Luanda – O analista político angolano Almeida Henriques defendeu a necessidade de uma reforma profunda da Organização das Nações Unidas (ONU), por formas a garantir a paz mundial e salvaguardar as relações internacionais.
O analista concedeu nesta quinta-feira, em Luanda, uma entrevista à ANGOP para abordar, entre outros assuntos, a Mensagem sobre o Estado da Nação, apresentada na última terça-feira pelo Presidente da República, João Lourenço.
Na abertura do Ano Parlamentar, João Lourenço enfatizou ser cada vez mais óbvia a conclusão de que o modelo actual de funcionamento do Conselho de Segurança das Nações Unidas está desajustado da realidade.
“Temos feito ouvir a nossa voz na defesa firme da necessidade de se promoverem reformas profundas, capazes de melhor compreender a composição do mundo actual e de melhor assegurar a paz e segurança internacionais”, disse na ocasião.
Corroborando da posição do Titular do Poder Executivo, o analista político adiantou que uma eventual reforma da ONU pode alterar toda a situação política, organizacional e estrutural, dando a possibilidade de maior equilibrio nas relações entre os estados.
Almeida Henriques falou da necessidade de revisão do poder de veto, no intuito de deixar por terra eventuais envolvências negativas que afectam, inclusive, o continente africano.
O Conselho de Segurança da ONU é composto por 15 membros, cinco dos quais permanentes e que possuem o poder de veto, nomeadamente China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia. A aprovação das resoluções deste órgão requer maioria de nove votos, mas apenas um veto inviabiliza a sua execução.
Para o analista, o eclodir de conflitos com tendências regionais, como Rússia/Ucrânia e a situação no Médio Oriente, justifica uma reestruturação.
“A Carta da ONU de 1945, em São Francisco (Estados Unidos da América), visava fundamentalmente a garantia da paz mundial e da cooperação internacional”, afirmou o também docente universitário, para quem assiste-se nos últimos tempos situação contrária ao que se pretendia com a sucessora da Sociedade das Nações.
Para si, esta organização não tem sido capaz de ajudar as nações a alcançarem os seus grandes objectivos, dando ênfase a conquista da paz e estabilidade.
“A ONU tem procurado responder apenas aos interesses das nações mais poderosas, sobretudo aquelas que ostentam um poder de facto”, salientou.
Conforme o analista, uma reforma adequada pode trazer uma organização mais assertiva do ponto de vista da segurança e estabilidade no globo.
“Esta organização é necessária, mas num modelo totalmente diferente de hoje, com capacidade de ler os sinais dos tempos e as razões que estiveram na base da sua criação, sobretudo o Conselho de Segurança das Nações Unidas”, afirmou.
Por outro lado, o académico considerou fundamental que as nações africanas tenham uma representação mais activa nas decisões globais.
Reiterou que Angola tem sido unânime na necessidade de reforma da ONU, dando como exemplo o pronunciamento do Chefe de Estado angolano, João Lourenço, na sessão ordinária da Assembleia Geral das Nações Unidas. MEL/AB/OHA
