Mbanza Kongo – A histórica cidade de Mbanza Kongo, capital da província do Zaire, assinala, no próximo sábado, 08 de Julho, o seu sexto aniversário, desde que ascendeu à categoria do Património Cultural da Humanidade.
O processo de preparação do dossier de candidatura para esta importante categoria durou décadas, tendo sido efectuados estudos arqueológicos no terreno por especialistas nacionais e estrangeiros, entre 2011 e 2014.
Os vestígios encontrados, entre ossadas humanas e outros objectos que datam dos séculos XVII e XVIII, contribuiram decisivamente para a sua inscrição pela UNESCO, incluindo o seu património imaterial constituído por rituais, danças, anedotas, jogos, culinária e contos ancestrais.
A área classificada desta capital política e espiritual do antigo Reino do Kongo, também conhecida por “cidade dos sinos”, engloba ruínas e espaços que se estendem por seis corredores e que abrangem uma colina de 570 metros de altitude.
Os trabalhos arqueológicos realizados na cidade e na periferia envolveram a medição da fundação de pedras descobertas no local denominado "Tadi Dia Bukikua", supostamente o antigo palácio real.
Passaram igualmente pelo levantamento da missão católica, da casa do secretário do rei, do túmulo da Dona Mpolo (mãe do rei Dom Afonso I), enterrada com vida por desobediência às leis da corte e do cemitério dos reis do antigo Reino do Kongo.
As três fases das escavações arqueológicas foram coordenadas pela arqueóloga angolana Sónia da Silva Domingos, e nelas participaram especialistas de Portugal, dos Camarões e da França.
Apesar da sua inscrição, o plano de acção recomenda a continuidade dos estudos arqueológicos nos locais onde já decorreram as escavações e em outras áreas fora da zona classificada.
Ainda no âmbito deste mesmo projecto de inscrição baptizado por “Mbanza Kongo, Cidade a Desenterrar para Preservar” foram promovidas várias Conferências internacionais, nesta cidade, para a recolha de contribuições para o enriquecimento do documento de fundamentação apresentado ao Comité do Património Mundial da UNESCO, com sede em Paris, França.
Dividido em seis províncias que ocupavam parte das actuais Repúblicas do Congo Democrático, Congo Brazzaville, do Gabão e a região norte de Angola, o Reino do Kongo dispunha de 12 igrejas, conventos, escolas, palácios e residências.
O projecto de inscrição de Mbanza Kongo na lista da UNESCO foi lançado em 2007, nesta cidade, por altura da realização de uma Mesa Redonda Internacional.
A inscrição como Património Cultural da Humanidade desta capital política e espiritual do antigo Reino do Kongo foi efectivada a 08 de Julho de 2017, durante a 41ª sessão do Comité do Património Mundial, que decorreu na cidade de Cracóvia, Polónia.
A ascensão a esta categoria despertou o interesse de muitos turistas nacionais e estrangeiros em conhecer de perto a excepcionalidade do seu património histórico-cultural.
Munícipes apontam ganhos com a inscrição de Mbanza Kongo
Ouvidos pela ANGOP, alguns munícipes de Mbanza Kongo assinalaram os ganhos resultantes da ascensão da cidade a Património Cultural da Humanidade, nos mais variados domínios.
O jovem Pedro Salvador, 22 nos de idade, destacou as obras em curso da construção do novo aeroporto de Mbanza Kongo de dimensão internacional, na localidade do Nkiende II, resultante das recomendações feitas pela UNESCO aquando da sua inscrição.
Alberto Nkuansambu, funcionário público, destacou a requalificação dos sítios históricos, frisando que estes locais estão agora melhor conservados e preservados.
Falou, ainda, do aumento do número de turistas nacionais e estrangeiros que visitam Mbanza Kongo, considerando uma mais-valia para a dinamização do sector do turismo e da hotelaria na localidade.
O interlocutor defendeu maior investimento da classe empresarial privada na construção de unidades hoteleiras e criação de bens e serviços afins em Mbanza Kongo, para se fazer face ao aumento do número de visitantes.
André Masevelua, também munícipe, ressaltou as acções de impacto social que as autoridades governamentais locais têm levado a cabo e que de certo modo estão a melhorar a imagem desta histórica cidade.
Destacou os trabalhos de asfaltagem das principais ruas dos bairros periféricos da cidade de Mbanza Kongo, projectos inseridos no programa das Vias Urbanas e no Plano Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM).
De acordo com o interlocutor, as obras em curso no domínio das vias, para além de facilitar a circulação de automóveis no interior das zonas estão também a conferir maior conforto aos moradores.
Por sua vez, Eduardo Sozinho falou também dos ganhos obtidos nos sectores de energia e águas.
Estimou que quase metade da população de Mbanza Kongo consome energia eléctrica e água potável de forma ininterrupta, afirmando que a maioria das casas da cidade dispõe de chafarizes nos quintais.
“A cidade de Mbanza Kongo mudou muito em relação aos anos anteriores, embora que muito ainda falta por fazer”, ressaltou.
Mbanza Kongo subdivide-se em cinco bairros, nomeadamente Sagrada Esperança, Álvaro Buta, Martins Kidito, 04 de Fevereiro e 11 de Novembro. Conta com uma população estimada em mais de 150 mil habitantes. PMV/JL