Luanda – O director do Instituto de Cidadania “MOSAIKO”, Júlio Candeeiro, recomendou hoje, sexta-feira, em Luanda, mais equilíbrio na elaboração das políticas públicas do género, com vista a se combater a discriminação.
Em declarações à imprensa no acto de encerramento da Conferência Internacional sobre o Género e Políticas Públicas, o responsável reiterou a necessidade de mais equilíbrio para se evitar o favoritismo e não deixar que se firam alguns princípios de igualdade e integridade da pessoa humana.
Para si, ainda existe uma cultura que foi passada de outras gerações e que persiste em Angola: é um privilégio ser homem porquanto existem afazeres que só a mulher pode fazer e o homem não.
Exemplificou as tarefas do lar que constituem um aprendizado que ainda persiste no país, que só pode ser efectuado por mulheres, sendo o homem aquele que não pode apoiar nas lides domésticas.
Por sua vez, a juíza Luzia Sebastião destacou a importância do evento que, para para além de promover debates, contribuiu para se analisar as políticas públicas como uma problemática transversal que diga respeito a todos, sem discriminaçao de género.
Falando sobre “A problemática da impunidade dos crimes de abuso sexual”, referiu que a conduta indecorosa relacionada com violações carece também de ajuda espiritual para o tratamento da alma, da restauração do indivíduo, além da psicologia e demais especialidades.
Sobre questões de âmbito penal, evidenciou histórias de abusos sexuais nos circuitos familiares que são abafadas e as vítimas acabam por carregar traumas por toda vida.
Luzia Sebastião falou do perigo destes lesados puderem vir a replicar tais comportamentos, por não serem sarados e acharem depois ser normal tal conduta indecorosa.
Apelou por parte do Estado mais atenção aos estabelecimentos prisionais, sendo para si um lugar apenas para transição e transformação de pessoas, pelo que as mesmas carecem de maior assistência e acompanhamento, sobretudo teológico.
Falou igualmente do Julgado de menores que carece de um lugar, uma vez que muitas voltam para as famílias em que muitos casos o ambiente é hostil.
Iniciada segunda-feira, a conferência, realizada sob o lema “Angola é com homens e mulheres”, abordou temas como mulheres construtoras de sociedade inclusivas e resilientes, participação da mulher na vida pública, entre outros.
Participaram do evento representantes de Angola, Brasil, Cabo Verde e Portugal.