Luanda – O satélite ANGOSAT-2, lançado em órbita na quarta-feira, 12, percorre o seu trajecto normal rumo à posição 23E do espaço geoestacionário.
Segundo o ministro das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social, Mário Oliveira, que falava durante uma recepção oferecida a delegação angolana presente em Baikonur, Cazaquistão, pela embaixada de Angola na Rússia, os dados de telemetria nominais transmitidos pelo satélite apontam para um comportamento normal e seguro.
Mário Oliveira deu a conhecer que estão já abertas as antenas das bandas KU e C, bem como o painel solar que permite o carregamento das baterias.
O ministro adiantou que, pela velocidade que leva superior à prevista, o satélite poderá chegar ao ponto programado antes da previsão inicial.
Os dados nominais transmitidos, conforme o ministro, são óptimos e vão diminuindo as probabilidades de falhas à medida que o satélite cumpre a sua trajectória normal.
O trajecto, adiantou, está a ser monitorizado pela equipa angolana localizada no Centro da Funda (Luanda) e pelos técnicos russos.
Mário de Oliveira avançou que o ANGOSAT-2 poderá colocar Angola na linha da frente em termos de modernização das telecomunicações, comunicações de dados e voz, bem como dos serviços inerentes a outros domínios.
O satélite, que foi enviado por volta das 20 horas locais, 16 horas em Angola, pesando duas toneladas e uma alta capacidade de transferência de informação, percorreu 36 mil quilómetros da superfície terrestre até à órbita geoestacionária.
O ANGOSAT-2 tem uma capacidade de transmissão sete vezes maior que a do ANGOSAT-1, que tinha 16 retransmissores na Banda C e seis na Banda KU.
Com 15 anos de tempo de vida útil, o ANGOPST-2 tem ainda seis “transponders” na Banda C, 24 na Banda KU e, como novidade, um retransmissor na Banda KA.
Trata-se de um satélite de Alta Taxa de Transmissão (HTS), com peso total de duas toneladas, preparado para disponibilizar 13 gigabytes em cada região iluminada (zonas de alcance do sinal do satélite). O mesmo será baseado na plataforma Eurostar-3000.
O satélite vai cobrir o continente africano, com maior ênfase para a região sul, e parte significativa do sul da Europa.
Este satélite começou a ser construído a 28 de Abril de 2018, nas instalações da Airbus, em França, onde foi instalada toda a carga útil do satélite, todos os componentes que estão a permitir o seu funcionamento.
A estrutura foi depois transferida para a fábrica da ISS Reshetnev, na cidade "fechada" de Zheleznogorsk, próximo de Krasnoyarsk, na região da Sibéria, onde foi produzida a carcaça e instalado o mecanismo de arranque. Seguiu-se a transferência para o local de lançamento, na estação aeroespacial de Baikonur, no Cazaquistão, de onde saiu para a órbita espacial.
O ANGOSAT-2 surgiu com a missão de substituir o ANGOSAT-1, o primeiro satélite angolano que foi lançado em órbita a 26 de Dezembro de 2017, mas desde então enfrentou problemas.
A construção é consequência do protocolo complementar entre Angola e a Federação Russa ao contrato de fabricação do ANGOSAT-1, lançado em Dezembro de 2017, mas que depois se perder telemetria no espaço e apresentar problemas após a sua recuperação.
Após o lançamento houve uma perda primária de contacto devido a uma falha no subsistema de alimentação do satélite logo após este entrar em órbita, embora as comunicações tenham sido recuperadas, houve problemas na fonte de alimentação do satélite.
Foi um investimento do Estado angolano de 320 milhões de dólares (269,6 milhões de euros).
O contrato previa, no caso da impossibilidade de se colocar em órbita o ANGOSAT-1, a obrigação da outra parte em repor os serviços. É o que foi feito e culminou com o lançamento do ANGOSAT-2, que agora tem 90 dias de teste até começar a servir o país e o mundo.