Luanda – As obras de restauração da ex-casa de reclusão militar de Luanda, Fortaleza de São Francisco de Penedo, retomam nos próximos dias, para valorizar o património histórico do século 17, que passará para “Museu da Luta de Libertação”.
O Primeiro-Ministro de Portugal, António Costa, visitou, esta terça-feira, a Fortaleza, localizada no Porto de Luanda.
Considerada como uma das mais importantes construções militares para a defesa da cidade de Luanda no período colonial é tida como a “chave” do Porto de Luanda.
No local, se efectuava, na altura, o registo dos navios antes da sua entrada, bem como de escravos.
Dirigindo-se à delegação que acompanha o Primeiro-Ministro de Portugal, o ministro da Cultura e Turismo, Filipe Zau, reconheceu que é um dos mais importantes lugares de memória angolana, cuja preservação permite reconhecer o seu papel na história comum entre Angola e Portugal.
Segundo o governante, um dos acontecimentos está relacionada com os políticos de Angola, concretamente, o facto da Fortaleza ter servido de Casa de Reclusão Militar, onde a maioria dos encarcerados, antes de seguirem para a prisão de Tarrafal, em Cabo-Verde, eram defendidos por portugueses anti-facistas e anti-colonialistas portugueses, entre quais Maria Medina, à quem foi atribuída a nacionalidade angolana.
“Temos consciência que, por diversas razões, a Fortaleza nem sempre teve o tratamento a nível da sua importância histórica e patrimonial e que não foi objecto de restauração como merece ser conservado e reservado os testemunhos do passado histórico comum”, admitiu Filipe Zau.
Nesta senda, o governante defende a criação de bases para que o reconhecimento histórico, patrimonial e cultural tenha sentido, eliminando-se os constrangimentos que tendem a contribuir para a ruína do imóvel do século 17.
“Precisamos sim começar uma nova etapa e dar uma maior atenção, pelo facto de ser a mais antiga e também por ser uma das mais belas fortalezas da cidade de Luanda, cujo estilo arquitectónico se pode considerar como o "ícone" da arquitectura militar”, defendeu Filipe Zau.
Do lado do Governo angolano, através do Instituto Nacional do Património Cultural, disse que tem implementado políticas e práticas de conservação, preservação e valorização do património.
Este trabalho vai permitir também a avaliação da situação da Fortaleza de São Francisco Penedo, para que no futuro seja transformado no futuro “Museu da Luta de Libertação Nacional”
Para o governante angolano, a cooperação com Portugal está direccionada para este objectivo, tendo agradecido o governo português, em nome da Associação do Processo 50, que passaram pela Forteleza como presidiários.
Custos na ordem dos USD 37 milhões
Com a participação do Governo português, as obras de restauração do edifício da Fortaleza São Francisco de Penedo estão estimadas em 37 milhões de dólares.
Paradas há algum tempo, devido a Covid-19, a empresa encarregue pelas obras já prepara todo o material para o arranque dos trabalhos nos próximos dias, de acordo com o representante da Mota-Engil, Eduardo Pimentel.
Com a duração de 18 meses, as equipas já estão definidas e tudo continua a ser feito para que se mantenha as características da obra tal como foi concebida na altura.
Para se manter as características do edifício, o empreiteiro estuda em laboratório as argamassas que serão utilizadas para que não se altere a tipologia da obra.
“O edifício é muito importante e antigo. Temos de estudar as argamassas para que não seja alterada a tipologia. Tudo isso está a ser feito e preparado para que terminemos a obra no prazo”, garantiu Eduardo Pimentel.
No quadro da empreitada prevê-se entre 150 a 200 novos empregos temporários. NE/ART