Malanje- O município de Calandula, a 85 quilómetros a norte da cidade de Malanje, acolheu hoje, segunda-feira, o acto de lançamento da campanha nacional de prevenção e combate à gravidez e casamento precoces.
Promovida pelo Conselho Nacional da Acção Social, em parceria com o Governo Provincial de Malanje, a campanha visa sensibilizar as famílias e as autoridades tradicionais para desencorajar as práticas culturais e nocivas que impedem o normal crescimento e desenvolvimento das adolescentes, com destaque para a gravidez.
Durante algumas horas, o evento serviu igualmente para a recolha de contribuições para o enriquecimento do Programa Nacional de Erradicação da Gravidez e Casamento Precoces (PNEGP) e do seu Plano de Acção.
Questões ligadas a prevenção e combate à gravidez e casamento precoces, situação actual da gravidez e casamento de adolescentes, plano nacional de combate à violência contra a criança, o impacto da gravidez precoce na saúde e no desenvolvimento psicossocial da menina, constam das temáticas em abordagem.
Na abertura da campanha, o vice-governador provincial para o sector Político, Social e Económico, Franco Mufinda considerou a gravidez e o casamento prematuros como um fenómeno que desacelera o desenvolvimento social e económico de qualquer sociedade e que continua a acontecer hoje no país, constituindo uma violação dos direitos da criança.
Apontou o abandono escolar, rejeição social, depressão e ansiedade, como consequências mais graves, sobretudo se faltar apoio familiar, o que pode desencadear em pobreza e desigualdade.
Por sua vez, a secretária para Área da Mulher e questões do Género do Conselho Nacional da Acção Social, Delfina Fernandes realçou que é chagada a hora de todos se envolverem na luta contra a gravidez na adolescência, devido a sua tendência de crescimento, em alguns casos resultantes das práticas socioculturais.
Ressaltou que em 2021, no país, 18 mil e 611 meninas dos 10 aos 17 anos de idade ficaram concebidas, cifra que tende a aumentar a cada ano, preocupando o Executivo, daí a necessidade de se promover essa campanha para em conjunto se definir caminhos para resoluções.
A par disso, outra preocupação, disse, prende-se com o elevado índice de pobreza, fraco desenvolvimento socioeconómico das famílias, violência no género e todo o tipo de discriminação que as mulheres crianças ainda enfrentam, por isso, o Conselho Nacional de Acção Social, vem trabalhando com os seus parceiros na erradicação da gravidez e do casamento infantis.
Enquanto isso, o administrador municipal adjunto de Calandula, Kitas Ferreira revelou que durante o ano em curso, no município foram registados mil e 116 gravidezes e casamentos precoces, o que levou as autoridades locais a desenvolver acções de sensibilização nas comunidades para o fim deste fenómeno que tem minado o sonho de muitas meninas.
Já o regedor do município de Calandula, soba Florêncio Domingos manifestou a disposição do poder tradicional em participar na missão do Governo de travar este fenómeno social, através da sensibilização das famílias.
A campanha ora aberta, decorreu sob o lema “Juntos Contra o Casamento Infantil e Gravidez na Adolescência em Angola” e foi testemunhada por membros do governo da província, autoridades tradicionais, religiosos, académicos e organizações da sociedade civil. RM/NC
