Huambo – A primeira lista onomástica angolana, com nove mil 789 nomes nacionais, recebe desde hoje, segunda-feira, em consulta pública, o parecer dos sobas, religiosos, conservadores e académicos das províncias de Benguela, Bié, Cuanza-Sul e Huambo.
A conferência regional, com a duração de dois dias, decorre na cidade do Huambo, numa iniciativa do Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos, mediante estudos feitos dos nomes próprios das pessoas em línguas nacionais, com o objectivo de eliminar as complicações dos cidadãos na altura do registo dos seus filhos.
Na ocasião, o consultor da lista onomástica angolana, Lupene de Almeida, disse que o país ainda utiliza a lista dos nomes de origem portuguesa, daí estarem a realizar a consulta pública, para a alteração desta realidade, que não representa a cultura nacional.
Realçou que, actualmente, os progenitores têm dificuldades de atribuir os nomes próprios nas lojas de registos e conservatórias, entrando em desacordo com os técnicos de justiça, que sugerem a lista onomástica portuguesa, o que entristece os encarregados, por não serem nomes da sua vontade.
Lupene de Almeida disse que a consulta pública regional Centro/Sul no Huambo está a analisar os nomes de origem ovimbundu utilizados em Benguela, Bié, Cuanza-Sul, Cuando e Cubango.
Salientou que os nomes africanos, que muitos técnicos de justiça tinham dificuldades na escrita, em saber o grupo etnolinguístico e a pronúncia, carregam consigo histórias e circunstâncias, por isso é urgente resgatar essa identidade cultural.
Por seu turno, o vice-governador para os Serviços Técnicos e Infra-estruturas da província do Huambo, Elmano Francisco, disse que ao longo da história foram identificados nomes para identificar pessoas em função dos seus valores étnicos e culturais, que foi perdido em função do desenvolvimento científico e tecnológico.
Sinalizou que a conferência regional decorre por existirem muitas incongruências na escrita em determinados nomes na língua nacional nas conservatórias, influenciadas pela língua portuguesa e outras estrangeiras, em consequência da globalização.
Por isso, defendeu a necessidade urgente de se estabelecer os parâmetros neste quesito, com a partilha de conhecimentos e experiências, para o resgate da história e da identidade cultural nacional.
A lista onomástica angolana foi recolhida em 2017 e as consultas públicas já foram realizadas nas províncias da Huíla, Lunda Sul e Uige, sendo as regiões de Cabinda e Luanda as próximas paragens a prestarem as suas contribuições. ZZN/JSV /ALH