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Ndalatando e Dondo em festa

     Sociedade              
  • Cuanza Norte • Terça, 28 Maio de 2024 | 16h37
Munícipes de Ndalatando/Cuanza Norte, satisfeitos com a reposição da iluminação pública
Munícipes de Ndalatando/Cuanza Norte, satisfeitos com a reposição da iluminação pública
LucasLeitão-ANGOP

Ndalatando - Ndalatando e Dondo, na província do Cuanza-Norte, comemoram, esta terça-feira, os seus aniversários desde que foram elevados à categoria de cidade.

A primeira, então vila Salazar, que acolhe, actualmente,  a capital da província do Cuanza-Norte,  assinala 68 anos desde que ascendeu à categoria de cidade, por via de um diploma publicado no Boletim Oficial de Angola, sob o n.º 2.757, primeira série de 28 de Maio de 1956, do Governo português.

A celebração  da data ocorre numa altura em que os munícipes pedem mais investimentos, nos sectores da agricultura, do comércio, da hotelaria e do turismo, para a desenvolver a região.

Entre os que advogam este ponto de vista está Artur de Almeida, um ex- administrador do Cazengo, que tem, igualmente, como sede, a cidade de Ndalatando, e que desempenhou essas funções, entre 1976 e 1978.

Defende, também, mais acções nos sectores da construção de infra-estruturas, educação e saúde, assim como o resgate dos valores morais e cívicos, respeito pelas autoridades, símbolos nacionais e pelo património público.

Ndalatando conta com mais de 200 mil habitantes. Muitos deles provenientes de outras localidades, devido ao conflito armado que o país viveu depois da proclamação da Independência Nacional.

Obras em curso

O Governo do Cuanza-Norte  executa, desde 2021, diversas obras, com realce para as de construção do novo hospital geral e de dois  novos sistemas de captação e distribuição de água à cidade, visando a melhoria do nível de vida dos habitantes.

Entre os trabalhos,  que visam a melhoria do abastecimento de água potável, consta o de construção da estação de captação e tratamento, a partir do rio Lussue, para beneficiar mais de 28 mil famílias e cuja conclusão está prevista  para Junho.

A empreitada começou, em Julho de 2022, com fundos públicos, com o objectivo de reforçar o projecto de fornecimento do Mucari, tido como insuficiente para atender os mais de 200 mil habitantes de Ndalatando.

A outra fonte de abastecimento de água potável vem do rio Lucala, no município com o mesmo nome, que dista 35 quilómetros de Ndalatando, cujo término está previsto para o primeiro semestre deste ano, para beneficiar cerca de 200 mil habitantes. 

Já o novo Hospital de Ndalatando, em construção desde Agosto de 2021, na localidade de Quirima do Meio, terá capacidade para internar 200 pacientes e atender mais de mil pacientes por dia.

As obras, orçadas em 63 milhões de dólares americanos, podem ser concluídas, até Dezembro do corrente ano (um dólar americano equivale a cerca de 856 kwanzas).

Na nova unidade sanitária de Ndalatando serão prestados, entre outros, serviços de neonatologia, cuidados intensivos, ortopedia, obstetrícia, cirurgia, queimaduras, medicina interna, otorrino, oftalmologia, medicina dentária, psiquiatria, gastroenterologia e hemodiálise.

Para comemorar a data, está em curso um programa de actividades, desde o dia 2 deste mês, altura em que foi inaugurada uma exposição fotográfica sobre o percurso social, económico e história da cidade.

O programa prevê também a realização de actividades socioeconómicas, recreativas, musicais e culturais, com destaque para a abertura hoje (terça-feira) da Expo Cuanza-Norte, evento que vai albergar 252 expositores locais e nacionais dos sectores do comércio, da agricultura, da pecuária, da hotelaria e turismo, da restauração, das telecomunicações, da banca e da prestação de serviços.

Dados oficiais  indicam que a génese de Ndalatando remonta a  1845.

 Após o alcance da Independência Nacional, em 1975, o Governo angolano extinguiu a denominação Salazar, instituindo o nome de Ndalatando, a 18 de Julho de 1976.

A data passou a ser comemorada até 2005, no âmbito das Festas da Cidade.

Dondo

Por sua vez, Dondo celebra 51 anos desde que ascendeu à categoria de cidade, a 28 de Maio de 1973.

 Actualmente, o Dondo é a sede do município de Cambambe.

Com cerca de 60 mil habitantes, o Dondo conhece. há três anos, investimentos nos domínios da educação e da saúde, com a construção de duas novas escolas com 21 salas de aulas, no âmbito do Plano Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM).

Outra escola de 22 salas está igualmente em construção e, quando concluída, a cidade terá uma rede composta por 11 instituições públicas de ensino.

No quadro dos investimentos para melhorar o modo de vida da população, a administração está também empenhada na reabilitação e ampliação do hospital municipal, cujas obras podem estar concluídas, até final deste ano.

O administrador de Cambambe, Adão António Malungo, que falava  a propósito da festa da urbe,  destacou, também, o reforço da distribuição de água à população.

Nesse âmbito, explicou, está a ser instalado um novo sistema de abastecimento de água para o Alto Dondo, a cinco quilómetros da cidade do Dondo.

A empreitada, que teve início em Junho de 2023 e com término previsto para o próximo mês de Junho, contempla a construção de uma estação de captação com capacidade de bombeamento de 158 metros cúbicos/hora, para abastecer mais de 20 mil habitantes da área.

Reconheceu que, actualmente, a quantidade disponibilizada (perto de mil metros cúbico/dia), ainda é insuficiente, para atender à demanda da população, mas prevê-se melhorar o actual quadro nos próximos anos.

Munícipes querem mais valorização da cidade

Por sua vez, os citadinos defenderam a  requalificação da urbe, para a valorização do centro histórico da cidade do Dondo, elevado a Património Histórico-Cultural  Nacional, em Agosto de 2013.

A antiga Mbanza Kabaza, igualmente antiga capital do Reino do Ndongo, oferece aos visitantes e turistas momentos de atracção cultural, que incluem alguns espaços célebres do século XVII.

Para o munícipe André António Kimuaca, os sítios históricos da cidade do Dondo carecem de intervenção urgente para evitar o desaparecimento de marcos da história do país.

O jovem estudante salienta a importância dos monumentos locais para a valorização da história.

"Esses monumentos têm uma importância histórica para o nosso município e não só, porque ajudam a promover a nossa cultura”, sublinhou.

Já o funcionário público Armindo Manuel defendeu mais investimentos nas infra-estruturas viárias e no sistema de iluminação pública da cidade.

“ Há postos de iluminação pública nas ruas da cidade mas estão inoperantes há vários anos por falta de manutenção”, disse.

A trajectória da cidade remonta desde a histórica vila do Dondo, fundada no século XIV, com a anterior denominação de Mbanza Kabaza, sede do Reino do Ndongo, espaço hoje ocupado pelo centro da actual cidade.

Em 1625, a então vila do Dondo acolheu a maior feira comercial do Reino do Ndongo, com a participação de caravanas das Lundas e da Quibala.

Com a construção, na região de Nova Oeiras (Massangano), da primeira fábrica de fundição de ferro em África, em 1771, sob a égide do português Francisco Inocêncio Coutinho, Dondo é elevado à categoria de sede do concelho, em 1857, e à vila, em 1870, tendo na altura, entre os seus habitantes, cerca de 100 portugueses.

 Em 1941, chegou o caminho-de-ferro, através do ramal de Zenza do Itombe, uma conexão do Caminho-de-Ferro de Luanda e o Dondo.

E, em 1958, iniciou-se as obras da barragem hidroeléctrica de Cambambe, concluídas em 1960.

Seguiu-se um crescimento industrial, salientando-se o complexo têxtil Satec (depois denominado Bula Matadi l), a Sociedade de Vinhos (Vinelo) e a unidade de produção de materiais de construção (pré-blocos).

  Surgiu ainda na cidade a Sociedade Algodoeira de Ambriz, que exportava para a Europa, e, mais tarde, a fábrica de cerveja EKA.

A cidade está encravada entre montanhas, nos extremos Norte e Leste, limitada à Oeste  pela comuna de Massangano e a  Sul pelo rio Kwanza.

Tem uma população  heterogênea maioritariamente das tribos kimbundu, ovimbundu e bacongo. DS/IMA/IZ 





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