Ndalatando abre comemorações do 68.º aniversário

     Sociedade           
  • Cuanza Norte     Domingo, 05 Maio De 2024    00h32  
Munícipes de Ndalatando/Cuanza Norte, satisfeitos com a reposição da iluminação pública
Munícipes de Ndalatando/Cuanza Norte, satisfeitos com a reposição da iluminação pública
Lucas Leitão-ANGOP

Ndalatando - Uma exposição fotográfica sobre a história do município do Cazengo, sede da província do Cuanza-Norte,  está patente desde a manhã deste sábado, no largo 1º de Maio, para marcar a abertura das comemorações dos 68 anos da elevação de Ndalatando à categoria de cidade.

Capital da província do Cuanza-Norte, Ndalatando ascendeu à categoria de cidade, no dia 28 de Maio de 1956.

A exposição, aberta este sábado, estará patente durante um mês e retrata em “miniatura” a cidade e sua gente, incluindo figuras históricas que contribuíram para o desenvolvimento da região.

Entre as figuras retratadas, com imagens e biografias, estão ex-administradores, sobas, empresários, professores, taxistas e enfermeiros, entre outros.

O evento, que integra várias fotos de monumentos da província, constitui uma oportunidade da população, sobretudo  jovens, para conhecer a história da região.

A origem da designação Ndalatando, de acordo com registos históricos e estudos antropológicos, deriva da aglutinação do nome de um antigo soba da região denominado Ndala e do seu filho Tando. 

A escolha do nome do soba deveu-se ao facto de o mesmo se ter notabilizado na resolução de vários problemas da região e do seu empenho na luta contra a ocupação colonial.

Ndalatando, sede do município de Cazengo, possui 1.793 quilómetros quadrados de superfície, compreendendo a comuna sede (Ndalatando) e a da Canhoca bem como os Sectores de Zavula e Zanga.

Comporta ainda 117 bairros, sendo 46 da periferia e 71 suburbanos, com 115 autoridades tradicionais e uma população estimada em cerca de 200 mil habitantes.

Os seus habitantes são maioritariamente descendentes de Ngola, Ambaquistas, Ndanje-ya-Menha, Calulu e Golungo Alto, por razões sócio-históricas, culturais e económicas que a região viveu.

Ndalatando é limitado a Norte pelo município do Golungo Alto, a Leste pelos municípios de Lucala e Cacuso, e a Sul e a Oeste pelo município de Cambambe.

Conhecida como Cidade Jardim de Angola, Ndalatando está encravada aos pés do Morro de Santa Isabel e constitui um ponto obrigatório para quem gosta de viajar por lugares com ar fresco e retemperador.

Tem como mascote a exuberante Rosa de Porcelana, que abundantemente se encontra no Horto Botânico do Quilombo, cujas pétalas atraem os visitantes.

 Factos históricos  

Como foi hábito das potências colonizadoras denominarem as cidades ou regiões pelos nomes dos seus conquistadores ou governantes, Ndalatando é aportuguesada e baptizada com o nome de Salazar, em 1936, em homenagem ao então presidente do Conselho de Ministros, António de Oliveira Salazar, em visita às terras angolanas.

Alcançada a Independência, em 1975, o Governo da então República Popular de Angola desaportuguesou todos os nomes impostos às cidades pelo colonialismo e, finalmente, o nome de Salazar ficou apagado e devolveu-se a designação de Ndalatando, a partir de 18 de Julho de 1976. 

Nessa data, foram expulsas  da cidade todas as forças externas e internas que se opunham às Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (FAPLA).

Cazengo integrava as povoações de Kamujekete, Kissecula, Protótipo, Pedra d'água, Guardachiga, Tumbinga, Catoco, Mutémua, Mulemba de Baixo e de Cima, Caxilo, Capexe, Cassassa, Caculuculo, Cazanga, Zavula, Kifue, Ngola Kafuxe Honga, e Ndalatando.

Neste contexto, Ndalatando vê a sua importância socioeconómica crescer com a instalação dos serviços de luta contra a epidemia da doença de sono e a introdução de várias culturas, tais como algodão, café, palmar, bananal, cacau, mandioca, sisal, girassol, milho, fruticultura, horticultura e outras.

Nas suas sucessivas remodelações, foi progredindo com a construção de infra-estruturas do Estado português e privadas, aproveitando assim a mão-de-obra barata negra, para trabalhos forçados.

Tendo em conta o desenvolvimento que a região foi conhecendo com a presença dos colonatos de Protótipo, Tumbinga, Cambonda e São João, este último serviu de casa de reclusão para castigar e reeducar todos os que viessem a cometer não só em Angola, mas também Portugal e São Tomé.

A  partir daí, para impor a disciplina administrativa do Conselho de Cazengo, foi nomeado o primeiro comerciante,  Vicente, para o cargo de primeiro administrador de Caculo-Camuinza, cujas estruturas para o funcionamento do Posto Civil Administrativo estavam criadas.

Com a evolução registada, em Caculo-Camuinza, e a criação de Posto Administrativo Civil de Zavula, Cazengo vê a necessidade de instalar a sua sede, em Caculo-Camuinza, subordinando-se, até 1869, ao então distrito do Golungo Alto.

Em 1879, determinava -se que Cazengo se vinculasse a um julgado, instituído primeiro, em Pungo a Ndongo. Foi então com a passagem do caminho-de ferro-de Ambaca, que se influiu decidida e fortemente na conveniência de transferir a sede do Conselho de Cazengo, desde Caculo-Camuinza para Ndalatando, em 1900.

 Em 1905, eram fixados os limites da área, fundindo-se assim os Postos de Zavula e Caculo-Camuinza, a 17 de Setembro de 1915.

Dois anos mais tarde (1917), a Administração Portuguesa cria o distrito do Kwanza, que mais tarde passou designar-se por Cuanza-Norte, com sede em Ndalatando.

As razões da designação de Cuanza-Norte deveram-se à divisão hídrica do rio Kwanza.

Potencialidades turísticas e mineiras

Possui vários locais de interesse turístico e histórico para acomodar os citadinos, visitantes, homens de negócios e de investigação científica.

Encontram-se instalados, na cidade, hotéis, pensões, restaurantes e centros recreativos, embora em quantidade reduzida, enquanto que as quedas dos rios Muembeji, Lucala, Lùssue, o Centro Horto Botânico do Kilombo, as Cataratas do Monte Redondo, a Fonte da Santa Isabel, as Furnas do Zanga e o Monte Belo, são, dentre outros, lugares de beleza fascinante e empolgante.

Na localidade do Zanga, encontram-se as rochas de Mármore e Cal, que já mereceram exploração, na década de 50, que muito ajudou na aplicação das obras construídas, na região do Cuanza-Norte e noutras.

O manganês e o ferro mereceram atenção de prospecção para exploração, enquanto a abundância da pedra vulgar e da areia é incalculável.

Principais desafios

 A carência de infra-estruturas habitacionais e terrenos infra-estruturados em zonas seguras constitui um dos principais desafios das autoridades.

Em função dessa carência, a cidade regista um crescimento desorientado com surgimento de novos bairros edificados em zonas de risco, como valas, cursos de água, montanhas, entre outros obstáculos.

A nomenclatura desses novos aglomerados populacionais, com destaque para "Quem me ama", "Kudinhenga" e "Umeira", confirmam essa realidade, que entristece os cidadãos da província, que, de forma cíclica, têm assistido a cenários chocantes marcados por inundações provocadas pelas chuvas.

Para colmatar o défice habitacional, o Governo da Província tem em execução, há mais de cinco anos (desde Março de 2018), a urbanização de Cazengo, onde, numa primeira fase, estão a ser construídos 14 edifícios, com quatro andares cada,   que vão  perfazer 212 apartamentos, na maioria do tipo T-3.

Este projecto está orçado em  pouco mais de seis mil milhões de kwanzas.

Um outro projecto habitacional de auto-construção dirigida que está a ser edificado, no km 11, hás mais de três anos, localizado a Leste da cidade de Ndalatando, sentido Malanje, foi concebido numa área de 262,32 hectares.

O plano de loteamento elaborado pelo Governo local também visa definir a malha urbana da cidade, dar solução para a falta de espaços para a construção ordenada e fomentar a habitação social e a auto-construção dirigida.

Nesse projecto, estão a ser construídas 450 casas, contemplando zonas para a construção de campos de futebol, escolas, bancos, lojas e demais infra-estruturas sociais.

Aos beneficiários serão entregues terrenos próximos ao projecto para desenvolverem actividades agrícolas.

O défice no fornecimento de água potável, cuja solução será debelada com a conclusão do projecto em execução de captação, a partir do rio Lucala, problemas de saneamento básico, assistência sanitária, entre outras, constituem as grandes preocupações dos munícipes de Ndalatando. EFM/IMA/IZ





Fotos em destaque

SODIAM arrecada USD 17 milhões em leilão de diamantes

SODIAM arrecada USD 17 milhões em leilão de diamantes

Sábado, 20 Abril De 2024   12h56

Fazenda colhe mil toneladas de semente de milho melhorada na Huíla

Fazenda colhe mil toneladas de semente de milho melhorada na Huíla

Sábado, 20 Abril De 2024   12h48

Huambo com 591 áreas livres da contaminação de minas

Huambo com 591 áreas livres da contaminação de minas

Sábado, 20 Abril De 2024   12h44

Cunene com 44 monumentos e sítios históricos por classificar

Cunene com 44 monumentos e sítios históricos por classificar

Sábado, 20 Abril De 2024   12h41

Comuna do Terreiro (Cuanza-Norte) conta com orçamento próprio

Comuna do Terreiro (Cuanza-Norte) conta com orçamento próprio

Sábado, 20 Abril De 2024   12h23

Exploração ilegal de madeira Mussivi considerada “muito crítica”

Exploração ilegal de madeira Mussivi considerada “muito crítica”

Sábado, 20 Abril De 2024   12h19

Hospital de Cabinda realiza mais de três mil cirurgias de média e alta complexidade

Hospital de Cabinda realiza mais de três mil cirurgias de média e alta complexidade

Sábado, 20 Abril De 2024   12h16

Camacupa celebra 55 anos focado no desenvolvimento socioeconómico

Camacupa celebra 55 anos focado no desenvolvimento socioeconómico

Sábado, 20 Abril De 2024   12h10

Projecto "MOSAP 3" forma extensionistas para escolas de campo em todo país

Projecto "MOSAP 3" forma extensionistas para escolas de campo em todo país

Sábado, 20 Abril De 2024   12h05

Comunidade do Lifune (Bengo) beneficia de biofiltros

Comunidade do Lifune (Bengo) beneficia de biofiltros

Sábado, 20 Abril De 2024   11h58


+