, mas também fortalecendo a sua posição como uma alternativa viável ao Novo Aeroporto Internacional Dr. António Agostinho Neto. JH/CRB