Lubango – Um estudo da Faculdade de Economia da Universidade Mandume Ya Ndemufayo (UMN) revela que, a nível da província da Huíla, o município do Lubango apresenta a menor incidência de pobreza multidimensional e a Cacula o maior.
Realizado pelo Gabinete de Empresas e Intercâmbio (GEI) da Faculdade de Economia, o estudo avança que 46 por cento dos 931 mil e 703 habitantes da capital da província (Lubango) vive em situação de pobreza multidimensional, enquanto a Cacula regista 98 por cento dos seus 134 mil e 836 habitantes.
Feito mediante um inquérito de campo, por uma equipa composta por finalistas do curso de economia e especialistas do PNUD, de Março de 2019 a Maio de 2020, o estudo indica que os restantes 12 municípios da Huíla apresentam uma situação de pobreza multidimensional numa média de 60%.
Os dados foram revelados hoje, pelo coordenador do GEI da Faculdade de Economia da UMN, da província da Huíla e Namibe, Hernâni Porcel da Silva, durante a apresentação dos resultados do inquérito, sobre o “Papel do Desenvolvimento das Competências Profissionais na Promoção do Emprego em Angola – Estudo de caso na província da Huíla”.
Na ocasião, observou que a situação económica e social da Huíla está afectada pelo crescimento negativo que tem se observado a nível nacional, limitada com a geração de empregos, sendo que o Produto Interno Bruto (PIB) real contraiu de 2,6 por cento em 2016, para 0,1% em 2017 e 1,2 % em 2018.
Além disso, de 2012 a 2016, a seca induzida pelo fenómeno El Niño causou perdas avaliadas em 750 milhões de dólares norte-americanos em seis províncias do sul do país, disse o coordenador.
Precisou que em 2019, cerca de 2,3 milhões de pessoas da província foram afectadas pela seca, observando que a taxa de desemprego da população local, com 15 ou mais anos de idade, afectada é de 28,8, para os homens, e 30.9, para mulheres.
Afirmou que no contexto da crise económica e de impacto da seca na região, o estudo defende que no desenvolvimento das competências profissionais constitui um factor-chave para promover as actividades produtivas em vários sectores e gerar novas oportunidades de rendimento para a população da região sul do país.
Referiu que o objectivo geral do estudo foi investigar a oferta de competências profissionais na província da Huíla, na perspectiva de alcançar e analisar a estrutura de políticas de mercado relacionada com a empregabilidade.
Observou que a pesquisa busca fornecer evidências sobre a procura e oferta de competências lá aonde as pessoas podem obter emprego, além de informar o planeamento, do lado da oferta do mercado do trabalho, para o financiamento, desenvolvimento e criação de competências à altura das necessidades das populações.
Já o decano da Faculdade de Economia, César Reis, sublinhou que o estudo foi feito com objectivo de servir de elo entre a comunidade académica e a empresarial, promovendo a investigação científica, formação e actualização contínua de conhecimentos e competências da classe empresarial.
Reforçou que serve também para a consulta dos governos locais na implementação de programas de impacto social, através do desenvolvimento de projectos que permitam alargar o conhecimento sobre a realidade da região, bem como prestar serviços de consultoria nos domínios empresarial, socioeconómico, formação integrada técnico-profissional, entre outros.
Um relatório do Instituto Nacional de Estatísticas, lançado em Junho deste ano, sobre o índice de pobreza, destaca que esse fenómeno é maior nas províncias do Cuanza Sul, Lunda Sul, Huíla, Huambo, Uíge, Bié, Cunene e Moxico.
Segundo o relatório do INE, na Huíla dez dos 14 municípios têm níveis altos, estando assim distribuídos: Cacula (97%), Chibia (94%), Caconda (90%), Caluquembe (91%), Quilengues (94%), Cuvango (94%), Quipungo (93%), Chicomba (97%), Jamba (94%) e Gambos (96%).