Luanda – Trinta mulheres, entre cientistas, acadêmicas, escritoras e activistas sociais, partilharam na quarta-feira, na cidade de Madrid (Reino de Espanha), as suas experiências e conquistas, com o objectivo de gerar sinergias e construir um futuro mais justo.
O encontro com “mulheres que lideram” foi promovido pela Embaixada de Angola no Reino de Espanha, em parceria da Fundação Mulheres Por África e da Universidade Complutense de Madrid.
Segundo uma nota de imprensa da representação diplomática angolana, a iniciativa enquadra-se nas actividades de Março, mês dedicado à mulher, e dos 50 anos da Independência de Angola, a serem assinalados a 11 de Novembro do corrente ano.
As 30 mulheres estão comprometidas com o desenvolvimento do continente africano e com a liderança feminina.
Na ocasião, a presidente da Fundação Mulheres Por África, María Teresa Fernández, destacou a força, comprometimento e luta incansável das mulheres africanas.
“Hoje, como mulher, feminista e apaixonada por África e pela sua cultura, estou imensamente feliz por recebê-las na fundação, que existe há mais de treze anos. Ainda me lembro da minha primeira viagem à África, onde aprendi muito com a sua força, comprometimento e luta incansável”, frisou.
A fundação tem como propósito apoiar, dar visibilidade ao trabalho daqueles que acreditam na igualdade e na justiça. Existe há 13 anos.
O evento contou com a participação de destacados profissionais da área da educação e da ciência.
Vumilia Bettuel Mmari, uma cientista tanzaniana que trabalha no Instituto de Saúde Carlos III, falou da necessidade de promover carreiras entre as raparigas e de investigar com uma perspectiva de género para alcançar uma ciência inclusiva.
Hermine Jatsa Bouateng, cientista de origem camaronesa, que também pesquisa no Instituto de Saúde Carlos III, partilhou a sua experiência e destacou a importância, como mulher, de ser fiel a si mesma e nunca desistir dos seus sonhos.
Oumaima Abbou, beneficiária marroquina do programa Learn Africa, narrou o seu percurso marcado pela resiliência até recentemente alcançar a nota mais alta numa tese de mestrado na UNED.
Leena Ahmed, uma beneficiária sudanesa do programa Learn África, enfatizou como a bolsa de estudo lhe permitiu continuar a sua formação como arquitecta na Universidade de Córdoba, apesar do conflito que assola o seu país.
Mialitina Riantsoa, de Madagascar, expressou sua paixão pelo espanhol e a oportunidade que ele representa para ela poder se especializar e aperfeiçoar o idioma graças à bolsa Learn África, para fazer o mestrado em Tradução e Interpretação em Serviços Públicos na Universidade de Alcalá.
Wiam Lalaoui, da Argélia, destacou a importância da sua formação em Espanha com o Mestrado em Ensino de Espanhol como Língua Estrangeira, para promover a língua no seu país.
O encontro contou ainda com a participação de empresárias, assistentes sociais, comunicadores e amigos da Fundação.
Na sequência de um projecto de investigação da Universidade Complutense de Madrid, as mulheres africanas e as suas criações literárias e artísticas serão incluídas numa base de dados online e de acesso aberto (em espanhol), dedicada à produção feminina no continente e na diáspora, com estudos críticos sobre autoras e obras fulcrais para a literatura contemporânea, com especial atenção ao seculo XXI.
Na ocasião, Secelela Balisidya, coordenadora do programa Green Voices na Tanzânia, contou como aplica a perspectiva de género nos projectos, adaptando-a sempre ao contexto local, algo essencial no continente africano.
A também profissional de comunicação, com mais de 25 anos de experiência, falou que projectos concretos que concorrem para a igualdade no género.
Já Marcia Bikié Motogo, co-fundadora da associação GEMA, destacou a importância da representação e do trabalho em rede para melhorar a situação das mulheres.
A associação GEMA promove a liderança das mulheres africanas e afrodescendentes, nos mais variados sectores.
No evento, a coordenadora da Asociação Karibu, María José Alonso, apresentou o trabalho que realizam há 30 anos com migrantes africanos e como integram a perspectiva de género em projectos como a “Casa Bibi” e as oficinas espanholas.
Presente no acto, Laura de La Carrera, co-fundadora da Mamah África, destacou o poder transformador da cultura e como trabalham com o continente africano na valorização e criação de pontes entre Espanha e África, através da moda e da arte.
Na óptica das prelectoras, trabalhar numa perspectiva de género não significa apenas incluir as mulheres, mas também reconhecer e abordar as desigualdades estruturais que as afectam em diferentes contextos socioculturais.
Referem que implica ainda promover a equidade em todas as fases dos programas e projectos, nos mais variados domínios. AB/OHA