Angola alarga cobertura da rede digital

     Tecnologia           
  • Luanda     Terça, 16 Maio De 2023    20h21  
Empresa produz torres de telecomunicações e de transporte e distribuição de energia eléctrica
Empresa produz torres de telecomunicações e de transporte e distribuição de energia eléctrica
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Luanda - A taxa de cobertura da rede digital (rede de comunicação concebida para transmitir os dados sob forma digital) da população rural em Angola, no período 2018-2022, passou de 34,0%, em 2017, para 77,3%, no ano findo.

Por Hermenegildo Manuel, jornalista da ANGOP

O aumento da taxa deve-se à aposta do sector das Telecomunicações e Tecnologias de Informação, desencadeada no quadro do Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN 2018-2022), que tem o Desenvolvimento de Infra-estruturas de Telecomunicações e Tecnologias de Informação como um dos objectivos primários.

O documento define a pretensão de se aumentar a disponibilidade da comunicação, por via da rede móvel, a uma população angolana estimada em mais de 30 milhões.

 Assim, a taxa de teledensidade (índice que mede o número de acessos por grupo de cem habitantes) digital nacional passou de 20,7%, em 2017, para 27,2%, em 2022, de acordo com dados avançados pelo Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN).

Além desses domínios, há outros investimentos nas telecomunicações, em que se destaca a entrada em operação dos cabos submarinos internacionais SACS e Monet, sendo a primeira a ligação de África com as Américas, a partir do Atlântico Sul.

Destaca-se também a entrada em operação do Centro Nacional de Monitorização do Espectro Rádio Eléctrico, a Rede Fibra Óptica Nacional, de novos operadores de telecomunicações, a atribuição de licença 5G e a construção do Satélite Angosat-2.

A expansão, pelo território nacional, da rede de mediatecas de Angola, no âmbito da massificação e inclusão digital, bem como dos projectos “N´gola digital” e “Angola Online” são outros feitos do Executivo a assinalar no período 2018-2022.

Na verdade, de acordo com dados oficiais, a entrada de Angola para o mundo digital começou há cerca de 30 anos, com as primeiras infra-estruturas de telecomunicações, via satélite e micro-ondas e, numa fase posterior, via cabos de fibra óptica.

Actualmente, e numa altura em que se celebra o 17 de Maio, Dia Mundial das Telecomunicações e da Sociedade de Informação, o país enfrenta pesados desafios, sendo certo que os investimentos em vários sectores, como nas tecnologias, são tidos como essenciais para o processo de modernização e inclusão social.

Construção do Angosat-2

Com efeito, joga papel preponderante na estratégia do Executivo a conclusão da construção do Satélite Angosat-2, cuja entrada em operação vai fazer com que os operadores de comunicação, via satélite, deixem de pagar a satélites estrangeiros.

O satélite, construído pela empresa Information Satellite Systems Reshetnev (ISS Reshetnev), é composto de dois módulos: a plataforma Express 1000 e a carga útil, tendo este último sido da responsabilidade da Airbus Defence and Space.

Com vida útil prevista de 15 anos, o ANGOSAT-2, lançado em órbita a 12 de Outubro de 2022, é um dos projectos do Gabinete de Gestão do Programa Espacial Nacional (GGPEN), órgão afecto ao Ministério das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social, construído na sequência de um acordo assinado entre Angola e a Rússia, em 2009.

Segundo o Ministério das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social, o satélite angolano vai permitir às operadoras nacionais de telecomunicações e ao Governo beneficiarem de capacidades de largura de banda, com custos baseados em moeda nacional, ajudando a melhor gerir os investimentos e ajustá-los à realidade do usuário final.  

Outro objectivo que se pretende com o ANGOSAT-2 é o fomento e incremento de negócios em regiões totalmente desconectadas, contribuindo, consideravelmente, para a diminuição da exclusão digital em Angola e no continente africano, em geral.

O satélite cobre todo o continente africano e parte significativa do sul da Europa, constituindo-se numa fonte de receitas do Estado.

Estudos indicam que os países, sobretudo africanos, que têm apostado em programas espaciais alcançam níveis muito satisfatórios no aumento da cobertura da internet, telefonia móvel, melhoria nos serviços administrativos e bancários.

Desde Fevereiro deste ano, estão a ser comercializados os serviços do ANGOSAT-2, satélite de comunicação angolano que opera na órbita geoestacionária, fornecendo serviços na banda C, KU e KA.

A propósito do assunto, o director-geral do Gabinete de Gestão do Programa Espacial Nacional (GGPEN), Zolana João, assegurou, recentemente, que a comercialização dos serviços do ANGOSAT-2 varia de 750 a 900 dólares por megahertz para a banda C, por ser o preço médio da região.

No lançamento dos serviços do ANGOSAT-2, sublinhou que foram feitos estudos de mercado com empresas experientes no continente africano, abrindo uma janela dos valores acima a ser pagos em kwanzas, garantindo uma disponibilidade de 99.9%.

Cibersegurança

Entretanto, numa altura em que o país regista avanços em Sistemas e Tecnologias de Informação, as questões de cibersegurança não devem ficar aquém das preocupações.

É neste sentido, que vai ser erguida uma Academia de Cibersegurança, depois de ser rubricado um acordo entre o Instituto Nacional de Fomento da Sociedade de Informação - INFOSI e o ITGEST, LDA - uma empresa de direito angolano, especializada em Sistemas e Tecnologias de Informação.

O protocolo tem por objectivo alinhar os termos da parceria, que ambas as partes pretendem estabelecer para a instalação de uma academia de cibersegurança.

Com esse instrumento, os signatários entenderam cooperar na área de formação e capacitação, cuja temática cingir-se-á em matérias ligadas à cibersegurança.

Além da academia, o Governo prevê criar a Estratégia Nacional de Cibersegurança, visando traçar a abordagem de políticas que garantem um ciberespaço seguro e resiliente, bem como estabelecerá a visão do Executivo para o quinquénio 2022/2027.

O projecto serve, também, para identificar e estabelecer acções de cibersegurança.

A ideia das autoridades é tornar Angola um país seguro e com uma sociedade consciencializada em termos de segurança cibernética.

A estratégia é concebida para melhorar a segurança, a confiança e a resiliência das infra-estruturas e serviços vitais, garantindo a redução dos crimes cibernéticos, a protecção e defesa das infra-estruturas críticas e dos serviços vitais de informação, assim como potenciar uma utilização livre, segura e eficiente do ciberespaço, por parte das empresas públicas, privadas e do cidadão.

Mercado Móvel e Internet

Noutro sentido, a internet representa, actualmente, um dos meios mais utilizados para comunicação entre pessoas e instituições de todo o mundo, incluindo Angola, onde perto de 23 em cada 100 habitantes têm acesso ou faz uso desta ferramenta.

O número de subscritores de internet no país ronda os 10 milhões, de um total de pelo menos 34 milhões de habitantes.

A procura pelos serviços de internet em Angola abriu um mercado apetecível e disputado por vários provedores, sendo que, nesta praça, concorrem, entre outros,  a Angola Cable, Angola Telecom, Infrasat, Unitel, Movicel, NetOne, ITA, TS2, Quantis, Businesscom Network e Tikona Digital Networks, Africell, TVCabo e ZAP.

Não obstante a abundância de provedores, o preço e a qualidade do serviço ainda    estão longe de satisfazer a maioria dos consumidores, que o consideram dispendioso, além de que seja bastante lenta a internet, quer  para baixar conteúdos, quer , às vezes, para aceder a websites.

Em relação aos preços, os provedores praticam taxas diversas. A TVCabo, por exemplo, oferece planos mensais de internet “residencial”, com taxas que vão de Kz 12.450 (1Mb) a Kz 91.150 (20 Mb), já a Angola Telecom, primeiro provedor do mercado, tem pacotes para falar e navegar desde Kz 10.260 a 36.786 kwanzas.

Quanto à internet, os dados do Instituto Angolano das Comunicações (INACOM) referentes a 2022 indicam 9.3 milhões de utilizadores que usam a rede móvel e 685.7 mil utilizadores da  rede fixa, num mercado com 12 Provedores de Internet.

Dados disponíveis apontam que o mercado das comunicações móveis cresceu 7,3 milhões de subscritores, depois da entrada em funcionamento da Africell em Angola, em Abril do ano passado.

A Unitel continua a dominar o mercado, com quase três milhões de utilizadores, enquanto a Movicel cede espaço para a nova operadora Africell.

Ao que se sabe, o sector das comunicações móveis cresceu 49% entre o III trimestre de 2021 e o mesmo período de 2022, passando de 14,8 milhões de utilizadores de telemóveis para 22,1 milhões, crescimento impulsionado com o arranque da Africell, elevando para três o número de empresas a actuar no segmento.

Já a rede fixa tem 94 mil utilizadores, com seis operadoras de telefonia fixa.

No III trimestre de 2022, houve crescimento de 7,3 milhões de subscritores, quando comparados com os dados do mesmo período de 2021, sendo que, num mercado onde funcionavam duas operadoras, a Unitel detinha 90% de quota de mercado e a Movicel tinha 10% - números que sofreram alteração com a entrada da Africell.

O Dia Mundial das Telecomunicações e da Sociedade de Informação foi instituído por ter sido, a 17 de Maio de 1865, que se criou a União Telegráfica Internacional e que se assinou a primeira Convenção Telegráfica Internacional. A partir de 1932, esta entidade passou a chamar-se União Internacional das Telecomunicações – UIT.

Os objectivos da data passam por celebrar o progresso nas tecnologias de informação e por chamar a atenção das pessoas para as mudanças que acontecem na sociedade, com o poder da internet e das restantes formas de telecomunicação.  

A telecomunicação permite a partilha de informação a nível mundial e a aproximação dos diferentes povos mundiais, tornando o mundo mais local e ligado.

“Tele” em grego significa “distância”, enquanto “comunicação” deriva do latim communicare, o que significa “partilhar”, “conferenciar” e “tornar comum”.

Em todo mundo, as comemorações abrangem debates, sessões institucionais, exposições e actividades especiais para as escolas.HEM/AC

 

 

 





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