Menongue - Vinte e sete artistas residentes em Menongue, capital do Cuando Cubango, participaram hoje, quarta-feira, no Festival de Artes, Direitos Humanos e Recursos Naturais, no âmbito do projecto USAKI - Somos Ambiente, implementado pelo MOSAICO (Instituto pela Cidadania).
O festival reuniu artistas fazedores de música, dança, pintura, poesia, teatro e escultura, com objectivo de incentivar a classe a contribuir na preservação do meio ambiente, num financiamento da União Europeia e do Instituto Camiões.
Em declarações à imprensa, a gestora do projecto, Joana Janja, disse ser importante a preservação ambiental, o que exige mudança de consciência da população, uma vez que a natureza e o meio ambiente têm um amplo significado e ambos estão ligados às diferentes concepções com que são utilizadas, como o contexto social e artístico.
Reconheceu que a arte tem o poder de resgatar seu aspecto intrínseco, interior, espiritual, mágico e protector, daí a necessidade do homem ser responsável por protegê-la, ressaltando que a actividade serviu de reflexão para tomada de consciência de todos, no sentido agirem e participarem desta importante tarefa, que é a preservação do meio ambiente.
“Perspectivando alcançar mulheres e jovens, para fomentar o desenvolvimento socioeconómico, o USAKI - Somos Ambiente já realizou actividades de capacitação de organizações da sociedade civil, debates e estudos que orientem a criação de políticas públicas que resultem numa melhor interacção com a natureza”, referiu.
Na ocasião, o pastor da Igreja Evangélica Congregacional em Angola (IECA) no Cuando Cubango, Ezequias Pelembi, louvou a iniciativa do projecto USAKI, por levar à reflexão da sociedade em torno da protecção do meio ambiente e defesa dos direitos humanos, onde se explora os recursos naturais.
Para o pastor, é importante que o Executivo crie políticas públicas que visam acabar com os males que prejudicam o meio ambiente, tendo se mostrado preocupado com a devastação de florestas ao longo do perímetro das zonas habitadas, sobretudo a nível das sedes municipais e comunais, que estão sem plantas à altura de proporcionar um clima saudável à população.
Alertou que o abate indiscriminado e queimadas das árvores tem causado enormes consequências, como o aumento de temperatura, poeira e a estiagem, uma vez que a maioria das sedes municipais e comunais está sem polígonos florestais, capazes de abrandar os ventos fortes e as altas temperaturas que se fazem sentir nos últimos tempos, naquela província.
Defendeu que as queimadas são desaconselháveis como alternativa à limpeza de zonas de cultivo, por eliminarem os vegetais, precursores da formação da matéria orgânica do solo, a par de prejudicarem a atmosfera através da libertação de gases que contribuem para o aquecimento global.
Para contrapor tais práticas, destacou o envolvimento das igrejas em acções de plantação de árvores e a desencorajar as pessoas a não recorrerem às queimadas como meio de obter carne ou prática de fazer a agricultura de subsistência. LMZ/ALK/FF/PLB