Luanda – ‘’O papel da mulher na sociedade contemporânea: desafios e oportunidades" foi o tema de uma palestra que marcou o dia internacional da mulher (8 de Março) pela comunidade angolana na Etiópia.
Segundo uma nota da embaixada angolana naquele país, a palestra, em formato híbrido (virtual e presencial), teve como oradora Josefa Correia Sacko, Comissária da União Africana (UA) para a Agricultura, Desenvolvimento Rural, Economia Azul e Ambiente Sustentável, que enalteceu a dinâmica política crescente para a igualdade de género e o empoderamento eonómico da mulher em Angola.
Fez saber que inúmeros estudos comprovam que actualmente as mulheres ainda sofrem com a desigualdade no mercado de trabalho em relação aos homens. No geral, apenas 48 porcento das mulheres maiores de 15 anos estão empregadas para os homens, esse número é de 75 porcento.
Acrescentou que as mulheres não têm a sua vida prejudicada somente no mercado de trabalho, uma vez que a violência de gênero, o abandono que muitas sofrem de seus parceiros durante a gravidez e os assédios são realidades que muitas enfrentam.
Explicou que o tema da ONU para o dia Internacional da Mulher nesse ano “Igualdade de gênero hoje para um amanhã sustentável” coincide com o da União Africana para este ano que centra-se no reforço da resiliência nutricional e da segurança alimentar do continente, visando reforçar os sistemas agro-alimentares, a saúde, a protecção social, assim como acelerar o desenvolvimento do capital humano e económico em África.
“O avanço da igualdade de género no contexto da nutrição e segurança alimentar é sem dúvidas, um dos maiores desafios globais do século XXI”, sublinhou.
Defendeu ser necessário continuar a examinar as oportunidades, assim como as restrições, para capacitar mulheres e raparigas a terem voz e serem participantes iguais na tomada de decisões relacionadas à nutrição e à sustentabilidade.
Considerou que o “8 de Março” não é um dia voltado simplesmente a homenagens às mulheres, mas diz respeito a um convite à reflexão, válida tanto para o campo do convívio afectivo, familiar e social quanto para as questões relacionadas ao mercado de trabalho ou a paridade nas instituições de Estado.
“É um momento para repensar atitudes e tentar construir uma sociedade sem desigualdade e preconceito de género, que é o sonho de todos nós”, frisou.
Por sua vez, a Embaixatriz de Angola na Etiópia, Graça da Cruz, observou que a efeméride oferece uma oportunidade para celebrar as conquistas económicas, políticas e sociais das mulheres.
Referiu que o papel da mulher na sociedade contemporânea é um tema pertinente e actual, que anima debates cada vez mais presentes, por se afigurarem necessários para a igualdade de género e a valorização da determinação de mulheres comuns que fazem a diferença na história de seus países e das suas comunidades a favor de um desenvolvimento sustentável, inclusivo e eticamente aceitável.
Destacou que a realização do evento insere-se num contexto nacional em que o Executivo Angolano, sob a liderança do Presidente João Lourenço, está engajado na implementação do Plano de Desenvolvimento Nacional 2018 -2022 que inclui, entre outros aspectos, um conjunto de medidas que concorrem para uma maior inclusão e afirmação da mulher na sociedade.
“Neste âmbito, foram aprovadas várias iniciativas: os Programas de Apoio ao Género e Promoção das Mulheres, de Apoio às Vítimas da Violência, da Valorização da Família e Desenvolvimento Comunitário e da Promoção das Mulheres Rurais. Todos estes programas destinam-se a áreas específicas em que ainda se notam barreiras ao empoderamento das mulheres em Angola”, pontualizou a Embaixatriz.
Assegurou que está “claramente visível o alargamento da participação do género no aparelho governativo, algo que devemos saudar e encorajar porque demonstra que Angola está realmente na senda do progresso ao promover a inserção de mulheres em posições de liderança em todos os sectores da vida nacional”.
Assinalou que o caminho para o sucesso de Angola passa necessariamente pela capacitação da mulher para que possa realizar melhor as suas tarefas e competir em igualdade de circunstâncias, acabando-se com a discriminação do género no local de trabalho.
“Ao enfrentarem as barreiras ainda existentes com espírito construtivo e de mudança, as Mulheres Angolanas da nossa geração conseguiram afirmar a sua ascensão profissional com brio, mérito e dignidade, contribuindo assim de forma objectiva para que a sua inclusão política, económica, social e cultural registasse os avanços que hoje testemunhamos nesta nova Angola”, realçou Graça da Cruz.
Recorrendo a um aforismo bantu, Graça da Cruz concluiu lembrando que “educar um menino é formar um Homem, educar uma Mulher é construir uma Nação”.