Luanda - Cento trinta e cinco mil 179 denúncias foram registadas de Junho a Dezembro de 2020, com recurso ao Serviço de Denuncia SOS-Criança, informou, nesta terça-feira, em Luanda, a ministra da Acção Social Família e Promoção da Mulher, Faustina Alves.
Deste número, 51 mil 555 são de fuga à paternidade, 24 mil 082 negligência, 18 mil 291 de violência física, 14 mil 196 trabalho infantil, e três mil 689 de violência sexual.
As províncias com mais casos são as de Luanda com 46 mil 602, Benguela com 17 mil 913, Huambo com 13 mil 358, Huíla 11 mil 697, Bié com nove mil 808 e Zaire que registou oito mil 433.
No mesmo período foram denunciados 91 mil 502 homens e 43 mil 677 mulheres como autores dos crimes de violência contra à criança.
Faustina Alves falava no lançamento da campanha nacional de prevenção e combate a violência sexual contra a criança que visa chamar atenção da sociedade para se reduzir o número de casos e aumentar a cultura de denúncias, desmotivando o surgimento de muitos casos.
A campanha irá decorrer até Março de 2022 e será levada a cabo em parceria com vários órgãos do Ministério do Interior e parceiros da sociedade civil organizada e está enquadrada no âmbito dos 30 anos da criação do Instituto Nacional da Criança (INAC).
Segundo a governante, a campanha estará voltada em três eixos: diálogo, intersectoriedade, que é trabalhar de forma articulada, e transformar para que as crianças cresçam num ambiente saudável contando com apoio de todos.
Apelou a cultura de denúncia, principalmente de centros clandestinos em bairros onde não se garante a segurança das crianças nem um ambiente propício, muitos dos quais acorrentam crianças com a classificação de serem feiticeiras.
Para o efeito foram já encerrados três centros em Luanda, nos últimos dias num conjunto de 26.
Por seu turno, o representante do UNICEF em Angola, Ivan Yerovi, reiterou o apoio da instituição ao governo angolano na consolidação de um sistema de garantias de direitos para crianças vítimas de violência.
Ressaltou que a violência não afecta apenas a criança, pois as suas consequências podem impedir o crescimento económico devido à perda de produtividade, à incapacidade e ao decréscimo da qualidade de vida que impedem que uma nação atinja o seu desenvolvimento integral.
O Instituto Nacional da Criança foi criada a 16 de Março de 1991. É tutelado pelo Ministério da Acção Social, Família e Promoção da Mulher.
A linha de denúncias, com o número 15015, de uso gratuito, confidencial e anónimo, foi lançado em Junho de 2020. Regista as informações recebidas, armazena e processa num banco de dados todos os casos relacionados com a violência contra a criança em todo o país.