Luanda - A ministra da Acção Social, Família e Promoção da Mulher, Faustina Alves, apelou, esta quarta-feira, em Luanda, a solidariedade das famílias para se evitar casos de violência contra crianças.
Faustina Alves falava no final da visita a crianças (três irmãos) queimadas pelo pai por, alegadamente, retirarem alimento de vizinhos e que estão internadas no Hospital Neves Bendinha.
A visita se estendeu também a menina de sete anos de idade queimada pelo pai, que colocou as duas mãos numa panela com água quente.
A governante ressaltou que o país está a passar por uma fase difícil, mas nenhuma crise pode justificar o cometimento de uma acção violenta contra crianças.
“Fazemos votos que a equipa médica continue a dedicar-se na recuperação destas crianças para que não fiquem sem puder escrever”, asseverou.
Conforme a ministra, muitos angolanos foram cuidados pelos vizinhos e o facto de o arroz ter desaparecido não deve servir de alarido ao ponto de se cometerem atrocidades. “Sejamos um pouco mais solidários e nos preocupemos com aqueles que de facto necessitam”, referiu a ministra, que pede que a justiça seja feita e o culpado punido.
Segundo informações da equipa multidisciplinar que acompanhou a visita, após recuperação, as crianças serão levadas ao Centro de Acolhimento de Viana onde serão acompanhadas pelo psicólogo Kizé Mateus.
O psicólogo considerou ser uma situação difícil e que irão fazer um trabalho contínuo de acompanhamento para restabelecer o estado psicológico e social dos petizes.
O director clínico do Hospital Neves Bendinha, António Pedro, avançou que, diariamente, atendem uma média de 15 pacientes com queimaduras, dos quais 60 por cento são crianças.
António Pedro acrescentou que muitos menores ficam em casa sozinhos a manusear fogos e líquidos quentes, apelando aos encarregados de educação a velar mais pelas crianças, para se evitar acidentes.
As crianças queimadas têm 8, 6 e 4 anos, respectivamente, e o mais novo está com uma fractura num dos membros inferiores, por ter sido, dias antes das queimaduras, submetido a tortura física, também pelo pai.
O facto ocorreu no domingo, 22, mas só na terça-feira foram levados para o Hospital Neves Bendinha, visto que o pai as mantinha em casa.
O irmão mais velho, de 17 anos, que fugiu de casa, foi a fonte de denúncia à Rádio Luanda, pedindo apoio para os irmãos. Após a denúncia, as crianças foram resgatadas com a intervenção da Polícia Nacional, Administração Municipal de Viana e o Instituto Nacional da Criança (INAC).
O pai, David António, de 42 anos, se diz arrependido pelo que fez e já está a contas com a justiça.