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Quase 60% da população do sul de Angola é vulnerável

     Sociedade              
  • Huíla • Sexta, 04 Março de 2022 | 09h53
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José Filipe

Lubango – Uma pesquisa sobre vulnerabilidade social, realizada pelo Centro de Investigação e Desenvolvimento da Educação (CIDE) do ISCED-Huíla, concluiu que 59% da população das províncias da Huíla, do Cunene e do Cuando Cubando é vulnerável.

O estudo, do Programa de Transferências Sociais e Monetárias - “Kwenda” -, foi realizado desde Outubro de 2021 e apresentado quinta-feira, no Lubango (Huíla), revelando que essas pessoas vivem níveis de vulnerabilidade de 33% de risco moderado e apenas oito por cento estão sob risco nulo.

Com cinco meses de duração, a investigação abrangeu os municípios da Humpata, dos Gambos e de Quilengues (Huíla), de Namacunde (Cunene) e do Cuchi (Cuando Cubango), com a finalidade de avaliar as condições de vida das comunidades que serão contemplados pelo “Kwenda”, em curso em algumas regiões do país desde 2018.

A pesquisa teve uma amostra de três mil 792 participantes, dos quais dois mil 273 mulheres, e a metodologia utilizada para a recolha de dados foi o questionário e a entrevista, com abordagem quantitativa e qualitativa.

Os investigadores avaliaram os indicadores de vulnerabilidade social, como  as construções de habitações com instalações sanitárias, acesso à água, condições de subsistência, educação, saúde, suporte e envolvimento social das comunidades.

Relativamente às condições de habitabilidade, os municípios da Humpata, de Namacunde são os que melhores desempenhos apresentam, ao passo que os mais vulneráveis nesse indicador são os do Cuchi e Quilengues, com um risco “severo” devido à falta de instalações sanitárias e de acesso à água.

Nas condições de subsistência o risco é igualmente severo, pois atinge 70% da população nos municípios em avaliação, por contribuírem mais para esse indicador os choques e a posse  de bens. Na educação, 59% das áreas visadas têm um risco moderado, sobretudo os municípios com menos população.

No tocante à saúde, 42% da população apresenta um risco nulo e 12% tem o elevado, sendo que os melhores desempenhos vão para Namacunde, Humpata e Gambos.

Já no suporte e envolvimento social, o risco severo de vulnerabilidade é dominante, atingindo 76% da população, por existir uma fraca contribuição do envolvimento associativo e do suporte institucional e a nível pessoal. Nesse segmento, três em cada 10 pessoas apresentam um risco nulo.

Em declarações à ANGOP, a propósito do estudo, o coordenador do CIDE, gabinete afecto ao Instituto Superior de Ciências da Educação (ISCED), Helder Bahu, disse que, os  termos de referência, a pesquisa vai permitir, no próximo projecto, que está para breve, a elaboração de uma linha final.

Fez saber que se vai olhar para os resultados e perceber qual foi o impacto do “Kwenda” a nível dessas comunidades, se houve alguma mudança, quais os pontos de estrangulamento, com vista a permitir uma correcção e uma adequação da intervenção para outras localidades de forma mais segura e sólida.

“A realidade nesses municípios é preocupante, sobretudo do ponto de vista social, a nível da actividade agrícola, por existirem dificuldades decorrentes da falta de água, sementes, transporte para as deslocações e até mesmo de conhecimentos técnicos para o desenvolvimento da tarefa”, manifestou.

Disse ser um processo que deve ser analisado com alguma prudência, cuidado e com a intervenção de vários actores, no sentido de potenciar as comunidades para que consigam alguma autonomia e com isso reduzir os níveis de vulnerabilidade.

Detalhou que só assim poder-se-á dizer quais serão as acções intersectoriais, mas que não devem ser apenas a nível de alimentos, mas sim cruzar um conjunto diferenciado de instituições para que se possa encontrar as melhores metodologias de abordagem da vulnerabilidade.

Um outro aspecto a ser abordado, segundo o investigador, é estudar as metodologias utilizadas pelas organizações que intervêm nesses lugares, de modo a serem projectos eficazes, porque se conhecem as metodologias fracassadas e que muitas vezes são replicadas.

Para  Helder Bahu, é  possível mudar a situação, mas  há aspectos de natureza macro que merecem um investimento elevado, para depois ramificar as responsabilidades para outros sectores.

Referiu que a pesquisa incidiu numa linha de base de pré-diagnóstico, diagnóstico sobre uma realidade social e partindo do princípio de que as instituições do ensino superior têm a obrigação de elencar, dentro dos seus pilares, a perspectiva de investigação e extensão.

 





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