Catumbela - Angola pode tirar proveito do processamento de matérias-primas para fabricação de baterias para veículos eléctricos, assim como electrodos para servir o mercado automóvel, soube a ANGOP, esta segunda-feira.
A sugestão é do engenheiro industrial Emanuel Zeferino, que falava à ANGOP, à margem de um palestra sobre a quarta revolução industrial, realizada no Instituto Superior Politécnico Católico de Benguela (ISPOCAB).
"Posso muito bem contribuir com aconselhamentos ao nosso governo em como construir competências para o pré-processamento ou mesmo processamento das materias- primas", afirmou.
Segundo ele, este tema é pertinente devido à transição energética e também à electrificação dos veículos, substituindo-se, aos poucos, aqueles movidos a combustão.
"Os materiais críticos para a produção de baterias (dos quais o lítio) estão maioritariamente concentrados da República Democrática do Congo e no cinturão de cobre que abrange a Zâmbia e são transportados de forma mais rápida pelo Corredor do Lobito", disse.
Por isso, torna-se necessária a dinamização do Corredor por causa desses materiais para a produção das baterias, acrescentou.
Sobre os aspectos mais relevantes transmitidos aos estudantes do ISPOCAB, Emanuel Zeferino disse que o mundo encontra-se numa transição industrial.
"A quarta revolução industrial apresenta fenómenos muito interessantes que têm colocado pessoas em desespero em relação à sua participação activa na economia digital, principalmente a inteligência artificial", comentou.
Desmentiu, no entanto, o facto dos estudantes poderem ser inúteis para a indústria por causa da IA, na medida em que as máquinas só processam os dados que lhes são introduzidos, ao contrário do homem que pensa.
"É muito importante que aumentemos as nossas competências para podermos servir a economia digital que está a começar", alertou.
Fez referência à electricidade interruptivel que é um elemento fundamental para a transformação digital e que os meios de telecomunicações devem estar prontos para o efeito.
"Ha necessidade de trabalharmos fortemente naquilo que é a retenção dos nossos quadros e atrair os que temos lá fora, encontrando uma abertura para trabalhar no país", sugeriu.
O investigador falou da dua experiência de dez anos de trabalho na África do Sul e cerca de dois nos países baixos.
Na África do Sul trabalhou numa fábrica de combios de passageiros, onde fez parte dos projectos.
Além disso, participou em projectos voltados para área de arenonautica, focado em procurar componentes que poderiam ser produzidos localmente.
Como gestor de projectos trabalhou também em processos de digitalização de sistemas logísticos da Coca-Cola Africa.
Convite como palestrante no ISPOCAB
O director-geral do ISPOCAB, padre Adriano Ukwatchali, explicou que encontrou o engenheiro numa das suas visitas a África do Sul, a trabalhar numa das fabricas de comboios rápidos de passageiros.
Disse que o chamou a atenção o facto de ser angolano, ocorredo-lhe a ideia de poder ser uma mais-valia para o Corredor do Lobito no futuro.
Informou que o mesmo está a fazer o doutoramento na "Universidade Twenty", nos países baixos, e no futuro, tão logo termine, espera que possa voltar para se evitar a "fuga de cérebros" e beneficiar o país, particularmente o Corredor do Lobito.
"As instituições do ensino superior em Benguela estão preocupadas com o Corredor e ele pode trazer algum know how (conhecimento) para passar para os estudantes", comentou.
Adriano Ukwatchali acrescentou que a conferência realizada hoje serviu para chamar a atenção aos estudantes para a questão da inteligência artificial, bem como a revolução industrial que está em curso.
"Se o Corredor do Lobito vai funcionar no nosso território, temos de ter os nossos estudantes à altura de responder a demanda que se vai registar", opinou. TC/CRB