Luanda – Cinco suspeitos foram detidos e apresentados este domingo, em Luanda, pelo Serviço de Investigação Criminal (SIC), por suposto envolvimento no assalto que culminou com a morte do sociólogo angolano Laurindo Vieira.
Trata-se de Hélder Ricardo Dala de Carvalho (Pambala ou Pampam), de 23 anos de idade e autor confesso do disparo, e Adriano de Jesus Fragoso Junior (Mula), de 33 anos, que controlava as pessoas que levantavam valores avultados nos bancos.
O terceiro indivíduo foi identificado como Raúl Francisco Domingos Gaieta (Raúl), casado de 36 anos, que desempenhava as funções de motorista do táxi personalizado da empresa UGO, usado na acção criminosa.
Os três estariam directamente envolvidos na operação que culminou com o homicídio, quinta-feira passada, do também docente universitário Laurindo Vieira.
Outros dois, conhecidos por Camaro, líder do grupo, e Caboba ou Famoso, condutor da motorizada, encontram-se foragidos.
O SIC deteve e apresentou também Gerson Celson Manaças, de 32 anos de idade, por ter comprado o telefone da vítima, no valor de 60 mil kwanzas, e revendido à sua prima de 32 anos de idade, também detida.
Segundo o director do Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa do SIC-Cntral, Manuel Halaiwa, os suspeitos estão detidos por crime de roubo qualificado, concorrido com homicídio e compra de bens roubados.
“Este trabalho envolveu todas as forças do Serviço de Investigação Criminal que apurou tratar-se de uma rede criminosa, composta por cinco elementos, três dos quais já detidos, que têm passagens pela polícia, pelo envolvimento em outros crimes”, explicou o responsável em declarações à imprensa.
O porta-voz do SIC revelou que a detenção destes cidadãos, permitiu o esclarecimento de mais de cinco assaltos, sendo uns com envolvimento directo e outros em que têm participação.
Ao líder do grupo, Camaro, e ao condutor da motorizada, Caboba ou Famoso, o responsável recomendou a se entregarem aos órgãos policiais, a fim de serem responsabilizados criminalmente.
“Vamos trabalhar no sentido da localização e detenção destes indivíduos, para serem responsabilizados criminalmente, uma vez que já estão devidamente identificados”, realçou o director, para quem este grupo actuava no interior e nas proximidades das instituições bancárias, tendo como alvo prioritário pessoas que movimentavam somas avultadas de dinheiro.
O SIC recuperou e aprendeu o telefone do sociólogo Laurindo Vieira, uma pistola de marca Macarov e uma viatura Toyota Avanza, usada no cometimento de acções criminosas.
Manuel Halaiwa disse que alguns dos envolvidos já foram presentes ao Ministério Público, na pessoa do juíz de garantia, para aplicação das medidas de coação correspondente aos factos imputados.
Em nome do Serviço de Investigação Criminal, lamentou o sucedido e endereçou à família do docente universitário “os mais sentidos sentimentos de pesar”.
Declarações da acção
Durante a apresentação, Hélder Ricardo (Pambala), ladrilhador de profissão que frequenta há três meses formação para os Serviços de Protecção Civil e Bombeiros, disse que pretendiam o dinheiro levantado por Laurindo Vieira na dependência do Banco BIC do Patriota, estimado em um milhão de kwanzas, segundo o comprovativo bancário.
“Nos deparamos com ele no Patriota, na estrada principal, com o intuito de levarmos somente o dinheiro que ficamos a saber através do Ivan, um amigo nosso, que não foi captura pelo SIC. O plano era esse e a minha função era estar na mota, com o Cabobo”, explicou o autor do disparo.
Esclareceu que, naquele dia, andaram com um carro e uma motorizada para fazer a referida acção.
“Fui eu quem disparou, mas não foi intencional. Ele tirou a sua arma, manipulou a minha frente e, com o susto, disparei na perna dele e meti-me em fuga, levando comigo a pistola e o telefone”, realçou Hélder Ricardo, para quem esta é a sua primeira acção.
Hélder Ricardo foi detido no seu local de serviço, nas imediações do Zango. Na altura, tentou insurgir-se conta os operativos do SIC e acabou por ser atingido no braço, com um disparo de arma de fogo.
Corroborando do testemunho, Raúl Francisco Domigos Gaieto, o primeiro a ser capturado pelo SIC, detalhou que, apesar de trabalhar como motorista de táxi personalizado UGO, já efectuou cinco assaltos com o grupo liderado pelo Ivan ou Camaro, residente no município de Cacuaco, em Luanda.
“O chefe do grupo tem a missão de unir a equipa e programar os assaltos. Antes da acção, uma parte do pessoal fica no carro e outra a controlar e, no final, recebem todos uma percentagem”, salientou Raúl Gaieto, denunciando que a arma usada pertence ao Ivan.
Adriano Junior (Mula), outro membro do grupo, precisou que seguiram o sociólogo desde o Banco BIC, onde o senhor fez o movimento de um milhão de kwanzas, de acordo o comprovativo encontrado na sua pasta.
Alega que o referido valor não foi levado pelo grupo.
O sociólogo Laurindo Vieira foi vítima de disparos de arma de fogo, à saída de uma agência bancária, na zona do Patriota, município do Talatona (Luanda), na última quinta-feira.
Laurindo Vieira foi o primeiro director do gabinete da primeira Provedora de Justiça Adjunta, membro do Comité Central do MPLA e exercia, até à altura da sua morte, o cargo de reitor da Universidade Gregório Semedo.
Natural de Dange-Quitexe, na província do Uíge, era graduado em sociologia e mestre em ciências da educação, pela Universidade do Porto, em Portugal.
O docente universitário conquistou reconhecimento pelo seu trabalho na área educacional e como comentarista da TV Zimbo e da TPA, onde emprestava o saber sobre assuntos de grande relevância social e política. OHA