Ondjiva – O director em exercício do gabinete da Acção Social, Família e Igualdade do Género no Cunene, Alexandre Tulikeni, defendeu, esta sexta-feira, maior envolvimento das famílias na consciencialização dos filhos para evitarem os actos de discriminação.
Em declarações à ANGOP, a propósito das celebrações do 21 de Março, Dia Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial, disse que o combate a descriminação é um princípio assente na Constituição.
Desta feita, salientou a necessidade do envolvimento de todos na educação e consciencialização contra as várias formas discriminação racial, para garantia de sociedades inclusivas e equilibradas, porque o fenómeno afecta a auto-estima da pessoa lesada.
Alexandre Tulikeni disse que a par das escolas e igrejas, as famílias jogam um papel preponderante na transmissão e ensinamento dos filhos na primeira infância, para tomada de consciência de que quando forem inseridas no meio social, há outras pessoas com raças diferente que gozam dos mesmos direitos.
Fez saber que no Cunene existem três grupos raciais, dos quais dois não bantus (Vátuas e Koinsan), que devido aos vários actos discriminatório e o incumprimento da lei de acessibilidade, tem dificuldade de se integrarem de forma normal na sociedade.
Trata-se de dois mil e 791 membros da comunidade Koisan residentes nos municípios do Cuanhama, Ombadja, Namacunde e Cuvelai, 799 Vatuas no Curoca e 320 pessoas com albinismo, estando em curso o cadastramento deste segmento.
Disse que apesar das políticas governamentais para inserção social, há enormes dificuldades da inserção na vida social contemporânea, por preservarem os seus modos de vida.
A título de exemplo acrescentou que muitas crianças em idade escolar das tribos sans e vátuas estão fora do processo de ensino, e outras que estavam a estudar acabaram por desistir devido aos actos de descriminação.
Explicou não ser muito saudável a convivência com outras crianças, devidas as barreiras de comunicação, pois não entendem o que é transmitido nas salas de aula.
Apontou ainda as dificuldades vividas por pessoas com albinismos, que devido a condição da pele não conseguem desenvolver actividades remuneratórias, sobretudo de venda de bens alimentares a nível dos mercados informais.
“A formação é uma questão chave para que estes grupos possam aderir o mundo globalizado, da sapiência e tecnológica, de modo a alcançarem os plenos direitos de igualdade”sustentou.
Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial
No dia 21 de Março de 1960, na África do Sul, 20 mil negros protestavam contra uma lei que limitava os lugares por onde eles podiam circular.
A manifestação era pacífica, mas tropas do Exército atiraram contra a multidão, provocando a morte de 69 pessoas e outras 186 ficaram feridas, no episódio que ficou conhecido como massacre de Shaperville.
Em memória à tragédia, a Organização das Nações Unidas instituiu o 21 de Março como o Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial.
Define-se discriminação racial toda distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que tenha por objecto ou resultado anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício em um mesmo plano de igualdade de condição, de direitos humanos e liberdades fundamentais.FI/LHE/ART