Benguela – Há quase um mês que a circulação de alguns moradores no bairro da Graça, nos arredores da cidade de Benguela, está parcialmente condicionada, devido à queda de quatro torres metálicas de alta-tensão, constatou hoje a ANGOP.
Moradores do condomínio das Finanças e do bairro social da Polícia são os mais afectados, pois, embora já desligados, os cabos eléctricos das referidas torres, espalhados pelo chão, dificultam o acesso principal às referidas zonas habitacionais.
Por trás da queda destas torres de alta-tensão (60 KW), ocorrida no dia 13 de Dezembro de 2024, esteve uma ventania, acompanhada de chuva, que havia fustigado o município de Benguela, deixando vários estragos à população, sobretudo nos bairros periféricos.
Mesmo sem danos humanos, há relatos de prejuízos materiais em viaturas que colidiram contra os cabos eléctricos espalhados pelo chão, sobretudo no acesso ao condomínio das Finanças ou à Escola Superior Politécnica de Benguela.
Além dos já mencionados locais, a queda das torres também cortou a circulação automóvel entre o bairro da Graça e o estádio nacional de Ombaka, através de uma estrada de terra batida, junto ao condomínio CCJ.
Sem saber quando vai ser resolvido o problema, que perdura há três semanas, os moradores sentem-se agastados e pedem que as autoridades competentes encontrem uma solução célere.
Joshua Tchipalanga, funcionário público, mora no condomínio das Finanças. Ele descreve como a entrada e saída de viaturas está complicada, posto que os cabos eléctricos caídos no pavimento impedem o acesso a partir da estrada principal.
À procura de alternativas, Joshua Tchipalanga conta que os moradores criaram um acesso alternativo de forma paliativa, mas receia que, se chover, poderá ficar condicionado, porque a terra é argilosa.
Enquanto os cabos de energia estão caídos na via principal, Joshua Tchipalanga alerta que alguns automobilistas despercebidos já esbarraram nos fios, causando danos materiais nos veículos.
“No dia em que ocorreu a situação, houve uma viatura que esbarrou nos cabos que ainda tinham electricidade. Mas, por sorte, não houve danos humanos”, conta. E dá conta dos ocupantes de duas motorizadas que ficaram feridos nas mesmas circunstâncias.
Preocupado, Joshua Tchipalanga chama a atenção das autoridades para o risco de as infra-estruturas públicas danificadas serem vandalizadas por marginais, caso a sua remoção demore mais tempo.
"Todas as entidades que intervêm nesse processo estão a par do problema, porque no dia em que isto ocorreu vimos a presença de quase todas elas aqui no local. Não é um dado novo", lembrou, reforçando o apelo às autoridades para, na análise dele, evitar que o pior aconteça.
O automobilista Tomás António reclama de negligência das autoridades, devido à fraca sinalização dos cabos eléctricos, e receia que as torres possam continuar neste estado por mais tempo.
E lamenta que a sua esposa já tenha sofrido um acidente no local, quando, em uma noite, antes do Natal, embateu fortemente a sua carrinha nos cabos de energia, danificando toda a parte frontal.
“Há muitas marcas de travagem de viaturas junto dos cabos, porque não há sinalização nenhuma”, reclama o munícipe. E defende que é preciso colocar fitas reflectoras ou betão devidamente sinalizado na via, de forma a evitar outros acidentes.
Administrador tranquiliza população
Apesar de reconhecer o problema, o administrador comunal da zona F, que abrange o bairro da Graça, António Januário, acredita que as autoridades competentes estão a criar as condições para remoção das torres caídas, de tal maneira a repor a normal circulação na zona.
Para já, António Januário tranquiliza que não há risco de electrocussão, uma vez que os cabos caídos no chão estão sem corrente eléctrica, porque a Empresa Nacional de Distribuição de Electricidade (ENDE) já os desligou.
O administrador deplora, por outro lado, a vandalização das cantoneiras das torres de alta-tensão, que fragilizou a sua estrutura metálica a ponto de não resistir aos fortes ventos do dia 13 de Dezembro.
Em face disso, aproveitou ainda para apelar à população a não vandalizar os bens públicos, que são para o benefício de todos. JH/CRB