Huambo – O número de pessoas mortas por raiva em 2023, na província do Huambo, aumentou 40 por cento, em comparação ao idêntico período anterior, soube hoje, quarta-feira, a ANGOP.
Segundo a subcoordenadora do programa de Luta contra a Raiva na zona Centro do país, Juliana Mafuca, pelo menos 30 pessoas, na sua maioria menores de 15 anos, morreram após serem mordidos por cães não vacinados contra a doença.
Informou que as mortes resultaram de um total de quatro mil 733 mordeduras de canídeos.
A médica veterinária destacou os bairros Benfica, Bom Pastor, Capango, Chiva, Chivela, São Luís, São João, São José e Munda Paiva, arredores e periferia da cidade do Huambo, como as zonas com maiores casos de raiva.
Disse tratar-se de números elevados, que resultam na baixa adesão dos criadores nas campanhas de vacinação de rotina nas zonas peri-urbanas, suburbanas e, principalmente, nas comunidades rurais, que usam os canídeos para a actividade da caça, onde, em muitos casos mantêm contactos com outros animais acometidos por raiva.
Informou que o Serviço de Veterinária, apesar da falta da campanha vacinal, imunizou, em 2023, quatro mil 932 animais, entre cães, gatos e macacos, nos municípios do Chinjenje, Chicala-Cholohanga, Huambo e Mungo, para além de aplicar o soro anti-rábico a 630 pessoas.
Juliana Mafuca apelou aos cidadãos para procuram o Serviço de Veterinária local mais próximo, em caso de mordedura, de modo a não agravar a situação, que pode evoluir para um tétano ou outras complicações.
Exortou, igualmente, a inclusão de médicos veterinárias nas administrações municipais durante as campanhas de vacinação, prevista para este ano, bem como a adopção de estratégias de recolha de animais nas ruas e acções de sensibilização para o cumprimento do calendário vacinal.
Pelo número de habitantes da província do Huambo, estimado em mais de dois milhões 700 mil, esta região do país pode ter, pelo menos, 100 mil canídeos, porém o Serviço de Veterinária local controla apenas 16 mil animais.
Trata-se de uma doença causada por um vírus que infecta animais domésticos e selvagens, e se transmite às pessoas pelo contacto com a saliva infectada, através de mordidas ou arranhões, sendo os cães os principais transmissores. Ela chega a ser fatal em quase 100% dos casos.
O vírus da raiva tem atracção pelo sistema nervoso central, alojando-se frequentemente no cérebro, após longa viagem pelos nervos periféricos. Uma vez iniciados os sintomas neurológicos, o paciente evolui para o óbito em 99,99% dos casos. ZZN/ALH