Luanda – A arquitecta Djamila Cassoma apontou a situação do saneamento básico e da mobilidade urbana como os maiores desafios de Luanda, numa altura em que a província completa 449 anos de existência.
A especialista angolana concedeu uma entrevista à ANGOP, no quadro do 449º aniversário da cidade de Luanda, a ser assinalado no dia 25 do corrente mês.
A arquitecta referiu que o saneamento básico, envolvendo a gestão inadequada de resíduos, drenagem insuficiente e falta de água potável, que agravam problemas como inundações e doenças, constitui o grande desafio da província para os próximos tempos.
Além disso, Djamila Cassoma disse que a cidade enfrenta um déficit habitacional severo, com grande parte da população vivendo em áreas informais sem infra-estruturas básicas, acoplada ainda a questão da mobilidade urbana, outra questão crítica.
“O transporte público insuficiente e a dependência de sistemas informais, como candongueiros e "Cupapatas, expõem a necessidade de soluções mais eficientes e abrangentes”, referiu.
Ainda no quesito da mobilidade, foi apontada como outro grande desafio, a introdução do metro de superfície para atender à demanda crescente de transporte.
Djamila Cassoma referiu ser importante que as redes viárias sejam adequadas em infra-estruturas inclusivas, essenciais para garantir o direito de todos os cidadãos.
A arquitecta destacou o desequilíbrio na qualidade urbana, com a escassez de espaços públicos como parques e praças, essenciais para a convivência social, apesar dos esforços com projectos habitacionais como Kilamba e Sequele.
“As áreas ao redor cresceram de forma desordenada, pressionando as infra-estruturas planeadas e agravando problemas como a infestação de pragas e a má gestão de resíduos”, explicou.
Djamila Cassoma disse ainda que a deficiência na macro-drenagem é outro ponto crítico, resultando em inundações recorrentes e contribuindo para a proliferação de doenças urbanas, como a cólera.
Para enfrentar esses desafios, a arquitecta sugere soluções que incluem investimentos em educação cívica e urbanística, planeamento das áreas ao redor das centralidades, manutenção eficiente das infra-estruturas existentes e implementação de sistemas integrados de saneamento e transporte.
“São importantes acções sustentáveis e coordenadas para equilibrar o crescimento urbano com a qualidade de vida da população”, referiu.
A cidade de Luanda foi fundada por Paulo Dias de Novais, na sequência da chegada à região de uma armada de Lisboa, que transportava várias centenas de homens, entre soldados, mercadores e missionários.
A armada chegou à ilha de Luanda em 1576 e Paulo Dias de Novais, após reconhecimento do terreno, decidiu criar um núcleo permanente, a que deu o nome de São Paulo de Loanda. ANM/OHA