Luanda - Os restos mortais do jornalista Ismael Mateus, falecido na terça-feira, em consequência de um acidente de viação, foram a enterrar este sábado, no cemitério da Santa Ana, em Luanda.
O velório iniciou na sexta-feira, no Quartel General do Comando do Exército (ex-RI-20), local onde o Presidente da República, João Lourenço, rendeu homenagem, hoje, ao jornalista Ismael Mateus.
O funeral foi testemunhado por várias individualidades, com destaque para membros do Governo, representantes de partidos políticos, da sociedade civil e religiosa, familiares, antigos colegas e alunos.
No cemitério, o jornalista Amílcar Xavier falou de Ismael Mateus como um indivíduo de observação crítica e construtiva que tem o nome inscrito na literatura, na comunicação institucional, na política, no ensino universitário, entre outros.
Já o jornalista Pedro Neto disse que Ismael Mateus ultrapassou a dimensão da classe jornalística, pertencendo a um universo maior no país.
Sublinhou que, enquanto profissional na RNA, foi um “grande” líder de equipa, organizando as tarefas com assertividade e firmeza, elevada pedagogia e grande capacidade de trabalho sem preocupação com o horário de saída e com disponibilidade total para ajudar as equipas substitutas no seu turno.
Tais características, segundo o antigo colega, faziam de Ismael Mateus uma referência obrigatória para quem quisesse ser um bom jornalista na redacção de notícias da RNA.
Em nome da família, um dos filhos disse que Ismael Mateus foi conselheiro, cozinheiro “exímio”, escritor “admirável”, guia turístico “excepcional” e amante da cultura, simples e bonita.
Lembrou que o seu pai deu-os instruções de matemática, obrigou muito dos familiares a ter interesse por livros, com direito a apresentar o resumo.
O também membro do Conselho da República dirigia uma viatura que se despistou e embateu em obstáculos fixos (placa publicitária e árvore), na Avenida 21 de Janeiro, no sentido bairro Rocha Pinto Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro (próximo da Força Aérea Nacional, ex-FAPA-DAA).
Jornalista desde 1981, Ismael Mateus nasceu em Luanda, a 6 de Julho de 1964. Foi membro fundador do Sindicato de Jornalistas Angolanos (SJA) e membro da União dos Escritores Angolanos.
Desde 1985, publicou textos de opinião, inicialmente na Rádio Nacional de Angola, sob os títulos "Dia a Dia na Cidade" e "Bué de Bocas" Na Rádio Luanda Antena Comercial (LAC), escreveu para a rubrica "Recados para o meu chefe".
Posteriormente, viria a publicar textos de opinião nos jornais Angolense, Cruzeiro do Sul e no Novo Jornal.
Publicou o seu primeiro livro em 1992, a colectânea de textos radiofónicos "Bué de Bocas", numa edição da Edipress. Lançou também a obra "Ascensão e Queda, de Bartolas Matias".
Foi coordenador da colectânea de textos "Angola, a Festa e o Luto", lançado por ocasião do 25° aniversário da Independência Nacional, em 2000.
Em 2001, pela editora Nzila, publicou o seu primeiro romance com o título "Os tempos de YaKalaya". Em 2003, publicou o livro "Sobras de Guerra". CPM/OHA