Sumbe – O fim das deslocações de pacientes para outras províncias em busca de serviços médicos especializados representa uma das maiores conquistas da população do Cuanza-Sul, em 2024, com a entrada em funcionamento do novo Hospital Geral “Comandante Raúl Díaz Argüelles”.
Primeira unidade sanitária de nível terciário na província, o Hospital Geral do Cuanza-Sul (HGCS) foi inaugurada, a 21 de Outubro de 2024, pelo Presidente da República, João Lourenço, num investimento de 63,180 milhões de euros.
Com capacidade para 200 camas num espaço de 4,5 hectares de área, o HGCS está dotado de equipamentos de última geração para prestar serviços em pediatria, ginecologia, obstetrícia e otorrinolaringologia, entre outros.
Oferece, igualmente, serviços de oftalmologia, cirurgia, ortopedia, cardiologia, cuidados intensivos, imagiologia e hemodiálise, estando disponíveis mais de mil profissionais, entre médicos, enfermeiros e de apoio hospitalar.
Com a sua operacionalização, o novo estabelecimento propõe-se prestar serviços médicos de qualidade à população, que vê reforçada a assistência médica em áreas de elevada complexidade, evitando a transferência de doentes para outros pontos do país.
Entre os principais beneficiários constam os doentes renais, que, pela primeira vez, dispõem de sessões de hemodiálise localmente, antes só possíveis com recurso às províncias vizinhas de Benguela, Huambo e Luanda.
Ao mesmo tempo, a nova unidade hospitalar representa uma homenagem ao comandante Raúl Díaz Argüelles, um herói cubano e destemido combatente que tombou na histórica batalha do Ebo (Cuanza-Sul), um mês após a proclamação da Independência Nacional de Angola.
Por essa razão, a cerimónia de inauguração contou com a presença de familiares do comandante, incluindo a sua filha Natasha Argüelles, e de companheiros de trincheira.
Nascido em Havana em 14 de Setembro de 1936, Raúl Díaz Argüelles morreu em combate na batalha do Ebo, a 11 de Dezembro de 1975.
Dois governadores em menos de seis meses.
Noutro facto memorável de 2024, o Cuanza-Sul conheceu dois novos governadores provinciais em menos de seis meses, após a saída do deputado Job Capapinha, nomeado em 2019.
No mês de Julho, os mais de dois milhões de habitantes do Cuanza-Sul acolheram Mara Quiosa como a nova governadora provincial, em substituição de Capapinha, tornando-se na 10.ª figura a ocupar o cargo.
Nas suas primeiras declarações públicas, Mara Quiosa elegeu “uma gestão regrada” dos recursos disponíveis e a captação de financiamentos, como pilares para a execução de projectos sociais e melhor servir as populações.
Mais concretamente, prometeu uma gestão regrada de recursos em áreas como saúde, educação, água, energia e vias de comunicação, que considerou indispensáveis para o crescimento económico da região.
Primeira mulher a governar o Cuanza-Sul, Quiosa reconheceu haver muito para fazer, mas que o fundamental era continuar a trabalhar para a seguir obter os recursos necessários, juntar vantagens, interesses comuns, buscar parcerias para o desenvolvimento da província.
Como ferramentas essenciais para gerar empregos e aumentar a renda, elegeu a agricultura e as pescas com forte aposta no melhoramento das vias de acesso, para escoar os produtos do campo para as cidades e criar as condições para fazer prosperar os camponeses, incluindo um maior acesso ao crédito agrícola.
Porém, o curto período de tempo em que permaneceu no leme da província não permitiu a Mara Quiosa levar a avante a materialização da sua visão para o Cuanza-Sul tal como enunciada à sua chegada.
Proveniente das mesmas funções em Cabinda, Mara Quiosa governou a província do Cuanza-Sul até 18 de Dezembro, quando foi substituída pelo actual governador provincial, Narciso Benedito.
Este último, também deputado à Assembleia Nacional, iniciou as suas funções, em 20 de Dezembro, como o 11º governador provincial.
Na altura, enumerou a inclusão social, o abastecimento de água, energia eléctrica, construção de escolas, centros de saúde, apoio ao sector pesqueiro e à agricultura familiar, como as suas grandes prioridades.
Defendeu a aposta nas políticas públicas que promovam o desenvolvimento, o empreendedorismo e a política económica e social para o bem-estar das populações, declarando-se aberto a “contribuições de todos para o desenvolvimento sustentável da nossa região”.
Projectos em curso e desafios
O Projecto de Desenvolvimento das Infra-estruturas Integradas (PDII) da cidade do Sumbe, com o término previsto para este ano que começa, 2025, as residências da comunidade do “Saber Andar” e o desassoreamento do rio Cambongo lideram a lista dos desafios para o novo governador e sua equipa.
O PDII do Sumbe encontra-se em mais de 60% de execução, com um orçamento avaliado em 125,209 milhões de kwanzas para cobrir 10 mil e 424 metros de drenagem de águas pluviais e oito mil 614 metros de drenagem de águas residuais.
Consta ainda do projecto 13,50 quilómetros do controlo de lençol freático e igual número de extensão de iluminação pública e 13 de pavimentos e passeios.
As obras integradas abrangem, igualmente, a construção de mil 816 residências no projecto “Saber Andar”, a cargo da empresa China Harbour Engineering Company (CHEC), com um orçamento de mais de 450 milhões de dólares americanos (um dólar equivale a cerca de 900 kwanzas).
O projecto Saber Andar contempla no total mil 260 residências de tipologia T2 e 560 de tipologia T3, estando neste momento prontas 400 casas.
Por seu turno, o projecto de desassoreamento de Cambongo visa prevenir as enchentes na cidade do Sumbe e periferia durante a época chuvosa, visto que o caudal do tem, nos últimos tempos, destruído muitas residências e infra-estruturas sociais e económicas.
O projecto permitirá construir diques lineares e valas de drenagem ao longo do rio, com vista a impedir que as águas das chuvas invadam as residências.
Enquanto isso, a nova circular da cidade do Sumbe destina-se a descongestionar o trânsito numa empreitada a cargo da empresa OMATAPALO, com término previsto para este ano que começa, 2025.
No domínio agrícola, o ano de 2024 testemunhou, entre outros acontecimentos, a transferência de competências da gestão do perímetro irrigado da Cela (Canal do Matumbo) para o governo da província do Cuanza-Sul por via do despacho presidencial 237/23 de 16 de Outubro.
Consequentemente, o Governo Provincial do Cuanza-Sul lançou o processo de actualização do cadastro de atribuição e registo de fazendas existentes no perímetro irrigado da Cela, em Waku Kungo.
O espaço em causa conta com um canal de cerca de 35 quilómetros para chegar a 11 mil hectares de terras agrícolas, perfazendo 51 fazendas médias.
Está paralisada desde 2009, após uma reabilitação efectuada pela empresa Chinesa Synohidro, por falta de consenso com os fazendeiros sobre a gestão do canal. LC/IZ