Luanda - A III edição da conferência NewSpace Africa (Conferência Espacial de África 2024), realizada de 02 a 05 de Abril, em Luanda, encerrou hoje, sexta-feira, com uma visita a alguns pontos turísticos para permitir que os delegados internacionais e nacionais possam visualizar o potencial turístico angolano.
Entre os locais visitados na capital de Angola, consta o Museu Nacional de História Militar e a Bahia de Luanda.
O certame reuniu mais de 600 pessoas, dos quais 200 delegados internacionais, 347 nacionais e um universo de 100 estudantes que se enteiraram dos programas espaciais africanos e do mundo.
O evento, que contou com stands da NASA (Agência Espacial dos EUA), da Agência Espacial Europeia (ESA), da SANSA (África do Sul) e da KSA (Quénia), reuniu representantes de 54 países, com destaque para emissários da NASA, agência espacial europeia, bem como da Rússia e da China.
Foi analisada como a tecnologia poderá ser usada para resolver a situação da pobreza com que África se debate, no sentido do potencial transformador da tecnologia espacial em questões ligadas à agricultura, saúde e segurança.
O maior evento espacial do continente, foi organizado pela Space in Africa, em parceria com a União Africana e o Gabinete de Gestão do Programa Espacial Nacional (GGPEN), reunindo decisores, representantes de Governos, líderes de academias e da indústria espacial africana, num ambiente que procurou ainda avaliar o papel do espaço na redução do fosso da pobreza.
No acto de abertura, o ministro das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social, Mário Oliveira, afirmou que Angola lidera o Comité de Direcção, no âmbito do programa de partilha de satélite da SADC, por ter o escritório regional instalado e a funcionar em Luanda.
Ao discursar na abertura da III edição da Conferência Espacial de África (NewSpace Africa 2024), o governante acrescentou igualmente que o país tem uma presença relevante no Comité Consultivo da Organização Internacional de Satélite e, deste modo, “podemos dar o nosso contributo para o fortalecimento e engrandecimento da indústria espacial angolana, tornando-a ao serviço dos africanos”.
Na ocasião, apontou que, a utilização e gestão coordenada do espaço radiofrequência e das órbitas dos satélites geoestacionários e não geoestacionários, que são recursos escassos ilimitados, têm sido defendidos amplamente por Angola, em fóruns internacionais como a Conferência Mundial de Rádiocomunicações (WRC-23) da UIT, do qual o país tem tido um papel activo nessas matérias.
Mário Oliveira disse que o Executivo tem implementado diversas acções para garantir que o país assuma um papel de co-liderança na região e participe de modo relevante no contexto internacional em matéria espacial.
Já no encerramento assegurou que Angola está comprometida em trabalhar no desenvolvimento do programa espacial e das infra-estruturas de telecomunicações como suporte importante para o desenvolvimento da economia do continente.
Segundo o governante, no Livro Branco das Telecomunicações e Tecnologias de Informação e Comunicação, e na Estratégia Espacial Nacional 2016-2025, fez saber que o Executivo angolano orientou a concepção, construção, desenvolvimento e colocação em órbita de um satélite de telecomunicações, denominado Angosat-2, pondo Angola num grupo restrito de quatro países africanos proprietários de um satélite de telecomunicações, nomeadamente a Angola, Nigéria, Argélia e o Egipto.
Já o director-geral do Gabinete de Gestão do Programa Espacial Nacional (GGPEN), Zolana João, fez saber que a implementação da Estratégia Espacial Nacional 2016-2025 está a alcançar resultados concretos, e a contribuir para a melhoria de vida dos angolanos.
Por seu turno, o director-geral da Space In Africa, Temidayo Oniosun, destacou que a conferência mostra o compromisso para a colaboração e desenvolvimento no sector do espaço ao nível do continente.
O mesmo fez saber que os departamentos de Gestão Espacial Africanos investiram, nos últimos sete anos, num valor avaliado em três mil milhões de dólares americanos (um dólar vale em Kz 832, 632), em estruturas satélites de comunicação, a nível do continente.
Ao longo do evento, foram rubricados alguns acordos de cooperação, com o fim de expandir a disponibilização e utilização dos serviços do satélite angolano (Angosat-2).
Os acordos foram rubricados entre o Gabinete de Gestão do Programa Espacial Nacional (GGPEN), a empresa de telecomunicações MSTelcom e a Universidade do Ghana.
Os respectivos acordos foram assinados em momentos separados pelo director do GGPEN, Zolana João, e pela presidente da Comissão Executiva da MSTelcom, Felisberta de Jesus, bem como pelo professor da Universidade do Ghana, Boateng Onwona.
No evento, os especialistas que participam na NewSpace Africa (Conferência Espacial de África 2024) destacaram o contributo das aplicações espaciais para gestão de recursos naturais.
O director-geral do Centro de Monitoramento Ecológico, Cheikh Mbow, sublinhou a necessidade de abraçar a aquisição de dados para as questões ambientais que se encontram em constante alteração, fazendo recursos a uma série de aplicativos.
Já o presidente da Associação Africana de Sensoriamento Remoto do Meio Ambiente (AARSE), Kamal Labbassi, disse que a organização tem estado a sensibilizar os governos africanos e as instituições privadas sobre os benefícios da gestão da terra ligadas à gestão espacial.
Ao intervir no tema” Optimizando o Investimento ", a gestora de Operações da empresa sul-africana, Simera Sense, Ana Mia Louw, salientou que os países africanos devem ter um olhar competitivo para a indústria espacial, investindo no crescimento sustentável e na formação juvenil.
Para a gestora, a África é o local certo para se investir e os líderes africanos devem encorajar os investidores a vir ao continente.
A III edição da New Space Africa,que decorreu no Centro de Convenções de Talatona (CCTA), tratou-se de uma “enorme exposição” de 28 organizações proeminentes da indústria espacial global e 24 outras empresas que apresentaram as suas soluções e serviços aos mais de 600 delegados. HM/AC