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Luanda volta à calma após actos de vandalismo

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  • Luanda • Segunda, 10 Janeiro de 2022 | 15h55
Autocarro do Centro de Hemodiálise incendiado no distrito do Benfica, em Luanda
Autocarro do Centro de Hemodiálise incendiado no distrito do Benfica, em Luanda
Francisco Miúdo

Luanda – A cidade de Luanda regista, desde as primeiras horas da tarde, ambiente calmo, depois dos actos de vandalismo, protagonizados por supostos membros de associações de taxistas, que iniciaram, esta segunda-feira, uma greve de três dias.

Ao contrário do período da manhã, em que se registou a queima de pneus e vandalização de bens públicos, a circulação rodoviária já é feita com normalidade, em grande parte da capital do país, onde residem mais de sete milhões de habitantes.

O movimento grevista ficou marcado por vários actos de arruaça, que levaram à detenção de pelo menos 17 pessoas, de acordo com a Polícia Nacional.  

O vice-governador de Luanda para o Sector Técnico e Infra-estruturas, Cristino Ndeitunga, manifestou-se surpreendido com o procedimento de três associações, uma vez que sempre houve contactos e diálogo entre o Governo Provincial e os taxistas.

O secretário de Estado para os Transportes Terrestres, Jorge Bengue, considerou grave a situação protagonizada pelos promotores da greve.

Referiu que representantes de três associações foram convidados a participar numa reunião no Governo Provincial de Luanda, com a Comissão Multisectorial para a Prevenção e Combate à Covid-19, mas furtaram-se ao encontro de forma propositada e acertada.

Aconselhou os taxistas a trabalharem, por não haver argumentos para a paralisação, sublinhando que muitos dos proprietários de viaturas de serviço de táxis estão alheios à greve, mas as viaturas são impedidas de trabalhar.

No Kilamba Kiaxi, por exemplo, a situação é pacífica, com poucos táxis a circularem e grande concentração de passageiros nas paragens, situação idêntica a do Golfe 2.

Na Maianga, os taxistas trabalham sem sobressaltos e mantém as rotas, apesar de as paragens continuarem cheias e os táxis estarem com lotação de 100 por cento.

Em Viana, o cenário também é de calma, depois de as paragens registarem grande agitação nas primeiras horas do dia, levando milhares de passageiros, principalmente trabalhadores, a caminharem vários quilómetros a pé até ao centro da cidade.

Dados recolhidos pela ANGOP indicam que pelo menos 23 mil filiados das associações de Taxistas de Luanda (ATL), Nova Aliança e Nacional de Taxistas de Angola (ANATA) aderiram à greve, com duração de três dias.

Esta manhã, vários cidadãos, alegadamente membros das associações de taxistas, atearam fogo a um comité de acção do MPLA, no bairro Benfica, incendiaram um autocarro de um hospital, em plena via pública, e retiraram passageiros que viajavam em viaturas particulares, além de forçarem dezenas de taxistas discordantes a aderirem à greve.

No meio da arruaça, que levou à interrupção do trânsito automóvel em algumas artérias da cidade, uma equipa de jornalistas do canal televisivo "Palanca TV" sofreu agressões físicas.

O presidente da ATL, Manuel Faustino, descartou a participação de membros da associação nas arruaças registadas na periferia da província de Luanda.

Por sua vez, o representante da Cooperativa de Taxistas e Motociclistas, Alberta Freitas, aconselhou os seus associados a não aderirem à greve e a enveredarem pelo diálogo.

Por seu lado, o presidente da Amotrang, Bento Rafael, disse que, em Cacuaco, os motoqueiros estavam a ser atacados para não trabalharem, mas não foram contactados e nem por solidariedade fariam parte deste movimento.  

De igual modo, o responsável da Associação dos Lotadores de Táxis de Angola, Alberto Neto, afirmou que a paralisação não vai ajudar a classe nem a população, apontando o diálogo como a melhor maneira de resolver a situação.

Em declarações à ANGOP, o presidente da ANATA, Rafael Inácio, confirmou a paralisação e afirmou que a decisão saiu de uma sessão extraordinária dos líderes das associações, que resultou na elaboração de um caderno reivindicativo de sete pontos.

Em concreto, os taxistas reclamam, entre outras coisas, uma alegada “extorsão, pelas forças de defesa e segurança”, a não profissionalização da actividade de táxi, a falta de carteira profissional, a “exclusão dos taxistas nas políticas do Executivo”, o mau estado das vias e a falta de iluminação na via pública.

As reclamações constam de um caderno de nove pontos, entre os quais um referente ao aumento da taxa de ocupação dos táxis, de 50 para 100 por cento, medida já autorizada pelo Governo, para se dar resposta à demanda da população.





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