Cacuaco - Uma Ravina e residências na iminência de desabar é o cenário que se vislumbra no bairro Boa Esperança III, situado numa zona baixa do município de Cacuaco, cercada por um morro, que torna o terreno instável e perigoso para uma centena de pessoas que partilham este espaço habitado por cerca de 60 mil moradores.
Numa reportagem efectuada, esta terça-feira, pela ANGOP, constatou-se a iminente "catástrofe" que sem a intervenção das autoridades e consequente retirada do populares pode acontecer a qualquer momento.
Segundo o habitante do local, Generoso Fortunato, dezenas de famílias tiveram de abandonar o bairro em função dos perigos apresentados pelo avançar das ravinas.
“A situação é preocupante, principalmente na época chuvosa. Vários responsáveis do Governo Provincial de Luanda visitaram o local por várias vezes, mas, infelizmente, nenhuma solução prática foi apresentada”, desabafou o morador.
Para a moradora Celina José é lamentável a forma como a erosão está a devorar as residências, sem que alguém faça algo para o impedir e descreve a situação como caótica uma vez que neste momento, muitas casas estão na iminência de desabar.
A ANGOP apurou que para avaliar o cenário, uma equipa do Governo da Província de Luanda deslocou-se ao local, no passado mês de Janeiro, onde recolheu dados relacionados aos perigos impostos pela expansão das ravinas que alastraram mais de 100 metros nos últimos 12 meses.
Por seu turno, o ambientalista Mauro Figueiredo relatou que uma das razões pelo actual estado do bairro é o facto fazer fronteira com Oceano Atlântico, a Oeste, levando a provável erosão, devido à acção combinada da gravidade com a água e o vento.
“As ravinas nada mais é que a erosão pluvial que ocorre quando a água do escoamento superficial escava o solo, atingindo horizontes inferiores, apresentando perturbação ou impermeabilização e abertura de vias de comunicação”, descreveu.
Frisou que a desflorestação, construção em encostas e uso de técnicas agrícolas empíricas, são outros factores que concorrem para o aumento do fenómeno.
A ANGOP contactou a administração municipal de Cacuaco para abordar a preocupação dos moradores da comunidade, pelo que, não obteve resposta.
O Bairro Boa Esperança III, na região do Balumuka, tem quatro quilómetros de superfície e faz fronteira com os bairros Ngangula, Boa Esperança Central, Mulemba e com o Oceano Atlântico.
