Ondjiva - Trinta toneladas de produtos alimentares chegaram, nesta terça-feira, à província do Cunene, para acudir 890 pessoas afectadas pela fome, nos municípios do Curoca, Cahama e Ombadja, devido a seca.
Dos bens, doados pela Presidência da República, constam 200 sacos de arroz e igual quantidade de feijão, farinha de milho, 417 caixas de óleo vegetal, 600 caixas de conservas de peixe e 300 de conserva de carne, 80 sacos de sal e 15 balões de roupa.
Na ocasião, a governadora do Cunene, Gerdina Didalelwa, disse que os bens entregues serão distribuídos às famílias deslocadas que se encontram na povoação de Calueque e nos três centros de acolhimento, instalados na sede do município da Cahama.
Fez saber que estão controladas 640 pessoas na povoação de Calueque e 250 na Cahama, que abandonaram as suas residências, devido a falta de rendimento na actividade agrícola, fruto da ausência prolongada das chuvas nestas regiões.
Lembrou que a província viveu um período de mais de 90 dias consecutivos de estiagem, o que causou a movimentação das famílias e do seu gado para áreas localizadas às margens do rio Cunene e na vizinha República da Namíbia.
“Temos a população a movimentar-se à procura de sobrevivência, sobretudo de comida, tanto para as pessoas, como para o seu gado, uma situação difícil para as famílias que tiveram de abandonar as residências", enfatizou.
Justificou que, apesar de nos últimos dias registarem-se chuvas em alguns municípios, a preocupação prende-se com a falta de alimentos, uma vez que já não há tempo para a prática da actividade agrícola nesta época.
Desde 1998, a seca afecta, ciclicamente, a região sul do país, principalmente a província do Cunene, mas em 2018/2019 este fenómeno foi o mais devastador dos últimos 24 anos da história.
A acentuada crise de 2018 atingiu 880 mil 172 pessoas e um milhão de cabeças de gado, causando a morte de 30 mil animais, entre bovinos, caprinos e suínos.