Ondjiva - Ao contrário dos anos anteriores, onde as mulheres eram renegadas as profissões de ensino e dos cuidados de saúde, actualmente várias são as mulheres na província do Cunene, que optaram por actividades técnicas profissionais dominadas por homens.
Com as políticas de empoderamento feminino, verifica-se um número crescente de mulheres que venceram barreiras, enfrentando coragem e determinação, revertendo de forma paulatina os obstáculos dos preconceitos no género.
No âmbito da jornada “Março Mulher”, a ANGOP conversou esta terça-feira, com algumas mulheres no sentido de abordarem a superação técnica e das barreiras que tiveram de ultrapassar para alcançar o sucesso, que podem servir de inspiração a outras no sentido de seguirem o mesmo ramo.
A técnica canalizadora da Empresa de Água e Saneamento do Cunene, Kaino Oshotwapewa, disse que desenvolve a profissão há 8 anos, num contrato inicial com a empresa cubana Embondex.
A mesma realça que fez parte da equipa técnica que realizou a ligação da rede de canalização a cidade de Ondjiva, linha Anhanga e na fronteira de Santa Clara.
Formada pelo Instituto Nacional Formação Profissional de Ondjiva, disse que foi um desafio e com o tempo foi se adaptando, hoje faz trabalhos de superação de rotura, ligação, corte e reeligações, montagem de contadores, abertura de novas redes de água entre outras.
“Somos uma equipa composta por oito rapazes e uma única mulher e conseguimos satisfazer as reclamações dos clientes sobretudo na vedação de água, falta de peças, fazendo novas ligações através do ramal principal da tubagem”, sustentou.
Incentivou as outras mulheres no sentido de fazerem cursos técnicos, pois, em termos profissionais nada inibe as diferenças do género
Por seu turno, a técnica da Empresa Nacional de Distribuição de Electricidade (ENDE) Cunene, Anuarith Sérgio, disse que realiza qualquer trabalho de reparação de avarias doméstica, na rede eléctrica, requalificação de linhas de electrificação de baixa tensão.
Com apenas 27 anos de idade, realçou que apesar de ser um ambiente completamente masculino, procura superar-se diariamente, dedicar-se com afinco e determinação para vencer o medo e servir a pátria.
Lamentou o facto de o sector dispor apenas de duas mulheres, convidando a outras jovens a não terem receio de enfrentar novos desafios, optando por formações técnicas para competirem em pé de igualdade com os homens.
Verónica Gimi, formanda do curso de serralharia e soldadura, no Centro Integrado de Formação Técnico Profissional de Oifidi, disse que desde cedo optou por ofícios desafiantes.
Com 31 anos de idade, fez igualmente os cursos de carpintaria, electricidade baixa, prevendo o próximo ano lectivo inscrever-se na especialidade de pintura e estuque.
Para a formanda a opção destes cursos técnicos é uma realidade que vem quebrar a barreiras e tabús que parte a técnica é apenas para o homens e as mulheres ficam renegadas a decoração, pastelaria, culinária ou costura.
Fez saber que a opção herdou do pai, pois, quando criança foi ajudante do mesmo nos trabalhos de carpintaria e pedreira.
Sem ter emprego fixo, a mesma tem como sonho a abertura de uma oficina de prestação de serviços nas diferentes especialidades.
De acordo com dados do Censo Geral da População e Habitação realizado em 2014, Angola tem 28.4 milhões de habitantes, desse 52 por cento são mulheres. FI/LHE/VIC